terça-feira, 29 de novembro de 2011

10 anos sem George

Há 10 anos, 29 de novembro de 2001, falecia George Harrison. Não é necessário dizer mais sobre ele do que já diz o legado de sua música.
George, apaixonado por automobilismo, foi o primeiro beatle a vir ao Brasil, em 1979, justamente para acompanhar o GP do Brasil de F1, em Interlagos. Na ocasião, o guitarrista gravou uma entrevista em que falou dos Beatles, da carreira solo e sobre envelhecer. É este o vídeo que vai para marcar a data.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

GP DO BRASIL

Falando de F1.
Assisti a corrida lá na chácara em uma TV com imagens cheias de pontinhos que iam se destacando na medida em que abria latinhas.
Algumas impressões: o problema do Vettel só existiu na cabeça de algum roteirista sem imaginação. Estava na cara que iam deixar o Uéber ganhar e ficar um mísero ponto à frente da prima dona no resultado final do campeonato. Não vale nada, mas, o Afonsinho merecia estar na frente do Mark. Bruno sobrinho incorporou o massa e deu uma pimba no shushu. Deveria ter deixado o lemão passar e ir cuidar da vida. Por falar nisso, o massa não tem ido participar das corridas. Ficou em quinto.
Espero que o rubim esteja no grid, como piloto, no ano que vem. Este é um cara verdadeiramente otimista. Sempre diz que o amanhã será melhor. Tá certo que exagera quando fala que vai disputar o título. Mas, como diria o super herói “para a frente e avante”. A fala não é bem essa. O que importa é o recado.

MUDANÇAS

Bom.
Daqui até o final de dezembro teremos a transição de 2011 para 2012.
Como já dito não muda nada, em realidade. Eu acrescentaria que só muda se mudarmos.
As equipes de F1 mudam os carros, construindo novos bólidos. A tentativa é buscar a gostosa da glória e nem sempre a mudança atinge o objetivo (que é positivo. Não resisti. Esse é um bordão meu).
A impressão que temos é que os carros continuam os mesmos. Aparentemente nada muda. A não ser que o regulamento obrigue algumas mudanças como as asas atuais que tornaram os carros horríveis.
Assim pode ser a nossa mudança interior para o ano que entra.
Por fora seremos os mesmos. Por dentro melhores.
Acabei de reler e achei que ficou um post meio que de auto ajuda.
Vai assim mesmo.

domingo, 27 de novembro de 2011

Pontos finais

Chega ao fim a temporada 2011 da Fórmula-1. O ano já vai terminando e aquele sentimento de nostalgia vem vindo também.
A temporada foi bastante atípica. É muito raro ver um domínio como o imposto por Sebastian Vettel em 2011, ao mesmo tempo em que as corridas foram boas e emocionantes em sua maior parte. É muito raro ver um piloto como Lewis Hamilton ser superado pelo companheiro de equipe. Ao longo da última década, tornou-se raro ver a Ferrari ser tão pouco competitiva, ao mesmo tempo em que se tornou tão raro - ou mesmo impensável - ver Michael Schumacher engolido por seu parceiro como aconteceu nos dois últimos anos.
Tivemos altos muito altos, como as corridas de Mônaco, Canadá, Monza e outras. Tivemos baixos muito baixos, como as encrencas entre Hamilton e Massa, o absurdo de ver um piloto como Barrichello ter que levar dinheiro para alguma equipe para ter um lugar para correr, além da briga do Sutil no bar (!).
Foi um ano de quebras de recordes, recordes raros de serem quebrados, como as poles de Nigel Mansell e mais um marco da precocidade do menino Kid - com o perdão da redundância.
Interessante perceber que a temporada foi tão atípica dentro das pistas quanto fora delas. A equipe do F-1 Literária teve um ano bastante estranho. A começar pelo começo: tradicionalmente, toda a redação do blog se reúne para assistir junto a primeira prova do campeonato. Este ano, isso não ocorreu, e este modesto blogueiro sequer assistiu a corrida por conta de uma reunião importante que a MC talvez lembre bem.
Se deixar de ver uma corrida sempre foi considerado um absurdo, este ano perdemos mais de uma, além de várias largadas. E nem pareceu tão ultrajante quanto em outros tempos. No entanto, tivemos vergonha em não cumprir o dever e fingimos na conferência telefônica pós-corrida que havíamos visto a prova, sem, na verdade, ter acompanhado uma volta.
Em algumas oportunidades, desfrutamos volta a volta; em outras, desejamos profundamente que tudo acabasse logo por razões diversas, mas, principalmente, para podermos voltar a dormir.
Se, nas pistas, houve muitos altos e baixos, por aqui também tivemos momentos de grande deleite e momentos da mais absurda fossa. Coisas muito raras aconteceram, tanto lá em cima, quanto lá embaixo.
Notícias incomuns de filhas que viram mães, mães que viram avós, irmãos que viram tios e a certeza, no meio de tudo, que o mundo continua girando, girando, e temos que nos apressar para acompanhá-lo.
Termina a temporada, vai terminando o ano, vai terminando o prazo para os pontos finais. E, se querem saber, ver 2011 chegando ao fim é um alívio. Fim de ano é corrido, trabalha-se muito e as forças já faltam, mas a perspectiva de trocar "11" por "12" nos anima, como se a mudança do numeral, automaticamente, fosse uma mudança em nossas vidas.
O negócio agora é aproveitar a pré-temporada para recarregar as baterias que ainda não arriaram, testar todos os tipos de pneus e fazer o possível para que, aos 18 de março de 2012 - data da abertura do campeonato de F-1, na Austrália -, estejamos renovados e prontos para mais domingos de chuva, de sol e de sonhos, sejam eles da padaria ou de nossos corações.

