quinta-feira, 30 de julho de 2009

ARQUEOLOGIA

Recentemente comentei sobre o acidente que vitimou Roger Wiliamson.
O Renato, num trabalho de arqueologia em nossos “arquivos”, descobriu um suplemento da revista “Quatro Rodas” que era distribuído junto com a revista e que trazia as notícias das corridas de F-1 do mês.
Pois o suplemento da edição 157 de agosto de 1973 traz o depoimento de Emerson Fittipaldi sobre o GP da Holanda disputado em 29 de julho e o de Silvertone, Inglaterra, disputado em 14 de julho, dentre outras informações.
O da Inglaterra é aquele famoso onde o estreante Jody Scheckter ocasionou um verdadeiro Strike danificando sete carros e fazendo a festa para quem gosta de porradas.
Em relação ao GP da Holanda há uma entrevista com Jackie Stewart com o título “Stewart Acusa”.
Tanto tempo depois a sensação de ler a entrevista é a de que o escocês perdeu o bonde da história, ao não parar após o acidente, e tenta explicar o inexplicável. Acusa os organizadores da corrida, a CSI (Comissão Esportiva Internacional) e tudo o mais. Na maior cara de pau ele diz que a corrida não devia ser suspensa porque o March de Williamson “ocupava apenas uma parte reduzida da pista”. Ele tira o corpo fora ao ser perguntado do porque os pilotos não terem tomado a iniciativa de paralisar a corrida dizendo que não tinham condições de avaliar o que estava ocorrendo e que “aparentemente estava tudo bem, apenas um carro pegando fogo”. Quem vê as imagens, como eu mesmo vi na época ao vivo, sabe que não estava tudo bem.
Além da fumaça que fechava a visibilidade da saída da curva, havia a figura do David Purley desesperado andando de um lado para outro. Até mesmo no meio da pista, indicando algo muito mais grave que “um carro pegando fogo”.
Enfim, como eu disse, na minha opinião Stewart perdeu o bonde da história pensando apenas em vencer a corrida. Acusa até Ronnie Petterson de não diminuir a velocidade em função do acidente aumentando sua vantagem já que estava em primeiro lugar. Diz Stewart que se o Peterson que liderava andava forte todo mundo acompanhou.
Stewart já era líder entre os pilotos conhecido sim pela luta em prol de maior segurança nas pistas. Mas, neste caso pisou feio na bola. Se tivesse parado certamente seria acompanhado por seu companheiro François Cevert. Daí, todos parariam. Mas, o bonde passou e Jackie Stewart não pulou para dentro.
Vale lembrar que outro grande batalhador por mais segurança, Emerson Fittipaldi, já havia abandonado. Peterson quebrou e Stewart venceu, com Cevert em segundo.

domingo, 26 de julho de 2009

TERRA DE GIGANTES


Recentemente estivemos em Rio Quente, lá em Goiás, e devido a um infortúnio conhecemos o hospital Nossa Senhora de Aparecida em Caldas Novas.
Lá em Caldas avistamos alguns fuscas que me deixaram na maior dúvida. Principalmente porque o doente não era eu. Portanto, não estava sob o efeito de nenhum medicamento alucinógeno. Não sei se as pessoas são gigantes ou se os fuscas são anões.....

