sábado, 31 de dezembro de 2011

10, 9, 8, 7, 6...

Ah, 2011 vai deixar saudades! Pena que é daquele tipo de saudade que você tem que fazer de tudo para apagar porque não há meio de matá-la senão enterrando o que sobrou lá no fundo até que já não haja carinho e não se sinta mais a falta dele.
Se, ao longo do ano que termina daqui a algumas horas, houve, o tempo todo, algum incêndio para apagar, alguma pendência para resolver, algum espinho para ser retirado, hoje podia ser bem diferente, ser como um dia chuvoso no meio do carnaval, quando um sujeito vestido de Freddie Mercury faz a alegria de todo mundo e dá-se, sozinho, uma volta no quarteirão para descobrir que é você mesmo quem vai voltar para casa encharcado - e que isso é ótimo.
Se, ao longo deste último ano, tivemos a impressão de que tudo o que podia dar errado, deu, hoje, bem poderia ser como um dia bem frio de inverno em que, mesmo sem ter um agasalho, come-se um bife olhando o mar e senta-se ao lado do Drummond: "olha isso, Carlos. O que você acha deste texto?". Drummond não gostou do texto, mas e daí? O estômago estava cheio, o por-do-sol, lindo, e eu sentei ao lado do Drummond.
Se, ao longo de 2011, houve medo e fuga de tantos fantasmas, hoje poderia ter a leveza de uma quarta-feira perdida no meio de uma semana, um dia 31 qualquer em que, mesmo com a gravidade das pilastras e importância dos nomes, é possível até esquecer o que queríamos que fosse esquecido.
Se, durante os últimos 12 meses, tivemos que fugir lá para fora mesmo sem ter um quintal, hoje poderia o mundo caber, de novo, no meu quarto escuro e não haver necessidade ou vontade de fugir para lugar nenhum.
Se o ano que acaba hoje foi difícil, arrastado, demorou para passar e passou tão rápido, deixando um gosto amargo, bem amargo, um gosto de descrença nos outros e em mim mesmo, um gosto de desentendimento e uma dor equivalente a de uma pedra dançando rockabilly no rim, não seria pedir demais que, quando bater meia noite, como num passe de mágica, o gosto amargo de 2011 se transforme, de repente, em gosto de paçoca. 2012 podia ter gosto de paçoca. Ou, melhor, paçoca misturada em uma vitamina de abacate. Paçoca com abacate, eis um bom sabor para 2012 - bem ao estilo acadêmico-elétrico.
Nós aqui desejamos a todos os amigos um feliz ano novo, que os próximos 365 dias durem menos que apenas dez dias de espera que não acabam nunca; que entendamos que as valas comuns da vida estão bem próximas de nós e que aquilo que me diferencia de um homicida é, simplesmente, nunca ter errado uma freada por dois metros e atropelado um transeunte; que, ao apanharmos, aprendamos a não bater nos outros; que bacharéis virem mestres e mestres virem doutores; que nos edifiquemos e que nossos alunos se edifiquem; que haja mais posts sobre os pneus Pirelli do que sobre qualquer terrível estado de espírito; que haja certeza de que vai ficar tudo bem, afinal, ainda temos dois braços, duas pernas e um coração puro. Ah!, e que haja muitas e muitas paçoquinhas bem gostosas para todo mundo.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

LOCOMOTIVA DESEMBESTADA

Well, well, well, como diria Alex DeLarge em “Laranja Mecânica”.
O blog deu uma pirada legal nos últimos tempos.
Alguns posts lembram viagens psicodélicas ao nos remeter para o mundo das baratas alopradas. Pena que elas morrem no final
Outros são surpresas para mim, ateu confesso.
Esta locomotiva desembestada volta aos trilhos em momentos como “beber, beber, beber, e não esquecer”.
Mas, recheado de coisas Dali como em busca de um ponto Salvador.
Como apenas um colaborador do blog acredito que o rumo deve ser ditado pelo diretor de redação (ou algo que o valha).
Para 2012 (o ano final) penso que continuaremos a sair e voltar aos trilhos.
Ou não.
Mas, para marcar os novos tempos vou iniciar uma campanha para mudança do visual do blog.
Poderia começar agora mesmo, mas, o diretor de redação (ou algo assim) está neste instante (15:27 h) dormindo no quarto ao lado, cansado de arrastar correntes na noite anterior.