Sei...


O problema no câmbio do Vettel ficou mais estranho que este bigode à lá Mansell. De qualquer modo, foi bom ver o Webber de volta ao lugar mais alto do pódium. E bom também que o vice tenha ficado com Button.

Impromptus

Mais um GP do Brasil, mais uma corrida em Interlagos, mais uma vez não se sabe se chove, se não chove, mais uma vez o público está lá e os pilotos acenam empunhando uma bandeira brasileira.Há tempos, nenhum representante do F-1 Literária comparece ao autódromo em dia de F-1. Este ano, papai e mamãe estão na chácara. Nós estamos aqui, na mesa nova, de frente para a televisão, ouvindo pela janela o som que vem do apartamento de algum vizinho que toca, agora, uma coletânea do Queen.
A Mariana Becker nos mostra o simulador da Red Bull, o Nelson Piquet nos mostra a bandeira do Vasco. Em cima da mesa, café e chocolates.
Adoro quando mostram a pista por cima e dá para ver o traçado antigo, que está todinho lá e é tão espetacular. A curva 1, que punha um medo danado no Niki Lauda, o antigo Laranja, que não tinha diminutivo, o Sol, em que se vinha de lado e se separava os meninos dos homens.
Os carros alinham e já é fim de novembro! No meu tempo, a F-1 não passava de outubro de jeito nenhum.Vamos nós de novo, rumo ao fim da temporada, ao fim de ano e seus pontos finais.

Presença


Foto: TotalRace
A imagem acima retrata a última vez que Ayrton Senna correu em Interlagos, no já longínquo ano de 1994.
Seu sobrinho com mesmo sobrenome marca presença neste fim de semana, 17 anos após a última participação do tio, com um excelente 9º lugar no grid de largada. No entanto, não é só no nome e na cor do capacete de Bruno Senna que o velho Ayrton está presente no autódromo paulistano.
Sem dúvida, na memória dos torcedores, ainda daqueles que nem sabem direito o que significou o nome Ayrton Senna além da musiquinha da Globo, o piloto vai estar lá, conduzindo sua McLaren capenga à linha de chegada.
Mas tem mais: dois importantes pilotos vão carregar suas lembranças para dentro da pista. Um deles, Rubens Barrichello, que desfrutou da companhia de Ayrton dentro das pistas e já o homenageou da mesma forma no ano seguinte ao da morte do ídolo. Barrichello irá correr com uma pintura alusiva a Senna no capacete.


Foto: Divulgada via Twitter.
É até esperado que um brasileiro que conviveu com Senna homenageie o ídolo em sua corrida de casa. Pode ser surpreendente, por outro lado, que um piloto inglês, que apenas viu Senna na pista enquanto era garoto e que, hoje, é rival quase desafeto de um outro piloto brasileiro lembre de Ayrton. Lewis Hamilton também resolveu prestar seu tributo.
Tomara que amanhã a lembrança fique não só na pintura do casco, mas também no arrojo e estilo, sob chuva ou sol.

Foto: globo.com

sábado, 26 de novembro de 2011

Oh!

Terminado o treino de hoje, com a fantástica pole-position do Kid, acompanhado de não tão longe por Mark Webber e uma chuva de granizo que caia pra todo lado em São Paulo - inclusive aqui na monumental sede do F-1 Literária -, menos na região do autódromo, viemos ler o que tinha para ser lido em termos de e-mails, notícias e afins no computador.
Recebemos da ilustríssima amiga e habitante dos confins de Guarulhos Juliana Miashiro a tirinha, que, realmente, não é poema, mas tem poesia, que segue:


O Vettel diria "fantastisch". E nos parece incrível o paralelismo com a canção do Rush - de quem a Juliana também gosta - que vale ser ouvida:

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

20 anos

No dia 24 de novembro de 1991, falecia o strictíssimo sensu Farrokh Bulsara. Eu era menino e fiquei impressionado com o tributo que fizeram para o indivíduo. A partir dali, fiquei fã da banda dele e não há um momento da minha até aqui curta existência que não tenha sido marcado por, pelo menos, uma canção de Sua Majestade.
Quebrando o protocolo, abaixo vão duas canções que estão entre as favoritas. As duas são das antigas, executadas em shows das antigas. A primeira, White Queen, do álbum Queen II, de 1974; a segunda, do lendário A night at the opera, 1975. Não pude decidir qual era melhor, então vão as duas.





Só para anotar uma curiosidade, o Farrokh Bulsara resolveu adotar o nome artístico "Mercury" depois que escreveu uma fantástica canção chamada My fairy king (que vale a pena ser ouvida aqui), em que havia um trecho assim: "Mother Mercury, look what they've done to me/ I cannot run, I cannot hide". Justificou-se dizendo: "mother Mercury é minha mãe, então eu tenho que me chamar Mercury também". E assim foi.
Ah, sim, a mãe de verdade se chamava Jer Bulsara.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

MÚSICA

Faltou a música.
Claro que Happy Xmas do Lennon. Mas, com The Coors.
O youtube anda arisco e não deixou incorporar. Vale a pena copiar o endereço.

http://youtu.be/2B-AX9ZZKpM

ENTÃO É NATAL

Houve uma época em que acreditava em Papai Noel.
Houve uma época em que acreditava em cegonha.
Houve uma época em que acreditava no desprendimento das pessoas.
Houve uma época em que acreditava que os homens se entenderiam com uma conversa.
O Natal sempre é uma época especial.
Quando criança era época de rever os primos que saíam de Rib’s e passavam as festas em Sampa.
O tempo passou, os primos cresceram e seguiram a vida.
Mas, descobri que existe um espírito natalino que, em verdade, age o ano inteiro.
Basta acreditar que temos a capacidade em fazer um pedido tão forte que o astral ouça e atenda.
Eu acreditei e fui atendido.
E, na época de Natal colocamos as luzes lá fora em sinal de agradecimento e como um farol a guiar Papai Noel caso ele queira aparecer para bater um papo.