quinta-feira, 16 de julho de 2009

INTERLAGOS - 2008

No ano passado voltamos ao autódromo em outro setor.
Compramos ingressos para o setor “A”.
Porém, o esquema é o mesmo do setor “G”.
Ou chega cedo, ou pega lugar ruim. Então, pegamos uma fila agradabilíssima fora do autódromo e sentamos num lugar, na minha opinião, pior que o setor “G”. Bem em frente ao suposto telão, com a diferença que não víamos nada porque ele fica voltado para o pessoal que fica mais em frente aos boxes. Vejam a foto. Dá para ver um pedaço da reta em frente aos boxes mas, com a velocidade dos carros a gente não consegue acompanhar muito bem o que se passa.
Essas coisas associadas ao descaso que já comentei, fez com que eu decidisse não ir mais ao autódromo. A não ser que ganhe ingressos. E, num bom lugar.....
Em 2008 a situação era interessante. O mar vermelho torcendo para o Massa e euzinho torcendo para o Hamilton. Não vou discutir os méritos de um e outro. Mas, tive que me conter. No final, o Massa campeão com uma bonita festa e, de repente, aquela ducha de água fria (literalmente falando) quando descobrimos que o Hamilton tinha ultrapassado o Glock (de resto seu desafeto) na última curva. Foi como um gol aos 48 minutos do segundo tempo. Eu até fiz um filminho. Só que no aperto da situação, a chuva que começou a cair forte, na hora de filmar apertei o botão de stand-by. Daí, crente que havia filmado tudo, apertei o botão, e aí sim, comecei a filmar. Coloquei a máquina no bolso para não molhar. Ficou só o som do chororô e uma escuridão total. Coisas de amador.....
Enfim, gostaria de falar mais um pouco sobre a torcida e suas maluquices. Em 2006 começou uma briga na barraquinha de bebidas porque a cerveja estava acabando. O caminhão de socorro com mais líquido precioso não conseguia entrar na área da barraquinha e o pessoal gritava que “isso aqui é uma bagunça...”. Tudo isso faltando mais ou menos uma hora para a corrida começar. O pessoal se reveza para comprar cerveja porque se alguém levanta sem ninguém para cuidar de seu lugar pode esquecer. Tem urubu rondando o tempo todo. Havia um grupo na nossa frente e um deles, já devidamente “calibrado” levantou na hora da largada para comprar mais cerveja. Seus amigos avisaram, mas não adiantou. A cerveja é mais importante que a largada....
Fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que bebem todas o tempo todo. A maioria nem assiste a corrida com a devida atenção. O ingresso não é barato, e não é todo fim de semana que tem F1 em Interlagos. Mesmo assim as pessoas saem do sério e perdem grande parte do espetáculo.
Mais duas fotos: uma da visão que tínhamos do nosso lugar e outra de alguém segurando a namorada para que ela pudesse ver melhor a pista.




quarta-feira, 15 de julho de 2009

E o Carbone?

Ano passado, o piloto brasileiro Fábio Carbone fez uma boa temporada na World Series by Renault, vencendo três corridas e ficando em terceiro no campeonato, correndo pela equipe pseudo-estreante Ultimate Signature. Digo "pseudo" porque ela é a junção de duas equipe que já existiam.
É divertido assitir a World Series e as boas atuações de Carbone eram um atrativo a mais para os brasileiros.