Beber, beber, beber, e não esquecer


Ontem, estava alegremente assistindo esta entrevista quando lembrei de um livro que relemos (aqui, o plural não é para ser mais simpático) todos os anos, pelo menos um trechinho, que começa assim: "o homem é, fundamentalmente, um ser que esquece".
Lembrei, então, que, há meses - acho que desde agosto deste ano. Ou setembro? - venho pensando em escrever sobre o Nick Heidfeld e sua carreira, mas o tempo foi passando, fui perdendo o timing e, agora, embora não tenha esquecido, não quero mais escrever sobre o Heidfeld. Coitado, perdeu para o Raikkönen quando a McLaren precisava de um piloto, perdeu para o Massa quando a Ferrari precisava de um piloto, ganhou uma chance inesperada quando o Kubica se estropiou e a Lotus-Renault (que agora é só Lotus) precisava de um piloto e, de repente, mandaram o cara passear e ele, de novo, perdeu. Desta vez, para o Bruno Senna. Como se não bastasse, vai ficar sem meu texto a seu respeito - e esta deve ser a pior parte para ele.
Acho que, se não escrever sobre o Heidfeld, uma hora eu vou esquecer as palavras que escolhi e que estavam quase todas na minha cabeça. Afinal, qual a verdadeira importância dele para a história da Fórmula-1? Tudo bem, ele era um piloto com apoio da Mercedes, foi campeão de F-3000 com o pé atrás, tinha tudo para ser ele o contratado pelo time de Woking em 2002, mas eles preferiram o Raikkönen que tinha, até então - pasmem -, apenas duas temporadas em monopostos: uma de F-Renault e outra já na F-1, pela Sauber. Dizem que foi o Mika Häkkinen quem soprou na orelha do Ron Dennis, "escolhe o finlandês, ele é melhor que o alemão". E o Nick, que tinha o apoio da Mercedes, ficou mesmo na Sauber. Mas é um piloto perfeitamente esquecível.
E, no meio dessa digressão toda, eu acabei lembrando da primeira e única pole-position do Heidfeld na F-1. Foi no GP da Europa de 2005. Lembro até onde eu estava, com quem assisti e quantas horas eu havia dormido - duas horas e quarenta e três minutos. O Heidfeld fez a pole naquela ocasião, mas não foi esse o principal evento do fim de semana automobilístico. Na verdade, os acontecimentos da corrida ofuscaram o brilho da pole de Nick, alemão, em território alemão. Alguém aí lembra? Eu lembro, e o YouTube ajuda a refrescar a memória e me poupa de ter que relatar a corrida inteira:



Era a última volta! Terrível perder na última volta, mas quem perdeu foi o Raikkönen, não o Heidfeld, é bom lembrar. Nick chegou em segundo, melhor resultado de sua carreira.
Na noite anterior a da corrida, foi realizado o Ultimate Dodô Game, e, embora eu tivesse sido "sorteado" para tomar uma dose de Ypioca várias e várias vezes, eu me lembro muito bem. Ainda acordei para ver o GP com dor na canela. Reagiram mal à minha estrita observação das regras do dodô e eu tomei uma bica na canela. Não esqueci.
Quando terminou a corrida, acho que já não lembrava da bicuda, mas me lembro bem que, depois de acontecer o que acabamos de relembrar com o Raikkönen, meu companheiro de corridas - que, naquele dia, não era meu pai - exclamou, ao ver o Alonso comemorando a vitória: "vai tomar água, Alonso!". Alonso tomou foi é champagne.
Depois desse dia, Heidfeld correu muitas e muitas corridas, mas nunca mais fez uma pole e é difícil que volte a fazer alguma, na medida mesma em que é muito improvável que ele volte a pilotar um carro de F-1 em uma corrida.
Bom, eu sei, eu lembro que da última vez que escrevi algo semelhante sobre um piloto ele arrumou um contrato para correr na semana seguinte, e eu até pensei em mudar a área de atuação profissional e virar o "Pai Renatão Pé Frio". Era um sábado - último sábado do mês de agosto -, dia do treino classificatório para o GP da Bélgica. No dia seguinte, domingo, eu quase não acordei para a corrida - quer dizer, na verdade, acordei, mas atrasado, já estávamos na 13ª volta. E tinha uma música na minha cabeça naquele dia porque, na noite anterior, fomos ver uma banda no Café Piu-Piu, e a banda chamava-se Rockover e eles tocaram "My Sharona", que é realmente genial de tão simples. Na sexta-feira, tínhamos visto um filme em que uns menininhos tinham uma câmera de filmar super bacana e eles cantavam "My Sharona" também, mas não tinham uma banda. "Mamamamama My Sharona... tum tum tá tá, tum, tá, tum, tá... ". Não tinha como não grudar, a canção.
E desde esta época eu queria escrever um texto sobre o Nick Heidfeld. Não escrevi, perdi o timing, não esqueci dele, mas todos vão lembrar que eu escrevi isto logo acima e pensar consigo mesmos: "esse cara se repete muito".
Fato é que eu realmente pensei que ia esquecer o texto, afinal, já faz alguns meses. Quem sabe, se o Heidfeld voltar para a F-1 e perder o lugar para algum outro piloto de novo eu possa ter uma nova chance de redigir as famigeradas linhas que martelam minha cabeça todas as madrugadas - "você tem que escrever o texto sobre o Heidfeld, tem que ver o site tal para comparar o desempenho dele com o do Raikkönen e o do Massa quando foram companheiros de equipe...".
Este texto me cutuca e eu tenho saudades do tempo em que a única coisa que me cutucava de madrugada era a mensagem publicitária da operadora de celular. Aliás, o que esses caras têm na cabeça? Mandar mensagem de madrugada? Enfim...
Mas eu me lembro que, após o GP da Itália, o Nick Heidfeld disse que havia sido "emocionalmente difícil ter assitido o GP do lado de fora do carro". O que me faz lembrar que é emocionalmente difícil lembrar que não assisti aquele GP. Faz falta não ter visto aquela corrida, afinal, houve uma largada incrível do Alonso e uma ultrapassagem do Vettel sobre ele mais incrível ainda, com roda na grama e o escambau.
Vocês lembram?

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Não entendeu

Achei interessante este artigo aqui. Só é difícil entender o que autor pensa ser justiça, direito ou ciência. Justiça é igual judiciário? Direito é só o sistema de repressão criminal?
Bom, talvez eu precise estudar mais, parar de ler imbecilidades ou aprender a controlar os nervos.

A palavra




II Coríntios, 3, 13-15: "E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório; mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido; sim, até o dia de hoje, sempre que Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração deles".

João, 13, 34: "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; (...)".

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

SURREAL - A MISSÃO

Cena 3:
Enquanto Franz Kaká e sua mulher Milena são personagens da tragédia dos meteoritos arremessados, Dora diverte-se na boate dançando como uma rainha de escola de samba. Ao sentir a falta de Franz, seu amante, vai até a janela na tentativa de encontrá-lo.
Olhando pelo vidro testemunha o ocorrido com seu amante e a esposa deste e dá-se conta que poderá ser a próxima vitima. Como esses filmes de terceira categoria.
Com o cérebro embotado pelos produtos vendidos na área 51 pensa:
“será possível? Caiu um meteorito nos dois ou um super-sapato? Foram esmagados como duas baratas. Será? Somos todos baratas? Humanos? Neste caso quem sou eu? Quer saber? Vou tomar mais uma...”
Porém quando sai da janela em busca do bar encontra seu destino: um meteorito em forma de sapato.



Cena 4:
Gregor nunca duvidou de sua condição humana. Também na boate, diverte-se vendo aqueles tipos e suas dúvidas existenciais. Seus amigos o consideram um sujeito pedante e gostam de compará-lo a um inseto de pouco cérebro. Nesta noite encara os acontecimentos cosmológicos com um sorriso irônico pensando:
“Estes fatos só acontecem com esses seres de mente limitada. Se tivessem como eu, a capacidade de expandir o pensamento tornando-o do tamanho do cosmos escapariam da tragédia da existência humana.”
Gregor não imaginava, no entanto, que o deus arremessador de meteoritos em forma de sapato não gosta de concorrência.
Gênio só tem um....

Dúvida

Envio o link? Não, é melhor não. Então, coloco aqui porque, daí, todo mundo pode ver. E tem este também.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

No one knows quite how he does it...