Vale o post

O conselho editorial do F-1 Literária se reuniu há um tempo atrás e concluiu que sim, esta foto vale um post. Não sei a data, a ocasião e nem o local. Acho que tirei a imagem do F-1 Nostalgia, que é muito legal.
Vejam que há 5 títulos mundiais de F-1 nesta imagem do menino Damon empurrando, com o pai Graham, o "tio" Jim ladeira abaixo.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mais flores

Em meio às dúvidas aduzidas logo abaixo a respeito da permanência ou não de Rubens Barrichello na F-1, a notícia de um retorno improvável nos surpreendeu: o veterano Pedro de la Rosa volta à categoria pela Hispania.
Esperamos que esta sobrevida não termine assim. (o vídeo não foi incorporado aqui porque não deixaram)

Retirada?

Há tempos não escrevemos sobre Rubens Barrichello. Nem consigo lembrar qual foi a última vez.
Talvez não exista palavra mais apropriada para iniciar, nesta semana do GP do Brasil, último de 2011 e, quem sabe, último da carreira de Rubens, que farewell. Adoro esta palavra, farewell, cuja sonoridade é tão melancólica quanto o significado. Dizer farewell parece dizer muito mais que adeus, tchau, ciao, bye, auf Wiedersehen, auf Wiederhören, tchüs, ou seja lá o que for.
Farewell parece mais do que uma despedida inevitável ou provisória. Parece carregar a sapiência da despedida daqueles que sabem, precisamente, o momento de se retirar.
Barrichello teve uma carreira de sucesso na F-1, apesar de não ter conquistado o título mundial. Venceu corridas maravilhosas, como aquela em Hockenheimring, em 2000, a de Silverstone, em 2003 e, mais recentemente, Valência, 2009. O que mais se pode cobrar de um sujeito que é o recordista de participações em GPs, o sétimo maior pontuador da história - embora tenha feito a maior parte de sua carreira em carros que não lhe davam a oportunidade de brigar o tempo todo por pontos?
O que podemos acusar Barrichello é de ter estado no lugar errado na hora errada, no lugar certo na hora errada, na lugar semi-certo na hora péssima.... enfim, de ter perdido, em algumas ocasiões, o timing da carreira.
É sempre possível, após perder o timing de tudo na vida - o que não é exatamente o caso do piloto brasileiro -, acertar o momento de dizer farewell em vez de desaparecer no escuro. Só existe um cara, todavia, que pode saber a hora certa da despedida. A única alternativa é perguntar a ele. E aí, Rubens, você nos diz: hora de se retirar?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Ambiguidade

Hoje, houve por aqui um almoço inesperadamente agradável quase na hora da janta. Duas músicas foram lembradas por mim e minha companhia: a primeira, esta aqui; a segunda, que tem inescrupulosamente habitado nossa cabeça nas últimas semanas, vai abaixo.
As ambiguidades são indesejáveis quando se procura objetividade, mas podem trazer muita beleza aos textos e canções. É este o caso. Jorjão sabia tudo de ambiguidade.


PONTO DE VISTA

Este post não tem nada de idéias a serem lançadas de acordo com meu ponto de vista.
Trata-se de um vídeo do Lucas di Grassi em uma pista de corridas onde já brilhei muito.
Claro, no simulador GP-4.
A pista é Barcelona. A câmera está colocada no capacete do piloto. Reparem no barulho quando ele reduz marchas.
Sei que não é inédita mas achei legal a lembrança das minhas corridas no simulador.
O chefe do blog comprou um simulador de 2010 e até agora não conseguimos com que ele rode neste computador.
É nossa próxima missão impossível....

sábado, 19 de novembro de 2011

Baita som

Por falar em som.
Brincadeira o que se pode fazer com um motorzão e um computador.

SOM

Para os aficcionados pelo som dos F1 e as chuvas que separam os meninos dos homens.
Apesar de ser um treino, belas imagens.
O Tyrrel 008 era assim:



Vejam o Patrick Depailler saindo dos boxes em Montreal no Canadá e dando uma volta debaixo de chuva. Nem importa a data e coisas assim. Aumentem o som:

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

PARA-RAIO

Por falar em massa: ele virou para-raio. É a mola do mala do rubim, o Hamilton, olhar secador da prima dona, má vontade da equipe, boatos de saída para ontem e etc.
Agora, um pedaço do carro do nosso eleito sem noção o Pastor (de ovelhas) Domaudanado. Que por sinal é companheiro do rubim.
Mas, dos males o menor. Ele apenas incorporou mais um penduricalho em seu bólido.
Nada que prejudicasse sua apagada atuação.