Ocorre que, ao longo deste ano, não tive notícias de por onde ele anda. No seu site oficial, a última atualização é de outubro do ano passado. Então, pergunto a quem souber: por onde anda Fábio Carbone?
Enquanto a resposta não vem, ficamos com esta bela foto do piloto em Estoril, no ano passado, tirada do site oficial da equipe Ultimate Signature.


Un grande numero di Rosberg

Desde pequeno, ouvia de meu pai uma história a respeito de uma corrida em que Rosberg, provavelmente possuído por alguma entidade, havia feito o diabo. Entre suas peripécias, estaria uma rodada de 360 graus, em que finlandês teria endireitado o carro e continuado na corrida como se nada tivesse acontecido.
Sempre tive curiosidade de ver a tal imagem. Há algum tempo atrás, um croata doidão disponibilizou para download uma quantidade absurda de seu acervo de corridas. No meia delas, estava o GP de Long Beach de 1983. Fiz o download um pouco desinteressadamente. E não é que a tal rodada havia acontecido justamente naquela corrida? Logo na primeira volta! Tudo bem que, na lembrança de meu pai, Rosberg teria ganhado o GP, mesmo tendo rodado, o que não aconteceu em Long Beach em 1983. Essa corrida, aliás, ficou na história pela vitória de John Watson e o segundo lugar de Niki Lauda, dobradinha da McLaren com os pilotos saindo das posições 22 e 23, respectivamente. Ainda hoje ninguém venceu largando tão atrás.
Rosberg foi um show a parte. Naquele tempo, o pit-stop era permitido, mas, ao contrário do que se passa hoje, nem todos paravam. Não se parava sequer para os pneus. Mas Rosberg vinha tentando utilizar a tática de andar mais leve. Na primeira corrida do ano, no Rio de Janeiro, seu carro havia pegado fogo durante o reabastecimento. Mesmo assim, Keke chegou em segundo lugar na corrida, com Nelson Piquet em primeiro e Niki Lauda em terceiro. Ocorre que, na parada, Rosberg teve seu carro empurrado para pegar no tranco no pit-lane e foi desclassificado por isso.
Na segunda corrida, em Long Beach, Rosberg parecia estar utilizando a mesma estratégia. Não deu para saber com certeza, pois o finlandês abandonou antes do pit-stop. Mas, pela maneira alucinada como dirigiu, tentando superar o pole-position Patrick Tambay a qualquer custo, pode-se inferir que uma parada para reabastecimento seria necessária.
O vídeo abaixo mostra três momentos da corrida de Rosberg que dão idéia de sua agressividade. Na largada, Keke, que partia em terceiro atrás das Ferraris de Patrick Tambay e Renè Arnoux, arrancou "nervosamente", tocando roda com Arnoux e quase ultrapassando Tambay.
Ainda na primeira volta, Rosberg tenta ultrapassar a Ferrari de Tambay, mas, aparentemente atrapalhado por um bump na freada, sua Williams roda, o piloto controla o carro, colocando-o novamente no rumo certo e prosseguindo na prova, agora atrás de seu companheiro de equipe Jacques Laffite.
Mais adiante, o ato final: após ter ultrapassado Laffite, Keke foi atrás de Tambay; depois de algumas voltas seguindo a Ferrari, Rosberg foi para o tudo ou nada, enfiando o carro do lado de dentro no cotovelo. O resultado foi desastroso: a tentativa frustrada de ultrapassagem tirou ambos os pilotos da corrida.
Rosberg errou, sim, mas a agressividade e combatividade do "velho lutador em pistas de rua" merecem aplausos.


