segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pós-vôlei

Deitei na cama, no dia 20 de outubro de 2011, possuído por uma absurda ansiedade. Deitei cedo, antes da meia noite, para tentar fazer um bom dia 21.
Aconteceu que, mesmo cansado, não foi possível dormir. Preocupava-me muito a chegada de uns documentos no dia seguinte. Pensava em todas as possibilidades: talvez eles não chegassem, talvez chegassem atrasados, quem sabe chegassem todos errados, faltando alguma coisa. Tudo foi minuciosamente previsto e não solucionado pela falta de sono.
Depois do processo de virar de um lado para o outro, olhar para a janela, para as luzes projetadas na parede, pôr e tirar os óculos para testar como o quarto ficava mais legal, e, afinal, perceber que não dormiria a não ser que tomasse um sedativo, lembrei que, naquela madrugada, a seleção feminina de vôlei decidiria um campeonato importante, cujo nome já não sei qual era. Na impossibilidade de me entregar a Morfeu, levantei para ver a partida.
Foram 5 sets e, pelo que lembro, o Brasil ficou a um passo da derrota, pois o jogo esteve 2 a 0 ou 2 a 1 em algum momento. A seleção, no entanto, empatou o certame e venceu no tie brake, conquistando o campeonato de forma muito emocionante. Irritava-me, contudo, o fato de a TV Bandeirantes cortar, o tempo todo, a imagem da quadra para mostrar a cara da jogadora Jaqueline, que tinha sofrido uma lesão no pescoço em uma das partidas anteriores e acompanhava a decisão de casa ou coisa que o valha.
Aquilo foi muito alegre, a conquista do título mesmo nas circunstâncias difíceis do jogo, as meninas comemorando e mandando beijos para a família, aquela choradeira toda. Após a cerimônia de premiação, o relógio já sinalizava que era bem tarde, quase 4 da manhã, e meu corpo sinalizava cansaço. Agora sim, seria impossível não dormir.
Voltei para cama mais alegre, menos preocupado com os documentos. É como naquelas viagens de carro com a família em que o pentelho pergunta se já está chegando e a mamãe paciente responde: "dorme que chega mais rápido". Bastava para mim dormir que os documentos estariam ali no dia seguinte e as preocupações teriam desaparecido. Descobri que o sono pós-vôlei era bem mais fácil.

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