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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Há um ano atrás

No dia 16 de outubro de 2011, falecia Dan Wheldon em um terrível acidente na última prova da temporada de F-Indy, realizada nem Las Vegas. A morte do piloto foi chocante pela violência da batida e pela circunstância que cercou sua participação naquela corrida. Wheldon participou de apenas duas provas em 2011: as 500 milhas de Indianápolis e a corrida de Las Vegas. Venceu as 500 milhas, que é uma das maiores glórias que um piloto pode ter ao longo de sua carreira; por essa razão, foi convidado para correr em Las Vegas, a prova de encerramento do ano que decidiria o campeão. A organização oferecia uma premiação milionária caso Dan vencesse o certame. O piloto, todavia, deveria largar da última posição. 
O oval curto obrigava os bólidos a andarem muito próximos e, com muitos carros na pista (eram 34 na ocasião), o risco de um acidente múltiplo era alto. Bastaram 11 voltas para que 15 carros se chocassem em um grande acidente em que Wheldon foi um dos envolvidos. O resto é parte de uma triste história. 
Pessoalmente, o acidente foi marcante pelas circunstâncias da uma época particularmente estranha. Rendeu este texto. Só o tempo cura certas feridas e esperamos que este ano que transcorreu tenha ajudado família e amigos a superar a falta do piloto. 

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Beber, beber, beber, e não esquecer


Ontem, estava alegremente assistindo esta entrevista quando lembrei de um livro que relemos (aqui, o plural não é para ser mais simpático) todos os anos, pelo menos um trechinho, que começa assim: "o homem é, fundamentalmente, um ser que esquece".
Lembrei, então, que, há meses - acho que desde agosto deste ano. Ou setembro? - venho pensando em escrever sobre o Nick Heidfeld e sua carreira, mas o tempo foi passando, fui perdendo o timing e, agora, embora não tenha esquecido, não quero mais escrever sobre o Heidfeld. Coitado, perdeu para o Raikkönen quando a McLaren precisava de um piloto, perdeu para o Massa quando a Ferrari precisava de um piloto, ganhou uma chance inesperada quando o Kubica se estropiou e a Lotus-Renault (que agora é só Lotus) precisava de um piloto e, de repente, mandaram o cara passear e ele, de novo, perdeu. Desta vez, para o Bruno Senna. Como se não bastasse, vai ficar sem meu texto a seu respeito - e esta deve ser a pior parte para ele.
Acho que, se não escrever sobre o Heidfeld, uma hora eu vou esquecer as palavras que escolhi e que estavam quase todas na minha cabeça. Afinal, qual a verdadeira importância dele para a história da Fórmula-1? Tudo bem, ele era um piloto com apoio da Mercedes, foi campeão de F-3000 com o pé atrás, tinha tudo para ser ele o contratado pelo time de Woking em 2002, mas eles preferiram o Raikkönen que tinha, até então - pasmem -, apenas duas temporadas em monopostos: uma de F-Renault e outra já na F-1, pela Sauber. Dizem que foi o Mika Häkkinen quem soprou na orelha do Ron Dennis, "escolhe o finlandês, ele é melhor que o alemão". E o Nick, que tinha o apoio da Mercedes, ficou mesmo na Sauber. Mas é um piloto perfeitamente esquecível.
E, no meio dessa digressão toda, eu acabei lembrando da primeira e única pole-position do Heidfeld na F-1. Foi no GP da Europa de 2005. Lembro até onde eu estava, com quem assisti e quantas horas eu havia dormido - duas horas e quarenta e três minutos. O Heidfeld fez a pole naquela ocasião, mas não foi esse o principal evento do fim de semana automobilístico. Na verdade, os acontecimentos da corrida ofuscaram o brilho da pole de Nick, alemão, em território alemão. Alguém aí lembra? Eu lembro, e o YouTube ajuda a refrescar a memória e me poupa de ter que relatar a corrida inteira:



Era a última volta! Terrível perder na última volta, mas quem perdeu foi o Raikkönen, não o Heidfeld, é bom lembrar. Nick chegou em segundo, melhor resultado de sua carreira.
Na noite anterior a da corrida, foi realizado o Ultimate Dodô Game, e, embora eu tivesse sido "sorteado" para tomar uma dose de Ypioca várias e várias vezes, eu me lembro muito bem. Ainda acordei para ver o GP com dor na canela. Reagiram mal à minha estrita observação das regras do dodô e eu tomei uma bica na canela. Não esqueci.
Quando terminou a corrida, acho que já não lembrava da bicuda, mas me lembro bem que, depois de acontecer o que acabamos de relembrar com o Raikkönen, meu companheiro de corridas - que, naquele dia, não era meu pai - exclamou, ao ver o Alonso comemorando a vitória: "vai tomar água, Alonso!". Alonso tomou foi é champagne.
Depois desse dia, Heidfeld correu muitas e muitas corridas, mas nunca mais fez uma pole e é difícil que volte a fazer alguma, na medida mesma em que é muito improvável que ele volte a pilotar um carro de F-1 em uma corrida.
Bom, eu sei, eu lembro que da última vez que escrevi algo semelhante sobre um piloto ele arrumou um contrato para correr na semana seguinte, e eu até pensei em mudar a área de atuação profissional e virar o "Pai Renatão Pé Frio". Era um sábado - último sábado do mês de agosto -, dia do treino classificatório para o GP da Bélgica. No dia seguinte, domingo, eu quase não acordei para a corrida - quer dizer, na verdade, acordei, mas atrasado, já estávamos na 13ª volta. E tinha uma música na minha cabeça naquele dia porque, na noite anterior, fomos ver uma banda no Café Piu-Piu, e a banda chamava-se Rockover e eles tocaram "My Sharona", que é realmente genial de tão simples. Na sexta-feira, tínhamos visto um filme em que uns menininhos tinham uma câmera de filmar super bacana e eles cantavam "My Sharona" também, mas não tinham uma banda. "Mamamamama My Sharona... tum tum tá tá, tum, tá, tum, tá... ". Não tinha como não grudar, a canção.
E desde esta época eu queria escrever um texto sobre o Nick Heidfeld. Não escrevi, perdi o timing, não esqueci dele, mas todos vão lembrar que eu escrevi isto logo acima e pensar consigo mesmos: "esse cara se repete muito".
Fato é que eu realmente pensei que ia esquecer o texto, afinal, já faz alguns meses. Quem sabe, se o Heidfeld voltar para a F-1 e perder o lugar para algum outro piloto de novo eu possa ter uma nova chance de redigir as famigeradas linhas que martelam minha cabeça todas as madrugadas - "você tem que escrever o texto sobre o Heidfeld, tem que ver o site tal para comparar o desempenho dele com o do Raikkönen e o do Massa quando foram companheiros de equipe...".
Este texto me cutuca e eu tenho saudades do tempo em que a única coisa que me cutucava de madrugada era a mensagem publicitária da operadora de celular. Aliás, o que esses caras têm na cabeça? Mandar mensagem de madrugada? Enfim...
Mas eu me lembro que, após o GP da Itália, o Nick Heidfeld disse que havia sido "emocionalmente difícil ter assitido o GP do lado de fora do carro". O que me faz lembrar que é emocionalmente difícil lembrar que não assisti aquele GP. Faz falta não ter visto aquela corrida, afinal, houve uma largada incrível do Alonso e uma ultrapassagem do Vettel sobre ele mais incrível ainda, com roda na grama e o escambau.
Vocês lembram?