Interlagos 2006

Após 1976 só voltei ao autódromo de Interlagos em 2006. Trinta anos depois!!!!
O Renato acabou por me convencer e por sorte presenciamos a decisão do campeonato.
Em primeiro lugar algumas impressões sobre o autódromo e o que nos oferecem em termos de acomodação. Comprei os ingressos pela internet pagando meia entrada (sou estudante!) e mesmo assim doeu no bolso. Compramos para o sábado e domingo no setor G. Pelo preço e também por estarmos no séc 21 deduzi que receberia os ingressos em casa, e que eles seriam numerados . Assim, poderíamos chegar momentos antes do evento com a garantia do lugar garantido. Quá, quá.
Estamos no Brasil. Além de ser obrigado a retirar os ingressos, no meu caso no sábado de manhã, pois moro no interior e não teria como ir antes ao autódromo apanhar os ditos fui tratado como bandido. Tive que levar uma porrada de documentos provando que eu era eu e falar com o sujeito lá na bilheteria por uma fresta no muro. Diálogo nem pensar.
Tudo bem. Vamos relevar em nome da emoção em voltar ao autódromo tanto tempo depois.
O portão que dá acesso ao setor G fica onde Judas perdeu as cuecas. No sábado ainda conseguimos entrar sem muitos problemas. Só existe uma entrada que afunila numa passarela sobre o antigo retão. Meninos, se estoura a boiada, vai ter gente sendo pisoteada porque, no final dos treinos e corrida todo mundo tem que sair por ali. Toc-toc na madeira.....
Quando conseguimos entrar no sábado o final do setor, perto do final da reta, já estava tomado. Isso por volta das oito e meia.
Sabem quem ocupou o espaço? Sim, os mesmos sulistas de 1976!!!!
Eles andam em bando, ignoram a numeração dos ingressos (ninguém fiscaliza) e ocupam os melhores lugares. Isto porque alguns deles dormem na fila. Bom, lugares ocupados e sem nada para fazer até o início dos eventos o melhor que eles fazem é se comportar como torcedores de futebol. Provocações, cantilenas sobre as mulheres acompanhadas ou não e etc. Em 2006 tinha um cara com um megafone e uma disposição de maratonista. Quando a voz falhava colocava o celular e um toque de hospício no volume mais alto. No começo a gente acha graça. Mas, experimente ficar ouvindo abobrinhas das oito da manhã até sair do autódromo após a corrida. Sim senhores. O cara saiu do autódromo berrando imbecilidades no megafone. A gente ria de nervoso....
Em 2006 o campeonato estava entre o Alonso e o Dick Vigarista (Schumacher para os íntimos).
Todo mundo, ao nosso redor, torcia para o Dick Vigarista. Eu e o Renato para o Alonso. Ah! Tinha mais um que torcia para o espanhol. Era outro espanhol. Ele chegou em má hora. A gente estava espremido e ele quis sentar na frente onde colocamos os pés. Eu disse que não dava. O cara era espanhol. Já viu, né? Pois ele armou uma briga e sentou na nossa frente com a namorada. Gritava pelo Alonso a cada volta. Até parece que o piloto ouve alguma coisa. A corrida todo mundo sabe como terminou. A gente saiu feliz da vida, apesar do sulista do megafone.
Separei duas fotos do arquivo pessoal. Numa delas, fiz questão de fotografar o asfalto que outra coisa. É o asfalto da antiga retona de Interlagos. Solo sagrado.
Na outra foto uma idéia de como a gente paga caro para ser tratado como torcedor de futebol. Os banheiros químicos ficam imprestáveis rapidamente, pois além de tudo os bebaços fazem de qualquer jeito. Saquem só a fila para a compra de bebidas na barraquinha...
Falo dos bebuns em outro post.