ALIVIANDO PESO

Neste vídeo vemos o nosso shushu aliviando peso do carro descartando a câmera.
Pelo que entendi estava no bico do carro que bateu naquele mamífero listado que adora sacanear o massa.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

TEMPESTADES

Acabei de ler/ver o post do chefe do blog, que por sinal está sentado quase ao meu lado.
As manifestações da natureza em forma de tempestades me fascinam.
Desde meus tempos de Curitiba e suas chuvas de verão, mistura de água e granizo a machucar as costas dos moleques que corriam para a rua Henrique Itiberê da Cunha sempre a encher de água para nossa alegria e desespero das mães, uma vez que não é muito higiênico brincar em água empoçada por entupimento de bueiros.
Gosto de assistir uma tempestade desde seu início com a formação das nuvens a assustar os medrosos.
Sim, convivo com gente, como diria o Faustão no particular e no profissional, que se desespera ao menor sinal de chuva.
Enfim, uma tempestade é um belo espetáculo.
No começo, os pássaros vão abrigar-se em lugar seguro. Alguns, querendo aparecer para seus compadres, voam em meio ao vento. Sei lá o que pensam da vida.
Mas, nada como o flash dos raios seguidos dos trovões e o magnífico stéreo que mamã natureza proporciona.
Se orquestra fosse este seria o início tipicamente rockeiro de uma tempestade.
Após, vem a chuva propriamente dita como uma apoteose de violinos.
Como dizem hoje, se a chuva for “tensa” vamos ter alagamentos e as mesmas reportagens na TV a repetir-se ano após ano.
Prefiro ficar com a atração que a chuva exerce sobre mim. Mesmo porque, vejam a foto do sol se pondo ao fim de uma chuvarada, após a tempestade vem a bonança.
É batido mas verdadeiro.

Alívio


Nos últimos meses, acompanhamos com interesse as angústias do menino Lewis Hamilton, que esteve muito, muito, triste e sob muita pressão.
O destaque do domingo automobilístico foi a volta do sorriso aos lábios de Lewis, coisa que não víamos há tempos. A vitória impecável no GP de Abu Dhabi, que tirou um peso enorme das costas do inglês, foi dedicada à sua querida mamãe que esteve nos Emirados e deve ter ficado felizona com a dedicatória ao vivo em rede mundial.
Torcíamos, ontem, por Vettel e a suspensão quebrada logo na primeira curva foi frustrante. No entanto, na linha do que já dizíamos no sábado, uma vitória de Hamilton não seria desagradável. Na verdade, vê-lo vencer de novo e sorrir de novo foi um alívio. É como se, sorrindo Lewis, sorriríamos nós também. Eis a beleza do esporte.

Raining deep in heaven

Tem chovido um bocado neste feriado.

sábado, 12 de novembro de 2011

VERDADEIRO SEM NOÇÃO

Pastor Maldonado.
Adoramos chamá-lo de Maudanado.
Pastor.
Ele é venezuelano e corre pela Williams com o apoio do governo de seu país.
Independente de sua equipe ter batido no fundo do poço e atolado no lodo não tem mostrado grandes coisas.
Nessas andanças pela infernal internet achei esse vídeo.
A corrida é pela fórmula Renault e não sei em que país aconteceu a corrida e o ano parece ser 2001. A narração lembra a língua falada em Marte, o martenês.
Sei que não é jornalístico mas, tentei pesquisar as informações e nada consegui.
Enfim, muita gente, aqui em nossa mansão inclusive, diz ser o Hamilton o sem noção.
Vejam o vídeo e confiram nosso Pastor.
Bandeira vermelha sendo agitada, ou seja, corrida parada e o verdadeiro sem noção vem em alta velocidade, acerta um carro danificado na pista, bate em outro parado fora da pista, espalha fiscais geral e por muito pouco não provoca uma tragédia maior.
Não sei o que se passava na cabeça do maudanado.
Pode ser pressa em ir ao banheiro.
De qualquer sorte, espero que a Williams continue no lodo.
Se esse cara começa a andar na frente teremos três motivos para apostar em acidentes.
Hamilton, Massa e o verdadeiro sem noção: Pastor Maldonado.

SEIS RODAS

Sempre gostei do som dos motores da F1.
Infelizmente os locutores adoram ouvir a própria voz e despejam abobrinhas quando deveriam, em algumas oportunidades, deixar o som do carro tomar conta da transmissão.
Esta série de filminhos postados na infernal internet traz algumas coisas interessantes uma vez que as filmagens são realizadas com câmeras dentro do carro. Algumas, como essa, inusitadas.
Reparem que o glorioso (e horrível) Tyrrel P34 era assim.




Agora no vídeo vemos que tiraram a proteção que envolve o piloto para a filmagem.
Ficou legal.
Dá para ver a barra de direção e o piloto parece estar num kart “tunado”.

TUDO COMO DANTES

Este vídeo foi feito no primeiro treino do dia, que não valia a classificação, lá em Bubu Dadá.
Repito: não valia nada.
Mas, vejam que Hamilton e o Shushu trançaram bigodes na pista.
E, o Dick foi Vigarista. Não tirou o pé, diga-se que Hamilton também não, e preferiu usar o acostamento para burlar as regras.
Saiu na frente do piloto inglês e nem sei se seria punido em situação de corrida.
Mas, achei engraçada a situação pela teimosia dos pilotos lembrando que a rainha da mansão sempre fala que o Hamilton é filhote do Shushu, ou seja, um mini vigarista.


