quarta-feira, 31 de março de 2021

ESPECULAÇÕES

 Se existe uma coisa que o ser humano gosta é palpitar/especular e embasar a bagaça toda em fatos tão concretos quanto castelos na areia. 

Uma lembrança que adoro ter no arquivo da memória vem lááá dos anos sessenta começo dos setenta quando parte da família se reunia nos domingões da vida. O clã Onofri e os Gomes. Na Mooca pertim do clube Juventus. Meu tio Durval (Durvá para os íntimos) por parte dos Gomes e véio Mero (já qualificado nos autos) sentavam à mesa e desandavam a especular sobre o cotidiano. Lógico que regados com Antárticas (a bebida preferida de meu tio). Eu, que não bebia na época, sentava num canto ouvindo o que seria a solução para os males do mundo. Desde o casamento do reibeto até a inflação que consumia o salário nosso de cada mês. Meu pai era mais raiz, ou seja, chute no saco puxão de cabelos e dedo nos zóios. Meu tio Durvá era mais da conversa mole. Muitas considerações iniciais e nenhuma solução no final. Mas, era um momento único de duas pessoas que faziam parte do meu cotidiano e, de certa forma, moldaram o sujeito que sou. Uma das espantosas conversas girou, certa vez, acerca da emancipação feminina. Meu tio Durvá (para os íntimos) teceu considerações enaltecendo as mulheres o que não era condizente para a época. Resumindo: elas deveriam ter culhões dominar os homens e botar ordem na porra do mundo. Véio Mero quedou-se em silêncio (italianão que era). Fiquei de olhos arregalados  diante de um discurso tão moderno vindo de alguém que desrespeitava minha tia (melhor não falar). Momentos etílicos mas, verdadeiros. Enfim, a velha e boa dicotomia.

Bom, me perdi no post. 

Ah, lembrei.

Muitas especulações rolam sobre o futuro dos pilotos da Mercedes para 2022. Correm boatos que seriam Max (Mad) Verstappen e George Russel. Bão, aqui entra a especulação do blog. Lewis Hamilton é o primeiro piloto da equipe e pronto. Por mais que Valtteri Bottas diga e brigue nas corridas o planejamento antes e durante visa o desempenho do britânico. 

E, historicamente o desempenho das escuderias é mais positivo quando um piloto é destacado para comandar a bagaça. 

Então, será que a Mercedes iria juntar dois pilotos jovens, fogosos, e cheios de energia? Especulando diria que não. Entre os dois ficaria com o mais barato. George Russel. Tem mais. Dona Mercedes não está mais com a bola toda. Agora que os Toro Seniores tem um carro a desafiar os "lemães" Verstappen largaria a rapadura?

Minha especulação. Lewis Hamilton vence em 2021 quebrando mais centenas de recordes, larga o osso, Russel é promovido tendo como segundo piloto nosso grande Rubim.

Quem viver verá.

terça-feira, 30 de março de 2021

DISCUSSÃO APÓS O EVENTO

Algumas discussões após eventos (seja qual for) podem ser hilárias. No meu tempo de Química (há muuuito tempo atrás) as conversas após uma noite de bebedeira pareciam coisas de manicômio: ninguém lembrava direito o que havia acontecido por causa do efeito alcoólico. 

Mais ou menos o que ocorre nas declarações após o GP de Bahrain. O mais chato versa sobre o limite de pista. A F-1 em nome da segurança (?) retiram, com muita frequência, a brita dos autódromos colocando, em seu lugar, asfalto. Além da zebra ser domesticada não danificando o carro. Lógico que os "meninos" vão usar os limites de pista usando a área de escape como quintal de casa. A solução, para o abuso, são os sensores que, nos treinos, deletam a volta do espertinho. Porém, na corrida a regra é nebulosa. Pode sair mas, não pode abusar. Neste GP especificamente a área de escape da curva 4 foi liberada. Hamilton, na dele, usou e abusou até a direção de prova avisar que não pode. Como assim? Pode ou não pode? Pode, mas não pode abusar. Uma zona total. E, pode piorar.

Veio o lance da ultrapassagem de Verstappen sobre Lewis. O belga/holandês/marciano saiu da pista logo após a ultrapassagem burlando o regulamento. Levou uma baita vantagem com a ação. Devolveu a posição (os caras da TV não ouviram meus berros quando da ultrapassagem no sentido de "tem que devolver a posição". Só entenderam de fato no final da corrida. E, dizem que são do ramo) e ficou no mimimi. Disse que abriria cinco segundos de vantagem fácil fácil compensando a punição. Será? E será que a punição seria de cinco segundos? Poderia ser de dez.