Que rei sou eu? (ou carros ainda são guiados por seres humanos)

Sábado, dia 11 de julho, o famoso Rei Beto, também conhecido como Roberto Carlos, fez no estádio do Maracanã um show comemorativo de seus 50 anos de carreira. Um show igualzinho àqueles do final de ano, exceto pelo público muito maior e a chuva. Não foi um show que poderia angariar novos fãs, um espetáculo capaz de atrair um novo público, mas o velho repertório, associado ao velho vestuário, aos velhos músicos, aos velhos amigos Ternurinha e Tremendão, associados a uma dose de emoção e alegria por estar fazendo o que gosta, renderam um bom resultado. Minha avó ficou felicíssima.
Não muitas horas depois, realizou-se, em outro continente, o GP da Alemanha de Fórmula-1. De volta ao velho circuito de Nurburgring, em seu novo traçado de mais de 20 anos de idade. A Fórmula-1 já não tem mais nenhum Rei, com r maiúsculo. Temos o príncipe das Astúrias, o imperador otomano, mas Rei mesmo... só o rei das estratégias, como dizem aos ventos, Ross Brawn.
Já há uns 15 anos Ross Brawn reina. É sem dúvida um sujeito extremamente competente: há um ano e meio assumiu uma Honda que não ia a lugar nenhum, fosse porque o túnel de vento estava desregulado, porque o controle de tração começava a funcionar no meio da reta, ou porque o carro fosse ridículo do ponto de vista aerodinâmico, e a transformou em Brawn GP, que fez um carro vencedor, aliás, arrasadoramente vencedor, e se tornou a equipe sensação da Fórmula-1, tendo um de seus pilotos (ainda) com a mão no campeonato.
Brawn e sua trupe estavam preocupados para o GP da Alemanha, em vista da previsão de baixa temperatura, que parece realmente favorecer os carros da Red Bull. Com isso em mente, a equipe optou por deixar os dois carros bem leves no Q3 no treino de sábado para que Button e Barrichello pudessem sair na frente do grid. Mesmo com consideráveis quilos a mais em seu carro, Mark Webber cravou a pole position. Largando na frente com o carro mais pesado, dificilmente o australiano perderia a corrida.
Um detalhe interessante, ainda com relação ao treino de sábado, foi a conversa flagrada na escuta de rádio das equipes, em que Jenson Button pedia para ir aos boxes, abortando sua primeira volta rápida no Q3, para copiar o acerto de Barrichello para a pista tedesca, àquela altura meio seca, meio molhada.
Pois bem. Button acertou o que deu e marcou o terceiro tempo, enquanto Vettel, companheiro de Webber, fez o quarto melhor tempo.
Pelo que se via nos treinos, a briga ia ser mesmo entre Red Bull e Brawn, com vantagem para o time dos energéticos.
Até agora não pude entender muito bem o que aconteceu com Webber na largada. Aquele chega para lá em Barrichello foi realmente doido. Não fez sentido.
O fato é que, com Barrichello na frente e Webber punido, esse, pela lógica, poderia ter a corrida como perdida. O ritmo forte dos carros da Red Bull era evidente, tanto que Barrichello com o carro mais leve não conseguiu abrir na primeira perna de corrida. Mas recuperar o tempo perdido em um drive thru é muito difícil.
Webber teve essa tarefa um pouco facilitada em vista da parada prematura de Barrichello para o primeiro pit-stop. Seguindo o brasileiro pelo pit-lane, Webber pôde sair a sua frente, mesmo já tendo cumprido a punição, sustentando a primeira colocação na corrida até a sua parada para reabastecimento e troca de pneus.
Mas, ainda assim, Webber tinha um longo caminho pela frente, e a vitória parecia estar nas mãos do Barrichello. Por que perdeu, então?
Ora, a resposta simples: perde quem completa determinado percurso em um tempo maior do que outro ou outros pilotos. E a única forma de se chegar em menos tempo que os demais é pisando mais. Barrichello não pisou, ou não pôde pisar, mais que os outros.
A estratégia de corrida pode ser, sim, determinante para o sucesso ou insucesso no certame. Mas nenhuma estratégia funciona se o cara não for rápido.
Então, a estratégia de 3 paradas não fez Barrichello perder a corrida. Mas é óbvio que o BGP 001 já não é o carro mais rápido do grid. Não tem ritmo para acompanhar a Red Bull, que tanto em Silverstone quanto em Nurburgring ganhou de lavada.
Talvez, mesmo com a punição a Webber, a Brawn tivesse condições de vencer a corrida. O verdadeiro erro da equipe não foi fazer Barrichello perder o primeiro posto para Webber, mas fazer carro n. 23 perder posições para a Ferrari de Massa e a Williams de Rosberg.
Essas duas posições perdidas podem ser creditas apenas na conta de Barrichello? Parece que não. O zigue-zague de Jenson Button pelas retas do circuito indicam que, efetivamente, o carro de Ross Brawn tem problemas de aquecimento de pneus em pistas frias. É claro que isso acarreta alguma vantagem quando a temperatura é alta, pois reduz o consumo de borracha, mas no frio é um tormento. Além de que, a mangueira não entrar no bocal do tanque de combustível custou preciosos segundos...
Tenho a impressão que a estratégia de Barrichello e Button, de fazer três paradas, foi concebida para tentar acompanhar as Red Bull e possivelmente surpreendê-las. Tentar vencer uma corrida é sempre uma atitude correta, todavia, muitas vezes, pode ser irreal. É muito difícil dizer, mas, quem sabe, uma estratégia um pouco mais conservadora, como a do Rei Beto no show mencionado acima, pudesse não ter tido frutos maravilhosos, mas menos desastrosos.
Como espectador, que acompanha as imagens da TV, a cronometragem oficial pelo computador e as notícias e declarações pós-corrida pela imprensa (ou, agora, pelo Twiter), fiquei com a ligeira impressão de Barrichello foi atrasado para que Button somasse um ponto a mais. Não é exagero, diante do quadro atual da temporada, acreditar que esse ponto possa decidir o título a favor de Button no futuro. Do ponto de vista da equipe, é ótimo; do ponto de vista esportivo, não gosto muito, já que, no conjunto do final de semana, Barrichello foi bem melhor que Button.
O inglês, aliás, não esteve bem na corrida, ficando para trás na largada e não conseguindo se recuperar. A partir de agora, vai ter que agir como um autêntico toureiro.

Felipe Massa, mais uma vez, fez uma corrida impecável. O brasileiro, assim como havia feito em Silverstone, aproveitou bem a estratégia de fazer uma primeira perna de corrida bastante longa. Aproveitou muito bem também o fato de ter Kers instalado em seu carro, segurando Barrichello atrás com muita eficiência. Ótima estratégia, ótima execução pelo piloto, em mais uma corrida madura do “Massa com cara de campeão”.