Sempre fico encantado com este vídeo de Ayrton Senna sentando a bota em Spa-Francorchamps, 1991. Acompanhar a volta sem nenhuma narração é muito interessante, pois dá para perceber, pelo barulho do motor, os momentos em que o piloto começa a acelerar ou desacelerar e, com isso, ter uma ideia das técnicas utilizadas para frenagem e retomada de velocidade.
A volta é incrível porque, mesmo com a poeira levantada por alguém e tendo que ultrapassar a Tyrrel de Stefano Modena (era mesmo Modena? Ou Nakajima? Se não era, alguém me corrija) na Bus Stop, Senna põe mais de um segundo no que, até então, era o melhor tempo - não tenho certeza, mas devia ser o tempo de sexta-feira. Reparem que a diferença em relação ao tempo de referência só cresceu mesmo no último setor do circuito, justamente onde Senna teve que fazer a ultrapassagem sobre o retardatário, o que pode revelar que a McLaren do brasileiro carregava menos pressão aerodinâmica que os demais. Este dado, no entanto, torna ainda mais impressionante sua velocidade no setor intermediário.
Senna não conseguiu melhorar a marca de 1:47:811 - ninguém mais conseguiu. Quem mais se aproximou foi um pilotinho francês chamado Alain Prost, que cravou 1:48:821, ficando a 00:01:010 do tempo de Senna. Ou seja, a pole position foi conquistada por Ayrton com mais de um segundo de vantagem sobre todos os demais. Seu companheiro de equipe, Gerhard Berger, ficou a 00:01:674, número que também é conhecido como "uma eternidade".



É difícil entender como ele conseguia ser tão mais rápido. No vídeo abaixo, Jonathan Palmer, que foi piloto de testes da McLaren, tenta explicar. Eu fiquei com preguiça de fazer as legendas desta vez, mas basta saber que a linha azul é a de Palmer, que freia mais e por mais tempo, e a linha vermelha, a de Senna, que além de frear menos e por menos tempo, acelera antes e mais forte. O resultado é que, em apenas uma curva, Senna colocava dois décimos de segundo sobre Palmer, utilizando, em tese, o mesmo equipamento. Dois décimos em apenas uma curva, repito.



Como diria Jorjão, "No one knows quite how he does but it's true they say/He's the master of going faster".

domingo, 25 de dezembro de 2011

6:00 on a Christmas Morning...

... and for what?

O F-1 Literária deseja a todos um feliz Natal! A música é a mesma de sempre porque não tem outra melhor. Quer dizer, até tem, mas chega de John Lennon por este ano.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

SURREAL

Cena 1:
Franz caminha pela varanda em plena festa.
“Cáspita! Bebi demais. Preciso ir ao banheiro. Mas, esta é uma festa estranha com gente estranha. E aquele cara não parava de falar em discos voadores e meteoritos que podem cair a qualquer momento em sua cabeça. Assustador”
Um meteorito em forma de sapato desaba sobre o pobre Chicanz (como era chamado pela avó).
Ao fundo risadas malignas do “deus arremessador de meteoritos.”



Cena 2:
Milena, estranhando a demora, procura por Franz.
“Franz onde você se meteu seu fidapu? Aposto que está no banheiro com alguma sirigaita.”
Ato contínuo, a mulher encontra os restos de seu marido. Em princípio não entende o infortúnio que se abateu sobre ele.
“Ah! Aí está você, Franz Kaká! Como sempre bebaço espalhado pelo chão.”
“Qual a desculpa agora? O meteorito que aquele babaca falou?”
Neste instante outro meteorito em forma de sapato cai sobre a chata Milena.
Moral da história: se você for uma barata não fique de bobeira. O deus arremessador de meteorito pode se irritar.


BRINQUEDO NOVO

Aqui vemos o chefe do blog e seu novo brinquedinho.
Um vaga-lume eletrônico.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

I would like me to dance!

Sábado, 22 de janeiro de 2011
"Que dia de merda! Vou ao parque tirar fotos à toa"

Terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
"Isso não tá certo. Vamos tomar uma?"

Terça-feira, 22 de março de 2011
"Podia dar certo, não podia? Vamos tomar duas ou três?"

Sexta-feira, 22 de abril de 2011
"Não, mês que vem eu trabalho todos os sábados"

Domingo, 22 de maio de 2011
"Nossa, já são três da tarde!"