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Gelo, a pedidos

Mandaquienses, inatos fãs das corridas de carrinhos, exigiram a volta da "Fórmula-1" como assunto deste blog que se chama "Fórmula-1 Literária". O fã-clube catarinense do Kimi Raikkönen exigiu, por sua vez, um post a respeito da volta do homem de gelo às pistas de Fórmula-1. Atendendo a pedidos e abandonando, temporariamente, o assunto mais recorrente nos últimos tempos neste blog, que é (?), vamos lá falar da volta do Kimi.
Se eu tivesse que apostar o dinheiro que não tenho, apostaria na não-volta do finlandês - e perderia, naturalmente. O cara, quando saiu da F-1, no fim da temporada de 2009, estava pouco se lixando, correndo sem motivação e enchendo o bolso de dinheiro. Foi competir no rally por satisfação pessoal e parecia feliz ali, sem pressão, fazendo a coisa apenas pelo gosto.
E eis que, de repente, surge o boato de que a Williams estaria interessada em Raikkönen como forma de atrair dinheiro empregando um campeão mundial. O pensamento meu foi que nem a pau ele se sujeitaria a correr lá trás no grid para resolver problemas financeiros de uma equipe qualquer.
Não foi o que aconteceu, mas não deixa de ser surpreendente ver o iceman de volta pela Lotus, que já foi Renault, deixou de ser Renault, mas continuou Renault, foi Lotus-Renault e agora é só Lotus. Dificilmente a equipe estará entre as mais competitivas da próxima temporada, embora conte com um excelente time técnico. Raikkönen não é o tipo de piloto que pode impulsionar o desenvolvimento de um carro ao longo do ano se não estiver muito motivado. Ao contrário de outros pilotos, como Barrichello, Schumacher, Kubica, Alonso, Button e outros, Kimi é aquele cara que senta e dirige, não importam as condições. Ontem mesmo folheávamos uma revista mais antiga aqui e um engenheiro da McLaren se queixava que Raikkönen podia ser rápido em quaisquer condições e não dava muita bola para transmitir informações a respeito do comportamento do carro.
Essa característica pode ser muito favorável para um classificação ou corrida quando não se tem o acerto ideal. No decorrer do ano, todavia, a "mão" do piloto pode fazer muita diferença no desenvolvimento do equipamento, ainda mais hoje em dia, sem testes ao longo da temporada.
No entanto, o finlandês é um piloto excepcional, muito acima da média e pode fazer coisas especiais. Algumas das corridas mais belas que já vimos foram protagonizadas por Kimi. O exemplo que sempre salta na lembrança é o GP do Japão de 2005, quando Raikkönen largou da 17ª colocação e ultrapassou o líder Fisichella na última volta para vencer de forma esplêndida o certame. É este o vídeo que vai abaixo, junto com a nossa torcida por ver este Kimi Raikkönen - e não o bêbado desmotivado - de volta às pistas.


Pensando bem, mesmo bêbado e desmotivado, Kimi é sempre garantia de, pelo menos, umas boas risadas:




domingo, 27 de novembro de 2011

Pontos finais

Chega ao fim a temporada 2011 da Fórmula-1. O ano já vai terminando e aquele sentimento de nostalgia vem vindo também.
A temporada foi bastante atípica. É muito raro ver um domínio como o imposto por Sebastian Vettel em 2011, ao mesmo tempo em que as corridas foram boas e emocionantes em sua maior parte. É muito raro ver um piloto como Lewis Hamilton ser superado pelo companheiro de equipe. Ao longo da última década, tornou-se raro ver a Ferrari ser tão pouco competitiva, ao mesmo tempo em que se tornou tão raro - ou mesmo impensável - ver Michael Schumacher engolido por seu parceiro como aconteceu nos dois últimos anos.
Tivemos altos muito altos, como as corridas de Mônaco, Canadá, Monza e outras. Tivemos baixos muito baixos, como as encrencas entre Hamilton e Massa, o absurdo de ver um piloto como Barrichello ter que levar dinheiro para alguma equipe para ter um lugar para correr, além da briga do Sutil no bar (!).
Foi um ano de quebras de recordes, recordes raros de serem quebrados, como as poles de Nigel Mansell e mais um marco da precocidade do menino Kid - com o perdão da redundância.
Interessante perceber que a temporada foi tão atípica dentro das pistas quanto fora delas. A equipe do F-1 Literária teve um ano bastante estranho. A começar pelo começo: tradicionalmente, toda a redação do blog se reúne para assistir junto a primeira prova do campeonato. Este ano, isso não ocorreu, e este modesto blogueiro sequer assistiu a corrida por conta de uma reunião importante que a MC talvez lembre bem.
Se deixar de ver uma corrida sempre foi considerado um absurdo, este ano perdemos mais de uma, além de várias largadas. E nem pareceu tão ultrajante quanto em outros tempos. No entanto, tivemos vergonha em não cumprir o dever e fingimos na conferência telefônica pós-corrida que havíamos visto a prova, sem, na verdade, ter acompanhado uma volta.
Em algumas oportunidades, desfrutamos volta a volta; em outras, desejamos profundamente que tudo acabasse logo por razões diversas, mas, principalmente, para podermos voltar a dormir.
Se, nas pistas, houve muitos altos e baixos, por aqui também tivemos momentos de grande deleite e momentos da mais absurda fossa. Coisas muito raras aconteceram, tanto lá em cima, quanto lá embaixo.
Notícias incomuns de filhas que viram mães, mães que viram avós, irmãos que viram tios e a certeza, no meio de tudo, que o mundo continua girando, girando, e temos que nos apressar para acompanhá-lo.
Termina a temporada, vai terminando o ano, vai terminando o prazo para os pontos finais. E, se querem saber, ver 2011 chegando ao fim é um alívio. Fim de ano é corrido, trabalha-se muito e as forças já faltam, mas a perspectiva de trocar "11" por "12" nos anima, como se a mudança do numeral, automaticamente, fosse uma mudança em nossas vidas.
O negócio agora é aproveitar a pré-temporada para recarregar as baterias que ainda não arriaram, testar todos os tipos de pneus e fazer o possível para que, aos 18 de março de 2012 - data da abertura do campeonato de F-1, na Austrália -, estejamos renovados e prontos para mais domingos de chuva, de sol e de sonhos, sejam eles da padaria ou de nossos corações.

