terça-feira, 10 de janeiro de 2012

ÔNIBUS - I

Ao ler o post do chefe sobre viagens de ônibus e ler a crônica da Vanessa pelo atalho não poderia deixar de escrever sobre os chamados coletivos.
Aliás, a crônica do link foi para mim uma viagem aos tempos em que morei no Alto do Mandaqui.
Quando mudamos de Curitiba para Sampa, em 1966 (!!!) estranhei muito os novos personagens que o destino jogou em minha vida.
Gente estranha com interesses mesquinhos bem ao contrário de meus amigos curitibanos.
Piorando a situação virei atração por causa do sotaque. Todo mundo, até os professores, queriam que eu tagarelasse para ouvir o sotaque sulino. Por tudo, quase não tinha amigos nesta época.
Uma das maneiras de escapar do isolamento forçado era uma aventura domingueira.
Eu pegava o ônibus domingo logo depois do almoço e ia até o centro da cidade. O ponto final era, então, na Praça do Correio.
Eu ia com o dinheiro contado para a passagem de volta. Nem pensar em comprar algo nesta empreitada.
Descia na Praça do Correio e saía andando sem destino. Muitas vezes me perdia e tinha que perguntar para alguém onde ficava a Praça de modo a pegar o tal coletivo de volta para casa.
Como dizem hoje, tenso.
Eu tinha uns onze anos e fico pensando em como meus pais permitiam uma aventura dessas. Lembrem-se: não tínhamos telefone e não levava nenhum bilhete com endereço.
Mas, sobrevivi.
Os ônibus eram da Brasil-Luxo e a molecada tinha uma espécie de esporte. Consistia em descer com o paquiderme de lata ainda em movimento. Como resultado muito joelho ralado.
Esse foi meu primeiro contato com os tais coletivos.

6 comentários:

  1. Fantástico. Como filho, eu não deixaria meu pai fazer esse passeio.

    Um passarinho mandaquiense disse que ali não é Alto do Mandaqui. Eu não tenho nem ideia. Não tenho certeza nem se um dia cheguei a entender a zona norte. Só sei mesmo o que é Bancários.

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  2. Impressão minha ou alguém aí difamou os mandaquienses? A comunidade vem, portanto, exigir ao chefe do blog o sacrossanto e inalienável direito de resposta.

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  3. Nada foi difamado, mas concede-se o pleiteado direito de resposta, desde que seja exercido de forma menos rápida e apressada desta vez.

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  4. "Gente estranha com interesses mesquinhos". É claro que o nobre colega está se referindo aos moradores do Conjunto dos Bancários, onde efetivamente residiu e sofreu bullying. Os mandaquienses e alto-mandaquienses não passam de estranhos com interesses estúpidos - porém inofensivos.

    Um exemplo: um morador dos Bancários vê um tatu-bola e cospe no chão, como forma de demonstrar sua superioridade sobre o diminuto animal. Tenta inclusive aterrorizá-lo usando palavras em alemão, ou torturá-lo com um fósforo aceso.

    O mandaquiense é o tatu-bola.

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  5. Isso é um absurdo! Há tempos nenhum habitante dos Bancários - ou ex-habitante - usa qualquer palavra em alemão. As últimas foram "bitte" e "schön", que são vocábulos polidos.

    No entanto, deve-se observar que seu nobre colega não residiu o tempo todo nos Bancários, mas em outras regiões da confusa zona norte, quando foi vizinho de pessoas como o Chinho (?) e o César Locão.

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  6. Sotaque sulino e tudo de bom. O senhor devia cobrar pra falar. Tinhamos um colega gaucho criado hibridamente na Alemanha e no interior de SP e era um deleite a "performance oratoria" dele. Pelo menos pra mim.

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