domingo, 30 de outubro de 2011

O menino mais triste do mundo

Lewis Hamilton, quando iniciou sua carreira na F-1, era a imagem do cara alegre, tranquilo e confiante no seu talento e trabalho. Tanto que quase conquistou o campeonato mundial logo no seu ano de estreia.
Os sorrisos de outros tempos sumiram completamente e, hoje, Hamilton - que ainda é tão menino -, sempre aparece na mídia com a cara fechada, a expressão tristonha. As declarações que deu após a prova deste domingo são testemunhos da péssimas fase do inglês.
"Não posso me desculpar o bastante ao meu time pela negatividade que me cerca hoje em dia. Só tenho de manter a cabeça erguida e tentar voltar na próxima corrida", disse Lewis ao TotalRace.
De onde surgiu essa tal negatividade é algo que não se pode saber. A decepção por andar atrás de Button, mesmo contando, desde sempre, com o apoio incondicional da equipe? O estremecimento de sua relação com o pai? O rompimento com a namorada Pussycat? Todas especulações que não interessam.
Seja lá o que tenha acontecido com Hamilton, certamente o está atrapalhando demais em sua carreira, que já é brilhante, mas que pode ser muito mais. No entanto, de nada adianta ter uma carreira brilhante se não houver entusiasmo, brilho nos olhos. Não são títulos mundiais que vão trazer realização para uma vida. Talvez seja essa a lição a ser aprendida por Lewis. Esses caras dedicam a vida inteira ao automobilismo, abrindo mão de muitas coisas em uma busca cega por posto na F-1 capaz de lhes proporcionar vitórias. Até se esquecem, no meio de toda pressão e dinheiro envolvido, de que tudo não passa de uma brincadeira de menino: "vamos ver quem chega primeiro?" E aí pode ser que a resposta seja negativa quando se para pensar: "vale a pena?"
Quando perguntado sobre 2012, Hamilton respondeu, simplesmente: "não sei o que estou procurando". Eu - que sou um mês menos menino do que Hamilton - não posso dar uma resposta, mas posso constatar uma obviedade: talvez, todos devamos procurar o que nos faça felizes, realizados e completos, o que não necessariamente vai estar em nossos escritórios, salas de aula, gabinetes ou pistas de corrida. O sucesso que buscamos é, às vezes, vazio. Em nome dele, deixamos de lado uma série de aspectos importantes da vida que vão, de pouco em pouco, se revoltando contra nós, até que, a certa altura, desabam em nossas cabeças fazendo tudo ficar sem sentido.
Lewis parece hoje o menino mais triste do mundo. Ou, quem sabe, o segundo.

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