Sei...


O problema no câmbio do Vettel ficou mais estranho que este bigode à lá Mansell. De qualquer modo, foi bom ver o Webber de volta ao lugar mais alto do pódium. E bom também que o vice tenha ficado com Button.

Impromptus

Mais um GP do Brasil, mais uma corrida em Interlagos, mais uma vez não se sabe se chove, se não chove, mais uma vez o público está lá e os pilotos acenam empunhando uma bandeira brasileira.Há tempos, nenhum representante do F-1 Literária comparece ao autódromo em dia de F-1. Este ano, papai e mamãe estão na chácara. Nós estamos aqui, na mesa nova, de frente para a televisão, ouvindo pela janela o som que vem do apartamento de algum vizinho que toca, agora, uma coletânea do Queen.
A Mariana Becker nos mostra o simulador da Red Bull, o Nelson Piquet nos mostra a bandeira do Vasco. Em cima da mesa, café e chocolates.
Adoro quando mostram a pista por cima e dá para ver o traçado antigo, que está todinho lá e é tão espetacular. A curva 1, que punha um medo danado no Niki Lauda, o antigo Laranja, que não tinha diminutivo, o Sol, em que se vinha de lado e se separava os meninos dos homens.
Os carros alinham e já é fim de novembro! No meu tempo, a F-1 não passava de outubro de jeito nenhum.Vamos nós de novo, rumo ao fim da temporada, ao fim de ano e seus pontos finais.

Presença


Foto: TotalRace
A imagem acima retrata a última vez que Ayrton Senna correu em Interlagos, no já longínquo ano de 1994.
Seu sobrinho com mesmo sobrenome marca presença neste fim de semana, 17 anos após a última participação do tio, com um excelente 9º lugar no grid de largada. No entanto, não é só no nome e na cor do capacete de Bruno Senna que o velho Ayrton está presente no autódromo paulistano.
Sem dúvida, na memória dos torcedores, ainda daqueles que nem sabem direito o que significou o nome Ayrton Senna além da musiquinha da Globo, o piloto vai estar lá, conduzindo sua McLaren capenga à linha de chegada.
Mas tem mais: dois importantes pilotos vão carregar suas lembranças para dentro da pista. Um deles, Rubens Barrichello, que desfrutou da companhia de Ayrton dentro das pistas e já o homenageou da mesma forma no ano seguinte ao da morte do ídolo. Barrichello irá correr com uma pintura alusiva a Senna no capacete.


Foto: Divulgada via Twitter.
É até esperado que um brasileiro que conviveu com Senna homenageie o ídolo em sua corrida de casa. Pode ser surpreendente, por outro lado, que um piloto inglês, que apenas viu Senna na pista enquanto era garoto e que, hoje, é rival quase desafeto de um outro piloto brasileiro lembre de Ayrton. Lewis Hamilton também resolveu prestar seu tributo.
Tomara que amanhã a lembrança fique não só na pintura do casco, mas também no arrojo e estilo, sob chuva ou sol.

Foto: globo.com

sábado, 26 de novembro de 2011

Oh!

Terminado o treino de hoje, com a fantástica pole-position do Kid, acompanhado de não tão longe por Mark Webber e uma chuva de granizo que caia pra todo lado em São Paulo - inclusive aqui na monumental sede do F-1 Literária -, menos na região do autódromo, viemos ler o que tinha para ser lido em termos de e-mails, notícias e afins no computador.
Recebemos da ilustríssima amiga e habitante dos confins de Guarulhos Juliana Miashiro a tirinha, que, realmente, não é poema, mas tem poesia, que segue:


O Vettel diria "fantastisch". E nos parece incrível o paralelismo com a canção do Rush - de quem a Juliana também gosta - que vale ser ouvida:

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mais flores

Em meio às dúvidas aduzidas logo abaixo a respeito da permanência ou não de Rubens Barrichello na F-1, a notícia de um retorno improvável nos surpreendeu: o veterano Pedro de la Rosa volta à categoria pela Hispania.
Esperamos que esta sobrevida não termine assim. (o vídeo não foi incorporado aqui porque não deixaram)

Retirada?