PROCURANDO O DEFEITO

Muito se fala na assepsia da F1 moderna. Os boxes mais parecem um centro cirúrgico. Tudo muito limpinho e todos de olho nas câmeras que podem pegar alguém jogando papel de bala no chão.
Nada parecido com o passado. Copiei esta imagem da infernal internet. Uma verdadeira porta de boteco. A legenda diz que é o boxe da Ferrari em Monza em 1971. Pouco provável. Mas, o ambiente era mais ou menos esse ai. Vejam o motor jogado perto da entrada dos boxes.



Hoje em dia mesmo com todo o aparato moderno, medições em zilimetros, aplicativos computadorizados para todos os lados, ainda cabe uma lanterninha à procura do problema que causa lentidão no carro.
O carro é do Boêmio.

Pode, sim!

A menina Vanessa expressou sua dúvida a respeito da aplicabilidade do verbo "torcer" às corridas de carrinho. Uma vez informada que não há qualquer impropriedade técnica nisso, ela concluiu que torceria para o Hamilton por ser ele sem noção.
Bom, cada um tem suas razões para escolher a torcida. Hoje, como ao longo do ano, torci para Vettel, o Kid, embora não fosse me desagradar ver Hamilton com a pole.
Kid agora iguala o recorde de Nigel Mansell, mas, claro, sem o mesmo aproveitamento do Leão. Mansell, em 1992, fez 14 poles em 16 corridas, enquanto Vettel tem 14 em 18. Vai ter, ainda, a classificação no Brasil de lambuja para superar o recorde.
Seria bom Hamilton largar na frente para ver se o menino fica alegre de novo. Não foi desta vez, mas amanhã é domingo e não sábado. Sabe-se lá o que vai acontecer e Lewis pode chegar em segundo, terceiro, na frente ou atrás de Button, pode bater de novo com o Massa, pode ser punido pela centésima vez no ano, pode quebrar ou estampar um muro. Ou pode vencer.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

TREINO

Hoje é dia 11/11/11 e muita gente dizia que o mundo iria acabar.
Não acabou. Se acabou, não fui avisado.
Tivemos lá em Bubu Dadá um dos treinos que não valem nada para o GP do próximo fim de semana. Essa corrida é esquisita porque começa com a luz do dia e termina com luz artificial. Tudo para contentar os telespectadores europeus.
Aqui em terra tupiniquim a corrida começa onze de la matina, prejudicando os telespectadores que vão para a famosa chácara da cunhada com horário marcado.
No primeiro vídeo vemos que o Vetor veio devagar, devagar, mas, deu uma encostada na barreira de proteção. Muita gente saiu neste ponto uma vez que não há prejuízo algum. Parte do acostamento é continuação da pista.
Todos sabem que sou contra essa benesse. Se o cara sai da pista algum prejuízo deve ter.
Em sequência, vemos a prima dona alfonsina indo pelo mesmo caminho. No seu caso, bateu de traseira e aparentemente quebrou a suspensão traseira.
Mostrou agilidade em pular o muro do vizinho.
Agora o terceiro vídeo é muito legal.
Vemos o vetor em close na hora do “encosto”. Dá para notar que ele olha para o lado pensando “sai muro, sai muro.”
O muro não saiu....





quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Veja só

Na busca pelo outro videozinho que ilustra o post abaixo pelos confins obscuros do mundo cibernético, encontrei esta coisinha aqui. Eu sou fã do Häkkinen, gosto do tributo e fico emocionado, mas esses caras foram além.
Aparentemente, após o primeiro título do finlandês, lançaram um CD que foi distribuído para o pessoal do fã-clube contendo esta cançãozinha, com direito a uma referência em alemão ao Sapateiro. Terrivelmente fantastisch! E tem também uma menção maldosa ao Damon Hill que parece provocação entre são paulinos e corinthianos e vice-versa.


Eis a letra:

Speeding around that endless ring
twenty odd cars go piping hot
The drivers are chasing but one thing
Each one giving his very best shot

Two hundred k an hour they fly
Tyres glued to the flaming track
It's a tooth for a tooth, an eye for an eye
If you get the lead, then you don't look back

Here he comes! Mika Mika Häkkinen!
This is the day of white and blue!
Donnerwetter Schumacher!
You have got us all wrong! We don't mean you

Who is the lawn mowing fella?
Could be mister Fisichella!
Or then he must be Damon Hill
Oh no! He's the one who's standing still

Mika goes to the pit to get more gas
He's got it now. We know he has
Out of the bend and down with the pedal!
He's gonna win the golden medal!

Bliss

Este clipe que vai abaixo está no computador há uns dez anos. Gosto muito do piloto objeto da homenagem, o glorioso Mika Häkkinen, sujeito que admiro como piloto e como gente.
Nunca encontrei este vídeo no YouTube e nem em mais lugar nenhum. E não vou colocar no YouTube agora porque os caras lá são maus e cancelam a musiquinha porque eu não pago direitos autorais.
Acho que quem escolheu as imagens é meio ferrarista, pois há uma série de batidas e rodadas do finlandês, mas a combinação com a música é perfeita. Termina de forma épica, com o memorável abraço de Coulthard em Häkkinen após o GP do Japão de 1998, quando o Mika conquistou seu primeiro título mundial.
A primeira porrada que aparece é dos treinos para o GP da Austrália de 1995, que deixou o piloto em coma e que bem poderia ter sido o ponto final da sua carreira. Meu comentário é: espero que minha cabeça nunca chacoalhe daquele jeito.