Enfim, uma discussão facilmente evitável se houvesse brita na porra da curva 4. Hamilton a respeitaria ou atolaria. E, por aí vai.

Toda essa polêmica tira o brilho da primeira corrida da temporada.

Outras discussões mais interessantes se levantam.

Por exemplo: Vettel foi mal pácarai. Nos treinos e na corrida. E, sem Ferrari. Penso que deve pedir o boné no final da temporada ou levará um bico nos fundilhos. Tá certo que a Aston Martin andou para trás Mercedes verde que é. Mas, ou Sebastião ajuda a gente ou vamos desistir dele.

Por enquanto é isso. Ah, só para constar o boca suja do Gunther Steiner (nosso Guenta Sentado) saiu em defesa do indefensável Nikita Mazepin. Declarou que o período de pré-temporada conturbado contribuiu para o estado de espírito do playboy russo. O que uma boa grana não faz.

segunda-feira, 29 de março de 2021

LAMBÃO EM BAHRAIN -2021

 Em conversa com o chefe do blog discutiu-se a substituição de Pastor Maldonado pela figura de Nikita Mazepin como símbolo das maldonadices GPs afora. Seria então Mazepinice.

O homem gosta de rodar. Pensamos que a Haas vai gastar toda a grana que o russo entrega em peças de reposição. Resolvemos aguardar os próximos capítulos para decidir acerca do símbolo. Uma chance ao playboy.

Mas, vamos ao que interessa. Dona Gertrudes está isolada em algum lugar do mundo. Mas, disse que seus leitões estão junto e a iguaria está garantida. 

Nem é preciso muito esforço para a entrega do leitão porcamente assado pela maldonadice do dia. Nikita Mazepin conseguiu a proeza de rodar logo de saída. Como já havia perpetrado a lambança em todos os treinos leva o prêmio. 

Dona Gertrudes tentou argumentar que Vettel merecia pela encoxada em Ocon. Uma barbeiragem digna de Mr. Magoo. Mas, ela tornou-se amiga do puto Putin e foi declarada suspeita. 

Então, o leitão vai ser entregue, via Tartarudex, onde quer que o jovem russo declare sua residência. Como é filho de um quaquilionário envolvido com negócios petrolíferos dona Gertrudes preparou um molho especial com sobras de lubrificantes. 




sábado, 27 de março de 2021

O DESAFIANTE

 Quando assistimos vídeos do mundo animal o líder da bagunça acaba sendo desafiado, em algum momento do reinado, por algum pimpolho novinho cheio de energia. Então, várias porradas depois, ou o novinho se ferra, ou leva a melhor desbancando o "velho".

Faz algum tempo que o velho Hamilton é desafiado por algum novinho cheio de empáfia. Um deles foi esperto, deu uma surra no "véio" e pediu aposentadoria da bagaça deixando Lewis a ver navios acerca de um troco qualquer. Nico Rosberg vai contar aos netinhos como foi campeão  na mesma equipe que o grande Hamiltão. Tá certo. Nico tem mais ou menos a mesma idade de Lewis. Não é novinho mas, vale a comparação.

Hoje, primeiro dia treino oficial da temporada de 2021, um novinho (de fato) deitou e rolou sobre as Mercedes (sobre Hamilton porque Bottas não conta, tadinho). 

Max Verstappen finalmente tem um carro veloz e superior (hummm). Fez a pole e tornou-se o sujeito a ser batido. Penso que devemos ter cuidado com o andor. A primeira corrida nem aconteceu. E, Mercedes é Mercedes. A cara do nosso Totó Lobão após o treino oficial diz que não assimilou muito bem a surra. Vai chutar algumas bundas.

Enfim, aguardemos os próximos capítulos. Lembrando que os Toro "erraram" na estratégia de pneus do nosso Chapolin Perez que larga em décimo primeiro. Começou cedo a fritura com molho mexicano.

De resto, a boa classificação do Charles Leclerc (o monochato) saindo em quarto depois de ficar, o tempo todo, atrás de Carlos Sainz Jr. 

É isso.


sexta-feira, 12 de março de 2021

COMEÇOU

 Quando mais menino que hoje lembro, lá nos anos sessenta, as transmissões futebolísticas pelo rádio. Na voz do locutor viajávamos até o campo imaginando as jogadas entabuladas pelos nossos ídolos. E, naquele tempo, quando tudo era mato, os ídolos eram raiz. Não vamos nos aprofundar porque o motivo do post é outro. Só para lembrar que o inesquecível Fiori Gigliotti abria a transmissão com o bordão "abrem-se as cortinas, começa o espetáculo".