Há tempos não escrevemos sobre Rubens Barrichello. Nem consigo lembrar qual foi a última vez.
Talvez não exista palavra mais apropriada para iniciar, nesta semana do GP do Brasil, último de 2011 e, quem sabe, último da carreira de Rubens, que farewell. Adoro esta palavra, farewell, cuja sonoridade é tão melancólica quanto o significado. Dizer farewell parece dizer muito mais que adeus, tchau, ciao, bye, auf Wiedersehen, auf Wiederhören, tchüs, ou seja lá o que for.
Farewell parece mais do que uma despedida inevitável ou provisória. Parece carregar a sapiência da despedida daqueles que sabem, precisamente, o momento de se retirar.
Barrichello teve uma carreira de sucesso na F-1, apesar de não ter conquistado o título mundial. Venceu corridas maravilhosas, como aquela em Hockenheimring, em 2000, a de Silverstone, em 2003 e, mais recentemente, Valência, 2009. O que mais se pode cobrar de um sujeito que é o recordista de participações em GPs, o sétimo maior pontuador da história - embora tenha feito a maior parte de sua carreira em carros que não lhe davam a oportunidade de brigar o tempo todo por pontos?
O que podemos acusar Barrichello é de ter estado no lugar errado na hora errada, no lugar certo na hora errada, na lugar semi-certo na hora péssima.... enfim, de ter perdido, em algumas ocasiões, o timing da carreira.
É sempre possível, após perder o timing de tudo na vida - o que não é exatamente o caso do piloto brasileiro -, acertar o momento de dizer farewell em vez de desaparecer no escuro. Só existe um cara, todavia, que pode saber a hora certa da despedida. A única alternativa é perguntar a ele. E aí, Rubens, você nos diz: hora de se retirar?

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Alívio


Nos últimos meses, acompanhamos com interesse as angústias do menino Lewis Hamilton, que esteve muito, muito, triste e sob muita pressão.
O destaque do domingo automobilístico foi a volta do sorriso aos lábios de Lewis, coisa que não víamos há tempos. A vitória impecável no GP de Abu Dhabi, que tirou um peso enorme das costas do inglês, foi dedicada à sua querida mamãe que esteve nos Emirados e deve ter ficado felizona com a dedicatória ao vivo em rede mundial.
Torcíamos, ontem, por Vettel e a suspensão quebrada logo na primeira curva foi frustrante. No entanto, na linha do que já dizíamos no sábado, uma vitória de Hamilton não seria desagradável. Na verdade, vê-lo vencer de novo e sorrir de novo foi um alívio. É como se, sorrindo Lewis, sorriríamos nós também. Eis a beleza do esporte.

sábado, 12 de novembro de 2011

Pode, sim!

A menina Vanessa expressou sua dúvida a respeito da aplicabilidade do verbo "torcer" às corridas de carrinho. Uma vez informada que não há qualquer impropriedade técnica nisso, ela concluiu que torceria para o Hamilton por ser ele sem noção.
Bom, cada um tem suas razões para escolher a torcida. Hoje, como ao longo do ano, torci para Vettel, o Kid, embora não fosse me desagradar ver Hamilton com a pole.
Kid agora iguala o recorde de Nigel Mansell, mas, claro, sem o mesmo aproveitamento do Leão. Mansell, em 1992, fez 14 poles em 16 corridas, enquanto Vettel tem 14 em 18. Vai ter, ainda, a classificação no Brasil de lambuja para superar o recorde.
Seria bom Hamilton largar na frente para ver se o menino fica alegre de novo. Não foi desta vez, mas amanhã é domingo e não sábado. Sabe-se lá o que vai acontecer e Lewis pode chegar em segundo, terceiro, na frente ou atrás de Button, pode bater de novo com o Massa, pode ser punido pela centésima vez no ano, pode quebrar ou estampar um muro. Ou pode vencer.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Drive thru pa nóis