Mas a grande estrela do show foi Mark Webber. Australiano, 130 GPs nas costas, conquistou sua primeira vitória, superando Barrichello como piloto que mais alinhou no grid antes de vencer pela primeira vez. No caso de Barrichello foram 128 GPs.
Esse dado, que poderia depor contra o piloto, é, na verdade, prova de sua perseverança. Webber, após andar muito, muito, muito rápido em treinos com Minardi e Jaguar, mas sem alcançar grandes resultados em corridas, passou a ser chamado de “Leão de treino, cachorro de corrida”. Parecia-me injusto, já que Webber, em conjunto com seu engenheiro de corridas, conseguia fazer boas atuações, sempre marcando bem seus adversários diretos e cometendo poucos erros.
Mais do que isso, é preciso lembrar que o australiano sofreu um grave acidente no começo deste ano em uma prova de triatlo que ele mesmo organizara. Não participou da pré-temporada devido às lesões em ambas as pernas.
Deve-se levar em conta também o fato de Webber ter como companheiro de equipe o jovem e talentoso Sebastian Vettel. Apesar de o alemão atrair todas as atenções e ser considerado um dos principais talentos de sua geração, Webber tem conseguido superá-lo em algumas oportunidades ao longo desta temporada. Considero sua vitória na Alemanha ainda mais magistral que aquela de Vettel em Silverstone, pois, psicologicamente, não deve ser fácil lidar com uma punição que poderia ter-lhe tirado a possibilidade de vitória após fazer a pole-position e ter acompanhado um carro rápido e mais leve por toda a primeira parte da prova.
A explosão de Webber em choro e gritos dentro do capacete deve refletir não só a alegria de sua primeira vitória, mas a superação de dificuldades não apenas ao longo deste ano, mas de toda sua carreira. Uma vitória muito bem merecida.
Interessante notar que, em uma Fórmula-1 de pilotos robozinhos, duas reações tipicamente humanas causaram comentários diversos após o GP: o choro de Webber causou comoção; a reclamação de Barrichello, a meu ver, plenamente justificável pelo que aconteceu na corrida, foi mal vista mais uma vez.

Nunca é demais lembrar que sobre o volante repousam mãos humanas...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

PAUL TRACY

Vi o post do Renato sobre o Paul Tracy e devo dizer que o gordinho é uma figura.
Não gosto do estilo “deixa que dou o totó” dele.
Lembro que no seu início de carreira, o dono da equipe Penske, o próprio Roger Penske chamou o então novato para os boxes depois dele rodar centenas de vezes no final da retona em Long Beach.
Mas, vejam o que o glorioso Helio Castroneves fez com o Paulducho.
Morri de rir. Deu uma prensa no Tracy como uma cachorra do funk.
Se os carros fossem gente eu diria que o Castroneves deu uma barrigada no Paul, prensando o cara no muro, como a dizer “Pode ser totoso?”
O Helinho lavou minha alma e está perdoado......
Vejam o vídeo