NIVER MC

Neste sábado, 12 de novembro, o chefe do blog irá a uma festa de aniversário de alguém que se tornou uma espécie de colaboradora por intermédio de seus comentários.
Portanto, pelo menos o treino classificatório da F1 lá em Bubu Dadá deverá ser assistido individualmente pelos tecladistas oficiais deste cantinho.
O aniversario é da MC, Maria Cláudia, que estudou com o Renato e não perdeu o contato participando de sua jornada estudantil e profissional em Sampa.
Não a conheço pessoalmente uma vez que a formatura não conta.
Mas, fico feliz com a sua participação no blog e espero que continuemos com esse contato “internético”.
Lógico que a música em homenagem tinha que ser dos Beatles.
Feliz aniversário para você, Maria Claudia.

NO CLIMA

Nos últimos tempos o blog anda meio que sombrio.
Então, no clima, temos essa andorinha pensativa olhando a paisagem em uma dessas manhãs em que certamente não desejava sair da cama. Ou do ninho.
Porém, desconfio que era apenas uma ressaca porque na sequência deu uma olhadinha para o lado e voou em busca de sossego.

Amanhã é quinta

O blog está mais coberto de negatividade do que Lewis Hamilton. Então, é hora de ir up the crapper com essa musiquinha para que a quinta comece melhor do que a quarta-feira.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Down the crapper

Ouvi de uma amiga minha, ontem, que escrevo melhor quando estou para baixo. Esse fato me fez lembrar de um tempo em que achava que seria melhor ficar triste e agoniado se isso fosse render bons textos. Pensava que só era mesmo possível escrever bem se você fosse triste, sozinho e autodestrutivo. No fim, eu descobri que não posso escrever bem e não quero ficar triste, sozinho e me autodestruir. Lá no fundo, tudo o que eu queria era ler na caixa de e-mail ou no celular: "8h30 em Santana?" Aí eu não seria nem triste, nem sozinho e estaria consciente de que a qualidade dos textos não é assim tão importante.
Mas isso não existe, então fui conferir o que uma outra amiga minha tinha a dizer sobre técnicas pitorescas para distrair a depressão. Gostei, particularmente, da lista de musiquinhas para levantar o astral.
É notório, no entanto, que nem sempre procuramos musiquinhas para ficarmos mais alegres. Às vezes, é bom ouvir a coisa mais deprimente, chorar tudo o que tem que ser chorado e constatar, ao final: "tá vendo? Não sou só eu. O cara que escreveu esta música também...".
Resolvi, então, elaborar o top five das músicas para ficar pior - lembrando que chorar pode ser um grande alívio. Lembrando, também, que estas listas mudam de dia para dia. Hoje, é esta, com estes assuntos.
Vamos lá:

5) Reflections of my life - The Marmalade
Ouvi pela primeira vez no final de um documentário sobre um filme da década de 70. Tenho até hoje o papelzinho em que anotei, no escuro do quarto, o nome da música para ouvir no outro dia. E eu mudaria um verso da letra.




4) Yer blues - The Beatles
"Don't know the reason why".




3) Disappear - Dream Theater
Há alguns meses atrás, me forcei a aprender esta música em uma versão para violão. Tortura em duplo sentido. É impossível tocar esta música só no violão.



2) My melancholy blues - Queen
Gosto desta, especialmente.




1) One - Three dog night.
A número 1 não poderia ser outra.


Terças

Se os finais de quintas-feiras podem excepcionais, os fins das terças não deixam nada inteiro e sobra muito pouco de um dia pesado.
De um jeito ou de outro, uma terça-feira a menos na vida.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Viajante

Há aproximadamente dez anos, iniciávamos a saga sem fim das viagens entre Ribeirão Preto e São Paulo, depois São Paulo a Ribeirão Preto. Se contarmos as férias na Zona Norte - tempos em que só conhecíamos a Zona Norte -, dá para dizer que é uma vida inteira de idas e vindas.
Não viajava de domingo à noite fazia um tempinho. É interessante a estrada escura, as luzes que vêm e vão, as estrelas, a lua que ilumina as plantações às margens da pista, o luminoso que conta os anos do Clube Esperia, que é tão mais velho que eu.
Dentro do ônibus, a concentração que não vem para ajudar na leitura de um livro qualquer, o som no fone de ouvido, os pensamentos que voam pela janela ao encontro de um morto dublinense.
De tanto ir e voltar, estou ficando cansado.


domingo, 6 de novembro de 2011

Conversa de velório

Um dia muito quente. Vamos entrando no recinto e vão surgindo rostos de que já não nos lembramos ou que nunca conhecemos.
Eles se cumprimentam, nos cumprimentam, e passam.
São tantas pessoas. Qual a relação entre todas elas? Elas têm alguma relação? Qual a relação delas comigo?
Há muito tempo não a visitava. Há uns dez anos, visitava toda semana, religiosamente. Nos últimos anos, no entanto, desde que minha avó mudou de lá, pouco visitei. Aquela casa...

_ Nossa, como você está... diferente
_ Ah, sim, sim.
_ Quando te vi a última vez - provavelmente em algum outro velório - você era tão... pequeno.

Aquela casa era tão bonita, mas ao mesmo tempo tão vazia. Ainda que vazia, não era triste, porque estavam sempre ali pessoas que visitavam com tanto gosto. E havia tantas fotos também, todos os possíveis filhos, sobrinhos, netos, todos tinham um lugarzinho no mural. E todos tinham um lugarzinho em suas vidas para visitar...

_ Deve ser caro um velório aqui.
_Hum?
_Desde que inauguraram esta parte nova. O outro lá ninguém quer mais. Tá vendo? Tem até quartos se as pessoas quiserem dormir.