Felipe Massa nunca foi meu piloto favorito. A injustificada preferência por ele esboçada pelo público em geral sobre Barrichello sempre me irritou um pouco.
Com o tempo, no entanto, passei a gostar do rapaz e respeitá-lo como piloto. Inclusive, há exatos 3 anos - na verdade, o aniversário durou até até uma hora e meia atrás, quando ainda era 2 de novembro -, tive a maior emoção automobilística já experimentada graças a ele, no GP do Brasil de 2008, que, um dia, vai ter um texto próprio.
Além disso, Massa e sua carreira se tornaram constantes fontes de analogia em relação à minha própria vida. Então, eu posso escrever sobre mim e sobre os outros fingindo que estou falando de F-1, como aconteceu neste caso aqui, que é a maior mentira. Pelo menos, era mentira na época. Talvez, para hoje, seja mais verdadeiro.
Fato é que Felipe foi injustamente punido na última corrida. Já falei a respeito em um comentário a um post do patriarca do blog.
Vamos de novo. Massa estava na frente, assumiu uma linha interna sem espremer o Hamilton. A curva adiante era bem rápida, em 4ª ou 5ª marcha, o que significa que a freada não seria forte. Significa também que, ao frear mais tarde do que Massa, se fosse o caso, sem estar na linha de tangente ideal, o inglês passaria reto na curva. Vamos lá, abram o GP4 e tentem fazer igual. Não dá.
Hamilton insistiu e acabou acertando Felipe na sua roda traseira. Não encostou roda, não forçou o carro de Massa para o lado de fora, nada disso. Bateu na roda traseira.



Não que Lewis tenha feito de propósito, claro que não fez. Mas cometeu um errinho e acabou estragando a corrida dos dois. E esses erros de julgamento na pista acontecem o tempo todo. No fundo, é coisa de corrida.
Mas foram lá e puniram o Massa. E o Massa teve que andar devagarinho no pit-lane, louco da vida, percebendo que os carros lá fora estavam todos a ultrapassa-lo. Uma decisão mais ajustada, quem sabe, teria sido punir ninguém.
Após a corrida, o brasileiro disse que não aceitava e não aceitaria nunca ter sido punido por aquele acidente. "Foi como se eu tivesse feito alguma coisa errada. Eu não fiz. Se tivesse uma corrida amanhã e acontecesse o mesmo, eu iria repetir o procedimento, porque não fiz nada de errado", afirmou Felipe.
E estamos com ele. Envolver-se em um acidente acontece, perder posições na corrida por causa dele acontece, estragar o carro por causa da batida, é tudo normal. Não existe coisa pior, todavia, do que ter que passar lentamente pelo pit-lane por causa de um erro que não se cometeu.
Mas quem decide isso são os comissários da vida.

domingo, 30 de outubro de 2011

O menino mais triste do mundo

Lewis Hamilton, quando iniciou sua carreira na F-1, era a imagem do cara alegre, tranquilo e confiante no seu talento e trabalho. Tanto que quase conquistou o campeonato mundial logo no seu ano de estreia.
Os sorrisos de outros tempos sumiram completamente e, hoje, Hamilton - que ainda é tão menino -, sempre aparece na mídia com a cara fechada, a expressão tristonha. As declarações que deu após a prova deste domingo são testemunhos da péssimas fase do inglês.
"Não posso me desculpar o bastante ao meu time pela negatividade que me cerca hoje em dia. Só tenho de manter a cabeça erguida e tentar voltar na próxima corrida", disse Lewis ao TotalRace.
De onde surgiu essa tal negatividade é algo que não se pode saber. A decepção por andar atrás de Button, mesmo contando, desde sempre, com o apoio incondicional da equipe? O estremecimento de sua relação com o pai? O rompimento com a namorada Pussycat? Todas especulações que não interessam.
Seja lá o que tenha acontecido com Hamilton, certamente o está atrapalhando demais em sua carreira, que já é brilhante, mas que pode ser muito mais. No entanto, de nada adianta ter uma carreira brilhante se não houver entusiasmo, brilho nos olhos. Não são títulos mundiais que vão trazer realização para uma vida. Talvez seja essa a lição a ser aprendida por Lewis. Esses caras dedicam a vida inteira ao automobilismo, abrindo mão de muitas coisas em uma busca cega por posto na F-1 capaz de lhes proporcionar vitórias. Até se esquecem, no meio de toda pressão e dinheiro envolvido, de que tudo não passa de uma brincadeira de menino: "vamos ver quem chega primeiro?" E aí pode ser que a resposta seja negativa quando se para pensar: "vale a pena?"
Quando perguntado sobre 2012, Hamilton respondeu, simplesmente: "não sei o que estou procurando". Eu - que sou um mês menos menino do que Hamilton - não posso dar uma resposta, mas posso constatar uma obviedade: talvez, todos devamos procurar o que nos faça felizes, realizados e completos, o que não necessariamente vai estar em nossos escritórios, salas de aula, gabinetes ou pistas de corrida. O sucesso que buscamos é, às vezes, vazio. Em nome dele, deixamos de lado uma série de aspectos importantes da vida que vão, de pouco em pouco, se revoltando contra nós, até que, a certa altura, desabam em nossas cabeças fazendo tudo ficar sem sentido.
Lewis parece hoje o menino mais triste do mundo. Ou, quem sabe, o segundo.