INTERLAGOS ONTEM E HOJE

Nos últimos anos, de 2006 para cá, temos tenho ido assistir ao GP de F1 em Interlagos.
Eu e meu filho Renato. Vamos de arquibancadas populares, que de populares só tem o nome.
Mas, essas aventuras recentes ficam para outro post.
O que eu quero escrever aqui é sobre minha primeira ida até ao autódromo de Interlagos para um GP de F1.
Vocês vão perceber que quase nada mudou.
Foi em 1976 (século passado!!!).
Eu convenci meu pai a bancar a entrada mais barata que permitia assistir a corrida desde o final da reta de chegada até lá embaixo no final do retão. Lembrem-se: estou falando de Interlagos antigo. Aquele traçadão lindo que mutilaram para esse genérico de hoje em dia.
Meu irmão, cinco anos mais novo, não queria saber de F1, mas acabou arrastado para esta aventura. Não sei porque eu o obriguei a pagar esse mico....
Naquele tempo não tinha essa de papai levando na maior mordomia não.
Pegamos um ônibus, de madrugada, no centro velho de Sampa e lá fomos nós rumo ao desconhecido.
Estranhei de cara o ônibus lotado antes mesmo do sol nascer. Era um presságio de que as coisas iam desandar.
Nas proximidades de Interlagos o caos que ainda perdura em tempos de corrida de F1. Uma multidão de peregrinos em direção à Meca, ou seja os portões de entrada. O ônibus literalmente largou a gente nas proximidades e fomos a pé junto com a manada procurar o portão de acesso. Polícia, gente vendendo ingresso fajuto, gente querendo comprar seu ingresso, gente vendendo de tudo, aquela gritaria. Tudo como hoje.
Conseguimos entrar e aí veio a grande decepção.
Naquela época era possível acampar dentro do autódromo na área do retão.
Os caras compravam ingresso, entravam com a tralha toda e acampavam nos melhores lugares.
Bom, depois de uma adorável caminhada em meio à turba já para lá de Bagdá (e tome cerveja....) consegui chegar no alambrado mais ou menos no meio do retão.
Alambrado?
Que nada. Aqueles que acampavam simplesmente tapavam tudo com papelão.
Quer assistir a estréia do Emersão no Copersúcar?
Pague.....
Isso mesmo. Era preciso comprar um ingresso dentro do ingresso.
Não acreditei. Comecei a arrancar uns pedaços de papelão e fui obrigado a bater em retirada ouvindo elogios à minha santa mãezinha. Só não apanhei porque meu irmão, sempre com olhos arregalados, era pequeno e relevaram o maluco que não entendia nada de capitalismo selvagem.
E, sabem de onde era aquele povo?
Sim senhores, Lá do sul. Como hoje. Se você for assistir a F1 no setor G vai encontrar um monte de gaúcho brigando pelo Grêmio e Internacional. Um saco.
Pois, tenho certeza que esses “invasores” de hoje são descendentes, quando não os próprios, invasores de ontem.
Voltamos para a área do final da reta de chegada e o sol já batia feio.
Uma multidão se espremia tentando ver qualquer coisa que lembrasse o santo asfalto de (já) tantas glórias.
Então, por volta das nove da manhã, fez-se o milagre da multiplicação dos sons.
Os motores foram ligados para o warm up matinal.
Como na savana quando ruge o leão, a turba ficou em respeitoso silêncio. Meninos, nada se compara a um ronco de F1. Só indo lá para ouvir. Ele entra não pelo ouvido, mas pelo estômago.
As Ferraris tinham motor de 12 cilindros e um grito agudo de doer na alma. Os iniciados identificavam as Ferraris e alguns carros pelos sons diferenciados.
Em alguns minutos fiquei com dor de cabeça porque nem pensei protetor de ouvidos.
Para completar, meu irmão começou a reclamar de dor de cabeça e eu já de saco cheio resolvi ir embora. O autódromo enchia cada vez mais e era impossível encontrar um lugar decente.
Não é que pegamos o ônibus e chegamos em casa a tempo de ver o Lauda ganhar?
E, minhas previsões sobre o Copersúcar se confirmaram: o Emersão jogou a carreira fora ao abraçar a causa de uma equipe dita brasileira. Para completar nesta corrida ficou atrás (em 13º) do Ingo “Totó” Hoffman (11º).

13 de julho

Dia Internacional do Rock.

Para não passar em branco, eis aí a encarnação do rock and roll. Fiquei pensando em que música colocar. Como pensei em várias e não conseguia escolher nenhuma, digitei "rock and roll" no Youtube. Eis o primeiro resultado que aparece. Uma justa primeira colocação.


Desperdício

Depois de alguns dias "fora do ar" por razões não muito interessantes, vamos tentar colocar a casa em dia, começando pela Fórmula Indy.
No final de semana passado (5/07), a rede Bandeirantes se propôs a transmitir a etapa de Watkins Glen da referida categoria. Não estava em casa, mas fiquei empolgado, afinal Glen é um circuito interessante, tradicional, que recebeu a Fórmula-1 por muito anos no passado.
Enfiei-me num bar mequetrefe para assistir. E achei estranho o fato de antes do início da corrida a emissora fazer uma compilação de acidentes da categoria, inclusive fatais. Um jeito um pouco mórbido de atrair a audiência.
A corrida até que estava boa, sem grandes pegas, mas tudo bem. A rodada do Paul Tracy me deixou aliviado: não levou ninguém com ele e, com o canadense fora da pista, os outros pilotos corriam menos riscos.
Mas, não é que quando a prova se aproximava de seu momento decisivo o glorioso Teo José anuncia: "vamos interromper a transmissão da Fórmula-Indy para acompanhar o campeonato brasileiro. Do la-de-lá da transmissão está Luciano do Vale". Poxa, fiquei decepcionado. Uma transmissão pela metade é um desserviço ao espectador. Talvez, no final das contas, as pessoas estivessem ali naquele bar só esperando para começar o futebol mesmo...
Deter os direitos de transmissão sem transmitir me parece um grande desperdício. Mas comércio é comércio.
O destaque fica para a vitória de Justin Wilson, correndo pela minúscula equipe Dale Coyne. Wilson teve uma passagem pela Fórmula-1, em 2003, correndo pela equipe Minardi e substituindo Antonio Pizzonia na Jaguar nas últimas 5 corridas. O inglês, contudo, não teve continuidade na categoria, migrando para os Estados Unidos a partir de 2004. Já venceu por lá 5 corridas, somando Champ Car e Indy, sendo a primeira no GP de Toronto de 2005.