Enfim, começaram as atividades da F-1 para o pandemônico ano de 2021. Lá em Bahrein palco da primeira corrida no final deste mês. Como são testes pré-temporada não importa muito o resultado inicial.

Como destaque a quebra de um carro que o blog vai "secar" a temporada toda por conta do que aprontaram com Vettel.


A Ferrari deixou Leclerc na mão o que não quer dizer muita coisa neste início de trabalhos.

Outro destaque foi a tempestade de areia que não é comum por aqui mas, presente naquela região.

Na foto Verstappen na "chuva". Não li sobre o problema que a areia fina pode causar aos carros. Mas, imagino que ocasionam algum dano.




segunda-feira, 8 de março de 2021

Tombos, cicatrizes e nomes incomuns - 1ª parte

Ela veio de Porto Alegre por avião. Pousou em Guarulhos e deve ter sido arranjado um serviço especializado para levá-la ao nosso apartamento - morávamos, então, na rua Frei Caneca. Desci à portaria quando a chegada foi anunciada pelo interfone.

Minhas tentativas de possuir uma como aquela já vinham de anos. A última delas, depois de ter recebido algum dinheiro como presente de aniversário da minha avó, resumiu-se a duas montadas curtas antes que um ex-namorado da minha irmã - coincidentemente ou não, também um ex-amigo meu - tentar uma intervenção e, como consequência, levá-la definitivamente ao óbito.

Estou disposto a admitir que a referida intervenção fosse necessária, mas talvez não suficiente para salvá-la. Entrando de improviso em uma oficina, perguntei: “o senhor vende também usada?”. Ao que me foi respondido: “tenho estas duas aqui”. Consultei o preço e, calculando o dinheiro que tinha no bolso questionei, atipicamente: “o senhor não faz por R$80?”.

Até hoje, lembro-me bem da expressão facial daquele homem que cogitava gravemente sobre minha proposta. Uma meditação tão profunda não é comum entre os comerciantes, dispostos a descartar prontamente o que não maximize seu ganho. O adiamento da negativa me deu esperanças de que o negócio fosse fechado, como de fato foi. Minha alegria, no entanto, impediu-me de perceber que, por valor tão irrisório, ela não durasse, como não durou, mais que duas vezes e uma intervenção.

Minha irmã foi protagonista, ainda, de uma outra experiência traumática. Antes da minha aventura no mundo dos negócios para aquisição de um exemplar não apenas usado, como também consumido pelo tempo por 80 reais, houve um longo período em que não tive bicicleta. Compartilhava, então, justamente, a de propriedade da minha irmã em um acordo que não impunha muitas condições restritivas. Uma das poucas referia-se ao âmbito geográfico em que era permitido o uso do equipamento: ir até a Última Rua do bairro estava fora de questão.

A Última Rua conotava uma espécie de linha de segurança entre nosso mundo e o desconhecido. Nela, localizava-se a igreja da Paróquia de São Judas Tadeu, mas o que se via depois dali era um imenso espaço preenchido apenas por mato mal cortado e árvores rarefeitas.

Todos tínhamos respeito por aquela fronteira simbólica, mas o cumprimento do arranjo estipulado com minha irmã tornou-se difícil quando se descobriu uma trilha que passava por um terreno baldio além da Última Rua. A trilha permitia um mergulho pavoroso e veloz em um universo desconhecido. Secretamente, percorri o caminho algumas vezes e, como a trilha tornara-se um frisson na rua em que morávamos, e as experiências nela vividas eram debatidas abertamente, minha irmã já desconfiava que eu guiava ilegalmente por aquelas bandas.

A trilha passava pelo mato, desembocando novamente no bairro por uma rua atrás da igreja. Numa certa ocasião, ao deixar o caminho de terra e iniciar o trajeto na área asfaltada atrás da igreja, notei a presença de um homem que me olhava fixamente, andando no sentido oposto ao meu. Tentei desviar, mas ele me cercou. Não pensei, ou não tive coragem, de correr na direção contrária. A única coisa que me ocorreu foi a cogitação de que o homem quereria roubar o boné que eu trajava - um boné falsificado com o emblema dos Chicago Bulls, a que eu atribuí um valor muito maior que ao da bicicleta.

“Baixim, desce da bicicleta, tô com um revólver aqui”. Até hoje, minha irmã não me perdoou.

(a inspiração para esse texto está aqui e a sua continuação, por vir