Ah, a Dona Mercedes...

Estranho o que houve entre os carros da Mercedes na pista indiana. Schuchummy foi chamado para o boxe bem depois de Rosberg - que teve seu tempo de pit-stop significativamente mais elevado que o do alemão oficial. Claro que tudo é por acaso e, se o Sapateiro chegou a frente do alemão mais novo, é por conta de sua sempre incrível competência, sem ter havido - como nunca houve - qualquer interferência do Sr. Ross "Trabalhamos para um Carro Só" Brawn.

sábado, 29 de outubro de 2011

13

Então, fiéis admiradores das corridas de carrinho, acordamos às 6h30 para assistir o treino de classificação para o GP da Índia. Afinal de contas, dormir é coisa despicienda.
Mais uma vez, o show ficou por conta de Vettel, que conquistou, com aparente, facilidade sua 13ª pole position no ano, igualando, assim, o que conseguiu Ayrton Senna em 1988 e 1989.
Embora o número absoluto seja o mesmo - 13 -, as poles do Kid neste ano não têm exatamente a mesma significação que as de Senna. Em 1988 e 1989, Senna corria na McLaren ao lado, justamente, do segundo melhor piloto - ou do melhor piloto, conforme alguns - da F-1 da época: Alain Prost. Os dois competiram abertamente, Prost tinha exatamente o mesmo equipamento e, ainda assim, não fez frente ao brasileiro nos treinos de classificação.
Em 1992 e 1993, Mansell e Prost fizeram, respectivamente, 14 poles cada um. Mas, aí, o carro era um foguete e seus companheiros de equipe, embora talentosos, não eram Sennas.
Outro dado importante é que, quando o recorde foi estabelecido, corria-se 16 vezes por ano, e não 19 como hoje. O Kid tem 13 poles em 17 classificações e conta, ainda, com mais duas chances para igualar o recorde de Mansell e Prost.
Mesmo assim, o jovem alemão faz miséria quando se trata de andar mais rápido que os outros. É, sem dúvida alguma, o novo rei da pole.

Indiana Jones

Quem vai acordar às 6h30 amanhã para ver o treino da F1? Isso deveria ser proibido.
Hoje, Senninha entre os dez primeiros, o que não chega a ser surpresa; Hamilton punido, o que não é surpresa de forma alguma; Massa em primeirão, com a Prima Dona Alfonsina parando na pista, a mais absoluta surpresa.
Quem acordar às 6h30, me conte o desfecho.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Cura

Igor Rossello, um dos médicos responsáveis pelo acompanhamento de Robert Kubica, informou que o piloto já dirige um carro de rua e, em breve, poderá sentar em um bólido de corrida. A notícia está aqui.
Rossello, no entanto, admite que não há certeza quanto à recuperação total da mobilidade da mão do piloto, que ainda será submetido a uma nova cirurgia.
Após a grave pancada do polonês, a eventualidade de ele não poder dirigir um carro de Fórmula-1 tão rápido quanto antes é um detalhe. Pode ser frustrante para ele e seus fãs - eu, inclusive - não tê-lo disputando as primeiras posições na principal categoria do automobilismo. Não se deve, entretanto, deixar de destacar que a volta a uma vida normal já é uma vitória absurdamente grande, considerando que a amputação foi considerada no caso.
Para mim, até o acidente, Kubica era o mais completo piloto da nova geração. Rápido, consistente, inteligente em termos de conservação do equipamento e estratégia, além de ousado quando necessário. Seria uma pena que ele não pudesse mais disputar um título mundial. Mas o indivíduo já passou por, pelo menos, duas porradas homéricas, voltou e colocou todo mundo no chinelo. Torçamos para que seja assim de novo.
Se não for, não tem problema: "olho para ele e não posso deixar de lembrar como tudo correu bem, todas as fraturas e feridas foram curadas (...)", disse Rossello. Não é assim que todos nós queremos sair de nossas pancadas?