Estou tão atrasado, todavia, que já houve outro final de semana de corrida na Indy, justamente em Toronto, com vitória de Dario Franchitti, que assumiu a liderança do certame, seguido por Scott Dixon, Ryan Briscoe e Hélio Castroneves; Wilson está na nona colocação.

domingo, 5 de julho de 2009

HERÓIS

Todo mundo sabe que a F1 vive muito de aparência. E, certa vez (se não me engano foi o Clay Regazzoni) um piloto disse que a hipocrisia é tão grande que, em caso de morte de um piloto, surgem candidatos ao posto do infeliz antes mesmo de se fechar o caixão.
Por outro lado, Jackie Stewart sempre gostou de posar de paladino da segurança. Realmente fez muito, mas sempre com a ajuda de outros pilotos.
Porém, ele deu uma tremenda pisada de bola numa corrida em 1973 quando já se falava em aprimoramento da segurança em matéria de corridas de F1. Também, para mim, surgiu o único herói da F1. Um piloto com caráter único e com uma reação exemplar diante do ocorrido.
Sim, estou falando de Zandvoort em 1973, Roger Willianson e David Purley, o herói da história da F1.
Antes de escrever procurei o vídeo do acidente no youtube nesta máquina infernal que é a internet.
Tanto tempo depois as lembranças das imagens ainda são fortes em minhas lembranças.
A primeira imagem que surgiu na TV era do David Purley correndo entre as chamas para chegar até ao carro do Willianson. Pensei num primeiro momento que ele corria das chamas do próprio carro. Só depois percebi que ele abandonara seu carro para ajudar no socorro. Hoje temos imagens do carro de Roger Willianson se arrastando pela pista. Bateu de um lado e foi parar no outro. Aparentemente ele se partiu em dois e se arrastou de rodas para cima. Daí para a frente todos tentavam adivinhar o que acontecia. Nem os locutores sabiam direito o que se passava. Seria possível o piloto estar dentro do carro?
Minha mãe, passando pela sala, disse que não acreditava.
Mas, a medida que o tempo passava e o desespero de Purley aumentava, todos acreditaram que o pesadelo era real.
Mas, o que ficou gravado em minha mente é o fato da corrida não ser interrompida. Purley, mais tarde, disse que não se conformava com o fato dos fiscais não o ajudarem a desvirar o carro, uma vez que Willianson tentava se safar, mas estava preso pelo cinto. O que vemos são os bandeirinhas (amadores certamente) com medo do fogo, que no começo se restringia ao óleo do motor. Depois, houve o incêndio do tanque. Purley, quando percebeu que nada podia ser feito para salvar Willianson, chegou a ficar no meio da pista, tentando sensibilizar os pilotos a interromper a corrida.
As cenas finais são igualmente chocantes. O carro desvirado, o caminhão de bombeiros, a pista suja de espuma química e os outros pilotos passando como se nada ocorresse. Se não me engano Emerson Fittipaldi já havia abandonado por quebra do carro, mas a Lótus nº 2 de Ronnie Petterson é vista passando pelo acidente.
Para mim, David Purley mostrou que acima deste esporte cheio de interesses escusos houve alguém de caráter. Admiro um monte de pilotos, mas, o maior deles foi David Purley.
Agora as ironias.
Jackie Stewart foi acusado de aproveitar-se da bandeira amarela para chegar ao primeiro lugar. Ele venceu com François Cevert, seu companheiro de equipe e herdeiro, em segundo. E, ele Stewart já lutava pela segurança nas pistas......
Peterson sofreu, em 1978, um acidente horrível na largada em Monza e faleceu pelas conseqüências.
Ainda em 1973 Cevert morreu nos treinos em Watkins Glen. Stewart então decidiu abandonar as pistas....
David Purley morreu num acidente aéreo em 1985.
Os pilotos na época não conseguiram explicar convincentemente porque não pararam por conta própria, uma vez que a direção de prova ignorou o acidente.
Uns idiotas.