Teve uma ocasião que passei uma semana - ou talvez menos, uns dois ou três dias - entre o Natal e o Ano Novo naquela casa. Tinha ganhado um modelo, um Constelation, que avião lindo. Viajava para a Europa guiado por astrolábio, um cara ia olhando o céu através de uma corcunda na fuselagem. Montei o modelo naqueles dias que passei na casa. Minha avó ainda morava lá. Ficou todo sujo, manchado por causa do jornal que usava para forrar a mesa...

_ Ane.
_ Hã?
_ O nome da mãe daquela moça é Ane.
_ Hum, entendi.
_ Então, o cara era barrigudinho, mas muito bom de bola. Tomamos um cacete...

Ficava impressionado com o tamanho da casa e ela ali, meio sozinha. Tão sozinha e, ao mesmo tempo, tão animada, como se a casa fosse uma espécie de santuário, cheio de lembranças que não a deixavam só. E tinha sempre visita - quando eu visitava, sempre tinha gente a visitar. Eu lembro daquela moça. A última vez que a vi, ela não me reconheceu, como agora.
E tinha um jardim nos fundos. Para chegar até ele, era preciso subir uma escada. Atravessava-se a cozinha, tomava-se a porta à esquerda. À direita da porta, ficava a escada. Subia-se, ia-se em frente, passava-se pela área de serviço e um misterioso quartinho - que só abrigava produtos de limpeza -, e chegava-se ao jardim, com grama bem aparada, vistosas roseiras e coqueiros lá no fundo. Muitas vezes, me perguntei há quanto tempo ela não via aquele jardim e como era possível que ele continuasse tão bonito. Há quanto tempo ela não podia subir as escadas? Ah, muitos anos, muitos anos. Há dez anos, quando visitava semanalmente, já não era possível para ela...

_ Sua namorada é alta ou é baixa?
_ Não, não estou namorando ninguém.
_ Como não?
_ Não, não estou.
_ Ah, mas você precisa arrumar uma namorada. Quanto mais velho você for ficando, vai ser pior, vai ficando mais difícil e...

Eu chegava a me impressionar com a ideia de alguém não poder visitar certa região da própria casa. Como seria? Não seria triste? Eu acho que seria triste. Mas, ao mesmo tempo, a lembrança daquela mulher ali, sentada, com seu crochê e o sorriso fácil, faz parecer que era a coisa mais natural do mundo. Não fazia falta a vista daquele jardim? Será que alguém a levou lá alguma outra vez? Será que as lembranças bastavam? Se eu tivesse visitado mais, talvez soubesse as respostas.
Nunca vou saber. Vou, entretanto, ter sempre a lembrança da serenidade e o sorriso fácil daquela mulher que, sentada com seu crochê, lidou com tudo sem nunca, nunca, lamentar não poder ir até o próprio jardim e, com o sorriso fácil, preencheu todo vazio daquela casa grande.

sábado, 5 de novembro de 2011

Guaxinim cansado

Queria escrever algo sobre cansaço e exaustão, mas - ironia - estou muito cansado. Então, deixemos aqui o trabalho já pronto:



E esse aqui também:

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Graça

Em uma certa ocasião, Graciliano Ramos, um dos meus heróis literários, disse que a "palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro; a palavra foi feita para dizer".
É interessante notar que, a despeito de muito ter marcado minha vida - depois de ter sido eu tantas vezes Luís da Silva -, é provável que o grande romancista alagoano detestasse todas as besteiras por aqui escritas, já que escrevemos, geralmente, nem para dizer, nem para enfeitar.
Woody Allen, um dos meus heróis cinematográficos, recriou, em seu fantástico Meia noite em Paris, Ernest Hemingway e colocou na boca de seu personagem palavras que poderiam ser ditas pelo escritor em sua vida real. O Hemingway recriado faz observações interessantíssimas sobre a relação entre medo da morte, o amor e uma grande mulher - observações essas que viemos a descobrir serem profundamente verdadeiras.
Além das grandes mulheres, refere-se também aos grandes livros, atestando que nenhum assunto sobre o qual se escreva é terrível "se a história é verdadeira, a prosa é limpa e honesta e afirma coragem e graça sob pressão". Ah, coragem e graça sob pressão!
Seja para encadear palavras que dizem, no sentido graciliano, para apontar a direção bonita e corajosa da vida, ou, simplesmente, para provar que de beleza a vida não tem nada, existe algum impulso que nos leva a preencher a página vazia.
Ao pensar neste impulso ao longo destes dias, lembrei de um livro que li há pouco tempo. Livro impressionantemente bom, terminado em duas madrugadas de insônia e uma viagem a Ribeirão Preto. Comentei com a autora que achei o livro "exotérmico". Sei lá porque pensei nesta palavra, parecia encaixar bem com as características do texto, que se coloca do autor para fora, olhando o ambiente, as pessoas que o ocupam e etc. Claro que recebi o olhar de quem estava pensando "você é um ser humano severamente perturbado". E eu não poderia discordar.
Por aqui, acontece o contrário, acho. Tudo é endotérmico, relacionado a absorção, não do calor, mas do mundo, como o mundo está refletido dentro de nós mesmos. Entendimento da criatura sobre a criatura.
Ferreira Gullar, em artigo publicado pela Folha de São Paulo, caderno Ilustrada, no último domingo (30 de outubro), referindo-se, justamente, ao impulso de escrever, disse que o poema quer nascer sem ter começo, e que, neste sentido, seria uma espécie de revelação. E, mais adiante, "além de o poema não dizer tudo o que o poeta deseja dizer, não sabe, ao começá-lo, o que vai dizer, porque, para sabê-lo, seria necessário que o poema já estivesse escrito. Assim, tudo o que há, então, é o desejo de dizer algo que o poeta não sabe o que será: está diante de uma página em branco e, portanto, aberto a todas as probabilidades".
Se, com a palavra, muitas vezes, nada queremos dizer - e Graciliano Ramos ficaria bravo -, se, ao começar o texto, nem se sabe o que se quer dizer, então de onde vem este impulso, sempre frequente em dias nublados?
Quando se senta diante do papel em branco - ou, pelo menos, quando eu sento diante do papel em branco -, o que se busca é a compreensão daquele mundo refletido, de um mundo de por quês sem respostas.
A folha em branco nada mais é que o convite à busca endotérmica da graça sob pressão. Senta-se, cala-se, concentra-se, e, no meio do silêncio, busca-se revelação. A esperança que existe em preencher a página vazia é preencher a si mesmo com algo que não se sabe o que é, mas que se procura encontrar em uma palavra desencontrada. Escrever pode, então, ser chamado de um ato de desespero. Ou, simplesmente, oração.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Seguindo Paul