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Dan Wheldon

Wheldon é mais um piloto que se vai em um carro de corrida. Bem sucedido, campeão da Indy em 2005, vencedor de duas edições das 500 Milhas de Indianápolis - a última, neste ano -, o inglês, provavelmente, não teve nem tempo de imaginar onde seu carro iria aterrissar após colidir com a traseira de sabe-se-lá-quem - acho que era um carro da KV -, na pista de Las Vegas na corrida de ontem.
Qualquer piloto sabe que está se expondo a riscos. Ninguém é forçado a ter uma profissão como esta, no estilo "a vida não me deu escolha". Estes caras têm paixão pelo que fazem e a perseguem, apesar de todo perigo.
Correr de automóvel, seja ele qual for, é sempre perigoso. Na pista de Las Vegas, a média horária é de aproximadamente 360km. Um impacto em qualquer coisa a esta velocidade pode ser fatal. O que se faz, adicionando itens de segurança, é minimizar perigo.
Se um cara, em uma estrada, está a 180 km/h com um carro popular e se esborracha em um poste, não há ninguém para se culpar, exceto o cara que estava se expondo a um risco enorme por razão alguma. Nas corridas, o raciocínio não é muito diferente.
No entanto, as circunstâncias do acidente de Dan Wheldon deixam margem a alguma revolta contra os deuses. O piloto não estava participando regularmente do campeonato. Fez apenas duas corridas: as 500 milhas - a prova mais importante e tradicional do calendário -, por ele vencidas; a outra foi, justamente, a do último domingo. Wheldon, convidado especial da organização, iria largar na última colocação e, caso vencesse a prova, receberia uma bolada de US$ 5 milhões, que seria dividida com um fã.
Mas, a mesma organização que pensou nesta firula bem bolada, não pensou nos riscos de enfiar 34 carros em uma pista absurdamente rápida com pouco mais de 2km de extensão. Qualquer pista de kart indoor, em que correm, normalmente, amadores, tem regras bastante rígidas quanto à quantidade de competidores dividindo o traçado. Quem assistiu o GP de Las Vegas, todavia, viu um amontoado de carros disputando pequenos espaços de pista. Parecia que os pilotos estavam competindo em uma avenida movimentada.
É claro que Wheldon quis estar ali, estava sendo remunerado para correr, concorria a um prêmio milionário. Mas não é possível fechar os olhos para as bobagens que se faz na organização da Indy, às vezes com resultados catastróficos.
A batida de ontem não é algo normal, não é um evento que, simplesmente, "acontece". Quantas vezes se vê, em corridas de monoposto, quase metade dos carros envolvida em um único acidente? Foram 15 dos 34 carros de uma vez só. Três deles decolaram, literalmente: o de Wheldon, o da Pippa Mann e o de Will Power. Todos, esses três, e os outros 11 que se safaram, contaram com uma sorte absurda. As imagens do acidente não deixam dúvidas de que apenas uma vítima fatal foi pouco, dadas as proporções da batida.
Quem sabe, com isso, não haja um fortalecimento da união entre os pilotos da Indy, que bem poderiam planejar uma greve ou, simplesmente, se recusar a correr em muquifos de rua, ovais apertados, circunstâncias medonhas, como a chuva torrencial na corrida do Brasil deste ano, e a superlotação na pista de Las Vegas, ontem.
Essas atitudes seriam muito positivas para o aumento da segurança no automobilismo de forma geral. No entanto, já custaram muito para Wheldon e vão pesar para sempre em Susie, Sebastian, de 2 anos, e Oliver, de apenas 7 meses, que perderam o marido e o pai para as corridas de carrinho.
Para eles, hoje, é como se o mundo estivesse deslizando sobre uma trilha de vapor.


sábado, 15 de outubro de 2011

No nível dos olhos

Lucas di Grassi substitui Luciano Burti nos comentários da Rede Globo para o GP da Coréia neste fim de semana. Como disse o próprio Bueno, queríamos ver o brasileiro nas pistas, já que é piloto dos mais talentos.
Enquanto isso não é possível, vejamos, abaixo, esta volta de Grassi em Barcelona, em um teste para a Pirelli. Uma câmera instalada sabe-se-lá-onde no capacete de Lucas dá uma boa ideia da visibilidade que tem o piloto dentro do cockpit de um carro de Formula-1. Muito interessante, vale uma conferida.