Quarta-feira, 22 de junho de 2011
"In adeguibus sum"

Sexta-feira, 22 de julho de 2011
"Mocofava? Este nome é genial, mas amanhã tenho que esperar minha irmã e..."

Segunda-feira, 22 de agosto de 2011
"Poxa, ela também não dormiu. Existe mesmo alguém tão fantástico assim"

Quinta-feira, 22 de setembro de 2011
"_ Acho que a gente está um pouquinho atrasado.
_ Não faz mal, não tem ninguém esperando".

Sábado, 22 de outubro de 2011
"_Tá preocupado com o quê?
_ Tô com cara de preocupado?
_ Sim, há umas três horas

(...)

_ Nossa, é grande este pedaço.
_ Quer que eu veja se tem embalagem para viagem?
_ Quero, sim.

(...)

_ Quero minha mãe.

Terça-feira, 22 de novembro de 2011
"Ainda não sei e amanhã tem prova para corrigir. Mas vamos tomar uma?"

Quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
"I would like us all to dance!"


Queria variar a música, mas tem que ser esta, não?

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Cuidado

Eu me lembro muito bem do dia que escrevi isto aqui, ao sabor do chá de alcaçuz com menta, a canção Hand on heart e o Jorjão pós-traumático.
Naquele dia, eu podia imaginar - mas não podia ter certeza - do quanto minha vida seria mudada, para melhor e para pior.
Aos 4 de agosto de 2011, pensei: "vou cuidar disso tudo". Hoje, retomei os mesmo textos e a mesma sensação de querer vomitar em cima de mim mesmo só para precisar lavar depois. O mundo parece uma grande mentira, tudo parece feito de vapor - sim, de novo o vapor
Para iniciar esta semana, que começa hoje e termina no natal, passando por almoços, despedidas, temidos vôos e aniversários, queria deixar uma pequena homenagem aos que se dispõe, de bom coração, a ajudar pessoas perdidas em túneis escuros. Cada uma delas - e são muitas - vão colocando uma lampadazinha e, antes mesmo de chegar ao fim, tudo pode estar iluminado de novo.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Em construção

"Não basta afastar o que te faz mal. É necessário trazer para perto aquilo que te faz bem". Então, na sexta-feira, tivemos companhia para ir ver uma banda qualquer que fosse, comer e dormir 1h30 antes de ir trabalhar no sábado de manhã, em duas reuniões que mudaram os rumos do ensino superior nacional.
Recebemos amigos, presenteamos amigos e, mais uma vez, fomos brincar de piloto em cima de uma armação de ferro com motor, sem cinto de segurança ou proteção cervical, andando a quase 100km/h. E mais uma boa parte do nosso já apertado orçamento mensal se vai.
Fomos para Cotia e lá é diferente, o kart é bravo, a pista é fantástica e o prazer da pilotagem, extremo. Pular por cima de zebras, sentir a traseira indo embora e corrigir, entrar em uma curva cega em descida e ter a sensação que a frente está indo embora, perguntar-se "e agora?", mas manter o pé firme no acelerador, tudo isso é muito fantástico.
Terminamos a corrida exaustos, com dores em músculos cuja existência desconhecíamos, mas já ansiosos pela próxima.
O resultado não foi lá dos melhores: sexta colocação, logo atrás da equipe sueca, mais uma vez. Mas ambas as escuderias marcaram bons tempos, considerando o desconhecimento da pista, o cansaço de não ter dormido e o nível dos pilotos que chegaram a frente.
Em termos de orçamento, a coisa é interessante: recebemos dois dinheiros nesta semana e, depois de parar para pensar, concluímos: "tá, isso aqui dá para pagar a terapia". A imensa maioria das coisas que nos fazem bem é de graça, mas, às vezes, aliviar o peso custa um pouco. Tudo faz parte de um processo de construção e, na verdade, sem homéricas enxaquecas inviabilizadoras de qualquer atividade, sem um rim frouxo, sem absurdas crises de ansiedade, o preço por nunca ter cuidado de mim mesmo até que anda baixo.