Há um tempinho atrás, minha diletíssima irmã enviou este vídeo que vai abaixo. Sabendo que minha reação ao identificar a música seria fechar a aba e responder um sonoro palavrão, ela acrescentou no final da mensagem: "assista até o fim". Assisti até o fim. E não é que valeu a pena?
Aperte o play e siga o Paul.

Drive thru pa nóis


Felipe Massa nunca foi meu piloto favorito. A injustificada preferência por ele esboçada pelo público em geral sobre Barrichello sempre me irritou um pouco.
Com o tempo, no entanto, passei a gostar do rapaz e respeitá-lo como piloto. Inclusive, há exatos 3 anos - na verdade, o aniversário durou até até uma hora e meia atrás, quando ainda era 2 de novembro -, tive a maior emoção automobilística já experimentada graças a ele, no GP do Brasil de 2008, que, um dia, vai ter um texto próprio.
Além disso, Massa e sua carreira se tornaram constantes fontes de analogia em relação à minha própria vida. Então, eu posso escrever sobre mim e sobre os outros fingindo que estou falando de F-1, como aconteceu neste caso aqui, que é a maior mentira. Pelo menos, era mentira na época. Talvez, para hoje, seja mais verdadeiro.
Fato é que Felipe foi injustamente punido na última corrida. Já falei a respeito em um comentário a um post do patriarca do blog.
Vamos de novo. Massa estava na frente, assumiu uma linha interna sem espremer o Hamilton. A curva adiante era bem rápida, em 4ª ou 5ª marcha, o que significa que a freada não seria forte. Significa também que, ao frear mais tarde do que Massa, se fosse o caso, sem estar na linha de tangente ideal, o inglês passaria reto na curva. Vamos lá, abram o GP4 e tentem fazer igual. Não dá.
Hamilton insistiu e acabou acertando Felipe na sua roda traseira. Não encostou roda, não forçou o carro de Massa para o lado de fora, nada disso. Bateu na roda traseira.



Não que Lewis tenha feito de propósito, claro que não fez. Mas cometeu um errinho e acabou estragando a corrida dos dois. E esses erros de julgamento na pista acontecem o tempo todo. No fundo, é coisa de corrida.
Mas foram lá e puniram o Massa. E o Massa teve que andar devagarinho no pit-lane, louco da vida, percebendo que os carros lá fora estavam todos a ultrapassa-lo. Uma decisão mais ajustada, quem sabe, teria sido punir ninguém.
Após a corrida, o brasileiro disse que não aceitava e não aceitaria nunca ter sido punido por aquele acidente. "Foi como se eu tivesse feito alguma coisa errada. Eu não fiz. Se tivesse uma corrida amanhã e acontecesse o mesmo, eu iria repetir o procedimento, porque não fiz nada de errado", afirmou Felipe.
E estamos com ele. Envolver-se em um acidente acontece, perder posições na corrida por causa dele acontece, estragar o carro por causa da batida, é tudo normal. Não existe coisa pior, todavia, do que ter que passar lentamente pelo pit-lane por causa de um erro que não se cometeu.
Mas quem decide isso são os comissários da vida.

Choque

Há anos, um ponto de encontro certo por aqui foi a fantástica pizzaria La Romana - popularmente conhecida como a "Pizzaria do Bassoli".
Ontem, após trabalhar 18 horas e estar justamente esfomeado por volta das 11 da noite, dirigimo-nos ao referido estabelecimento, onde seríamos recepcionados com uma Brahma e dois copos antes mesmo de chegar o cardápio.
Para a surpresa e consternação geral, as portas estavam fechadas. O que um dia foi um esplendoroso salão, hoje é um nada (na verdade, o serviço de entrega continua em uma portinha ao lado. Então, nada não é bem a palavra).
É difícil saber como serão nossas vidas daqui para frente, sem La Romana. Acalorados debates, conversas proibidas para menores, palavrões nunca reprimidos pelos educados garçons, pizzas com nomes de equipes de Fórmula-1, o blecaute em 2009 sem interrupção do atendimento, o sorteio do amigo secreto natalino que nunca aconteceu.
Pois é, os pontos de referência desaparecem um a um: pizzarias, cinemas, pontos de ônibus. E o que mais entristece é o sumiço das pessoas que fizeram desses lugares referências.