quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

AINDA FÉRIAS NO MATO

 

na vigilância

encontro amoroso ao cair da tarde

Gralha do campo. Na primeira vez que viemos o comedouro (e pedras como essa) vivia cheio de pássaros a aproveitar a comidinha oferecida por nós. Desta feita as abelhas tomaram conta do lugar espantando os pássaros. Fomos informados que algum vizinho está criando as rabugentas. Mas, alguns resistem. Esta gralha, por ex.. Pousou na pedra e chamou as amigas.


Imaginem o porquê algumas pessoas são equiparadas às gralhas quando falam. "Conversa" em altos brados.

 

MAIS FÉRIAS NO MATO

CHUVA AQUI, SOL LÁ
SOL AQUI, CHUVA LÁ      

















terça-feira, 26 de janeiro de 2021

FÉRIAS NO MATO

 Nestes tempos sombrios viemos passar uns dias de férias num sítio morro acima. Lindo lugar.

Algumas fofas fotos.

cidade ao longe

visita noturna

vaca alpinista


Jacuguaçu. O famoso Jacu do rabo grosso


onde moram as bruxas


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

O ABDUZIDO

 Lembro que morávamos na periferia. Outros tempos. Jovens com predisposição para as mais variadas aventuras. 

Havia um matagal no final da rua que era sem saída. Ali os motoristas davam a volta criando um pequeno descampado que acabou servindo, de dia, ao futebol e, à noite, para reuniões da garotada. Participavam destas reuniões os jovens intrépidos que escapavam da vigilância dos pais. Mas, todos com o compromisso de ir para casa antes das dez horas. Uns dez garotos. 

As reuniões, dependendo dos participantes, versavam sobre lobisomens, assassinatos na escuridão da noite, mulas sem cabeças, ataques zumbis, loiras que esperavam os xixizentos perto da árvore mais regada pela urina nossa de cada noite com a intenção de cortar a "mangueira" e por aí vai.

Mas, o matagal, tema da maioria das histórias, era de fato tenebroso. A rua era parcamente iluminada ajudando no clima fúnebre. A iluminação insuficiente e as árvores do início do matagal davam azo para o frio na barriga toda vez que alguém tossisse ou arrotasse. Por sinal, arrotar quando alguém relatava uma tenebrosa história, era  a especialidade do Júlio. Um menino meio chato (não de todo chato porque era engraçado algumas vezes) que vivia dizendo que gostaria de provar algumas das histórias relatadas. A da loira era sua preferida. Dizia que ela não teria coragem de cortar a sua "mangueira" pelo poder hipnotizante da dita. Bom, o matagal começava no final da rua e terminava, uns duzentos metros em linha reta, na avenida que desembocava em nosso bairro. Então, tínhamos árvores do tempo "em que tudo era mato", arbustos e tudo o mais fechando a visão. Sim, havia uma trilha no meio. As pessoas mais corajosas cortavam caminho até a avenida. 

Certa noite lá estávamos nas velhas e novas discussões. Júlio, num certo momento, levantou e anunciou que iria inaugurar outra árvore. Esperando encontrar a loira. Entrou na mata sem nossa preocupação porque ninguém ia mata adentro. Naquela noite, no entanto, coisas estranhas estavam acontecendo. Clarões como relâmpagos ao longe. Seria uma tempestade ou ETs preparando a descida. Lembrando que todos assistimos deslumbrados o filme "Contatos Imediatos do Terceiro Grau". 

Júlio demorou um pouco mais que no normal e alguém comentou que a loira tinha feito uma vítima. Neste momento houve um clarão seguido do estrondo do trovão. As luzes da rua e casas próximas se apagaram. Gelamos. Olhamos para a mata mas, sem enxergar quase nada. Repentinamente, um clarão em meio às árvores. Uma luz intensa percorreu um trecho e sumiu. Nada do Júlio. Corremos para as casas e pegamos nossas lanternas. Todo mundo tinha uma porque era normal faltar energia. 

Com a notícia do sumiço do nosso amigo adultos se juntaram e entraram na mata. Os garotos, assustados, iam atrás relatando teorias malucas. Não encontramos traços de Júlio. Amanheceu. A polícia já estava presente. Pior, interrogando os últimos a ver o garoto como suspeitos. Metade do bairro estava mata adentro. Nem havia tanto para  ser percorrido. No final do dia alguém balbuciou: "o clarão, ETs, abduzido". Não restava dúvidas para nós, os garotos, que Júlio havia sido abduzido. Alguns adultos olhavam incrédulos. Outros inclinavam para nossa versão. Sim, foi uma noite muito esquisita.

Na tarde do dia seguinte ao desaparecimento o caldo estava engrossando para nós, os últimos a ver Júlio. Muita gente dizia que ele morreu fruto de alguma brincadeira estúpida e demos um fim ao corpo. Como se, fosse verdade a teoria, não encontrassem indícios. Já era noite quando estávamos na boca da mata tentando materializar nosso amigo. Pois não é que deu certo?

Júlio, como num passe de mágica, surgiu em meio às árvores. Mancando, com marcas de sangue na cabeça e todo sujo de terra. Gritamos feito loucos e logo o pobre coitado estava numa maca de ambulância. Dissemos que tínhamos razão. Ele foi abduzido e devolvido depois de sofrer experiências malucas nas mãos dos ETs, aqueles viados. Nosso amigo, em estado de choque, balbuciava algo mas, ninguém prestava atenção. Lá vem a polícia novamente interrogar os que estavam na mata quando Júlio reapareceu. Finalmente, um policial mais calmo aproximou-se do garoto e ouviu o que ele tentava dizer em meio aos pedidos de explicação acerca da nave espacial. Gemeu, "o caminhão". 

Para a garotada a nave tinha o tamanho de um caminhão. O policial perguntou onde estava o caminhão. Júlio como a pedir desculpas pelo incomodo respondeu "na avenida." Estava desvendado o mistério, segundo o  homem da lei. Foram até a avenida e a atravessaram. Ninguém havia feito isso. Todos se concentraram no lado da avenida do nosso bairro. Do outro lado foram encontradas marcas de presença de um corpo. Mato pisado e sangue na terra. Conclusão: Júlio, sabe-se lá porque, resolveu atravessar a avenida. Um caminhão o atropelou e ele ficou inconsciente na mata. Do lado que não foi averiguado. Até que acordou e voltou, glorioso.

Essa foi a versão oficial. Para nós ele foi abduzido coisa e tal. O caminhão era algo da cabeça dele. Sei que o acontecimento transformou nossa vidinha. Júlio evitava a antiga turma o que, para nós, era indício da abdução. Sabe-se lá que pacto tinha feito com os seres extraplanetários.

Logo a família dele mudou de bairro para evitar os cochichos e elucubrações sobre o menino. Nós, que restamos, temos assunto até hoje quando nos reunimos no barzinho da praça. O campinho e a mata não existem mais. Construíram casas no terreno. Destruíram o palco de um acontecimento quase único. Mas, enquanto vivermos a verdadeira história daquele noite permanecerá. Má que caminhão que nada.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

ENTÃO VAMOS LÁ

 



que venha 2021