segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Dan Wheldon

Wheldon é mais um piloto que se vai em um carro de corrida. Bem sucedido, campeão da Indy em 2005, vencedor de duas edições das 500 Milhas de Indianápolis - a última, neste ano -, o inglês, provavelmente, não teve nem tempo de imaginar onde seu carro iria aterrissar após colidir com a traseira de sabe-se-lá-quem - acho que era um carro da KV -, na pista de Las Vegas na corrida de ontem.
Qualquer piloto sabe que está se expondo a riscos. Ninguém é forçado a ter uma profissão como esta, no estilo "a vida não me deu escolha". Estes caras têm paixão pelo que fazem e a perseguem, apesar de todo perigo.
Correr de automóvel, seja ele qual for, é sempre perigoso. Na pista de Las Vegas, a média horária é de aproximadamente 360km. Um impacto em qualquer coisa a esta velocidade pode ser fatal. O que se faz, adicionando itens de segurança, é minimizar perigo.
Se um cara, em uma estrada, está a 180 km/h com um carro popular e se esborracha em um poste, não há ninguém para se culpar, exceto o cara que estava se expondo a um risco enorme por razão alguma. Nas corridas, o raciocínio não é muito diferente.
No entanto, as circunstâncias do acidente de Dan Wheldon deixam margem a alguma revolta contra os deuses. O piloto não estava participando regularmente do campeonato. Fez apenas duas corridas: as 500 milhas - a prova mais importante e tradicional do calendário -, por ele vencidas; a outra foi, justamente, a do último domingo. Wheldon, convidado especial da organização, iria largar na última colocação e, caso vencesse a prova, receberia uma bolada de US$ 5 milhões, que seria dividida com um fã.
Mas, a mesma organização que pensou nesta firula bem bolada, não pensou nos riscos de enfiar 34 carros em uma pista absurdamente rápida com pouco mais de 2km de extensão. Qualquer pista de kart indoor, em que correm, normalmente, amadores, tem regras bastante rígidas quanto à quantidade de competidores dividindo o traçado. Quem assistiu o GP de Las Vegas, todavia, viu um amontoado de carros disputando pequenos espaços de pista. Parecia que os pilotos estavam competindo em uma avenida movimentada.
É claro que Wheldon quis estar ali, estava sendo remunerado para correr, concorria a um prêmio milionário. Mas não é possível fechar os olhos para as bobagens que se faz na organização da Indy, às vezes com resultados catastróficos.
A batida de ontem não é algo normal, não é um evento que, simplesmente, "acontece". Quantas vezes se vê, em corridas de monoposto, quase metade dos carros envolvida em um único acidente? Foram 15 dos 34 carros de uma vez só. Três deles decolaram, literalmente: o de Wheldon, o da Pippa Mann e o de Will Power. Todos, esses três, e os outros 11 que se safaram, contaram com uma sorte absurda. As imagens do acidente não deixam dúvidas de que apenas uma vítima fatal foi pouco, dadas as proporções da batida.
Quem sabe, com isso, não haja um fortalecimento da união entre os pilotos da Indy, que bem poderiam planejar uma greve ou, simplesmente, se recusar a correr em muquifos de rua, ovais apertados, circunstâncias medonhas, como a chuva torrencial na corrida do Brasil deste ano, e a superlotação na pista de Las Vegas, ontem.
Essas atitudes seriam muito positivas para o aumento da segurança no automobilismo de forma geral. No entanto, já custaram muito para Wheldon e vão pesar para sempre em Susie, Sebastian, de 2 anos, e Oliver, de apenas 7 meses, que perderam o marido e o pai para as corridas de carrinho.
Para eles, hoje, é como se o mundo estivesse deslizando sobre uma trilha de vapor.


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