PIZZAS E "CAMINHANDO"

Ontem fomos comer uma pizza aqui pertinho de casa.
Eu e a comandante do castelo.
É uma pizzaria nova e diferenciada. Há uma dupla de cantores que entoam canções numa altura civilizada.
O repertório é quase o de sempre.
Mas, ontem havia entre os presentes um ex-deputado federal polêmico aqui da abrasiva Rib’s. Não é o de língua presa.
Creio que partiu dele o pedido de uma música que nos jogou direto aos conturbados anos 60/70.
Naquela época muitas musicas serviram de trilha sonora ao cotidiano pantanoso em que vivíamos.
Uma delas, no entanto, foi um soco no estômago da ditadura.
“Para não dizer que não falei das Flores”, de Geraldo Vandré foi inscrita e executada no Festival Internacional da Canção em 1968 (ah, 68! Ano do último suspiro de um mundo melhor.) ao vivo para todo o país. Quero dizer, aquele país alcançado pela rede Globo, que de resto sempre andou de mãos dadas com o poder.
Este festival era uma resposta carioca aos festivais da rede Record (antes do bispo!) que aconteciam em São Paulo.
Não vou me ater à dinâmica e muito menos às lendas que cercam os dias deste festival.
Porém, algumas coisas são marcantes. Eu, mais menino que sou hoje, lembro bem das imagens em preto e branco.
O público em delírio com o trecho da canção de letra "Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / de morrer pela pátria e viver sem razão" que era cantada pela voz poderosa de Geraldo Vandré. A ditadura “adorou” esta verdade cantada aos berros pelo Maracanazinho lotado.
Os gritos de marmelada com a vitória de uma canção de Tom Jobim e Chico Buarque intitulada Sabiá, deixando “Para não dizer que não falei das Flores” em segundo lugar.
Todos sabiam do esforço da ditadura para que o júri não desse a vitória para “caminhando” como ficou conhecida a música de Vandré.
Esta música virou o hino de minha geração. Foi proibida pela censura e cantada em toda rodinha de jovens esquerdistas ou não.
No começo de meu curso de química aqui em Rib’s (começo de 76, quase dez anos depois dela ser cantada no festival) eu me achava o próprio Che quando tentava cantar esta música junto com os outros subversivos.
Isso em algum barzinho no centro da cidade!
Enfim, ontem num lugar totalmente inusitado e inesperado, cantei “caminhando” emocionado com as lembranças que este hino remete.
Na infernal internet existem ‘centos vídeos sobre a música e aqueles tempos.
Por isso, não vou inserir nenhum deles.
Naveguem.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Crossing bridges in the sky


O céu anda muito esquisito ultimamente, mas, mesmo assim, tivemos curiosidade de olhar para ele hoje. Algumas estrelinhas estavam lá, dando o ar da graça. Mas, diga-se, é muito difícil fazê-las aparecer adequadamente nas fotos, embora seja mais difícil ainda não saber o nome de nenhuma delas e não ter para quem perguntar.
Ouvi diversas vezes a música que contém o verso que serve de título ao post e, já que estamos falando disso, identifique, abaixo, a ponte voadora não-identificada.


Frustrante

No último domingo, o F-1 Literária enviou, mais uma vez, um representante às pistas deste país. E foi uma lástima. Some-se o lastro extra em relação aos demais concorrentes, um motorzinho fraquinho, fraquinho, e o resultado é uma corrida frustrante. Você fica que nem doido, faz coisas suicidas e, nas retas, parece que está parado. O freio quase não foi utilizado.
Tivemos que engolir a equipe da Suécia andando lá na frente. No entanto, não resta dúvida que houve sabotagem ao kart nº 13 (sim, meu kart era o 13), que estava posicionado no lugar errado dos boxes e, ainda, cheio de almofadas no encosto do banco.
Foi ótimo, no entanto, ter a presença de amigos antigos e novos que em muito contribuíram para a diversão. Tivemos até fotógrafas extremamente competentes para registrar o evento. E, no fim da noite, acabamos em um tributo ao John Lennon, onde gastamos todo nosso dinheiro - literalmente - em um hamburguer desproporcional e pints e mais pints de Old Speckled, consumidos mesmo após todos deixarem o recinto. Ficamos lá com mais dois ou três bêbados e Rafa "The Viking" Godoy mandando bem, como de costume.
A caminhada de volta para casa foi nostálgica, como só poderia ser depois de ouvir o velho John. Mas o cheiro de óleo e gasolina nos lembrou que, da próxima vez, mesmo em cima de um kart sem motor, os suecos chegarão bem lá atrás, e a ordem natural das coisas será retomada.
Para desespero dos meus pais e do meu saldo bancário, está-se a organizar um pequeno campeonato para o ano que vem, com etapas nos lugares mais longínquos da terra. Vamos lá combater a plastiquinização. Enquanto isso, algumas imagens de domingo:


É tão rápido que é impossível congelar a imagem:

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Recordes

O ano não foi de recordes apenas para Sebastian Vettel. O Fórmula-1 Literária também bateu suas recordes particulares.
Em primeiro lugar, o número de postagens. Até agora, foram 282 ao longo do ano, batendo em muito as 152 de 2010, as 130 de 2009 e a única de 2008.
A audiência subiu muito, por razões inexplicáveis. Antes, tínhamos duas ou três pessoas que acessavam por dia. Quando havia cinco ou seis, era uma festa. Hoje, nos dias fracos, há 5 visitantes únicos, e não é incomum que haja entre dez a doze desocupados preocupados com as maluquices que se escrevem por aqui.
As votações nas enquetes foram expressivas. A última delas, que ainda está aí ao lado, foi recorde absoluto, com oito votos! Impressionante. Fiquei frustrado com o resultado, pois contava com a vitória da opção de troca de chefe do blog.
Por último, eu não fiz as contas, mas certamente batemos o recorde de textos escritos sobre qualquer coisa que não seja automobilismo este ano. Já fomos notificados pelo Conselho Regional respectivo para que, de cada dez postagens, uma apenas seja sobre não-corridas, e não o contrário.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dias estranhos



Ontem, mais uma vez em uma data emblemática, caímos, por acaso, em um tributo ao John Lennon. Da outra vez, não sabíamos que a data seria marcante; domingo, não sabíamos do tributo. E ficamos lá, sozinhos, ouvindo tudo de novo. Sem o guarda-chuva. Felizmente, não estava chovendo.
Os pontos finais vêm chegando e sendo apostos no meio de frases interrompidas. O que estava para começar, subitamente, terminou, e a sensação é de que o chão se abriu e caímos numa vala enorme que não tem fim. Antes que me acusem, não é um exagero. Estava tudo ali e estávamos entendendo tudinho sobre o inexplicável, até que não entendemos mais nada.
Agora, é questão de enterrar tudo lá no fundo, e aí, na quarta-feira, o dr. Marcos vai desenterrar, e na quinta enterramos de novo, e na outra quarta o dr. desenterra, e assim vai até que tudo vire sombra e as presenças de hoje se tornem os fantasmas de amanhã, as faltas que, hoje, tanto sentimos, sejam as ausências confortáveis do futuro, e o que dói hoje seja uma lembrança ruim - e nada mais - em muito breve. Amém.


sábado, 10 de dezembro de 2011

Frágeis muletas

Ao contrário do meu dileto progenitor, eu não me lembro como é acreditar em Papai Noel, talvez porque ele e minha dileta progenitora não deixaram a ausência do bom velhinho ser traumatizante. Não é questão de ganhar ou deixar de ganhar presentes esperados ou inesperados, mas os natais pelas bandas ribeirão-pretanas foram sempre repletos de amor. E é o quanto basta.
Este ano, como no ano passado e no anterior, só temos um pedido a fazer para o senhor de barbas brancas. Infelizmente, não há ninguém para atendê-lo, nem mesmo minha cuidadosa mãe, que ficou desconcertada quando perguntou o que gostaríamos para o aniversário e recebeu "paz de espírito" como resposta.
É um presente difícil de encontrar, nem na 25 de março tem. Não há lá grande esperança de recebê-lo tão logo, embora estejamos fazendo o que é possível para construí-lo. Até que fique pronto, vamos para frente e para trás apoiados em frágeis muletas que a todo tempo cedem e deixam o queixo estraçalhar contra o chão. Papai Noel podia trazer, pelo menos, muletas mais fortes.
Eis aqui uns caras pedindo coisas parecidas:





Bridges in the sky

Blackness
Awakens
Visions come alive
Seeing through darkness
With borrowed eyes.

Death survivor take me higher
Reunite my soul
Whisperer of truth
I trust in you
To make me whole.

Sun, como shine my way.
Make healing water bury all my pain.
Wind, carry me home.
The fabric of reality is tearing apart.
The piece of me that died will return
To live again.

Feeling myself step away
Silently dreaming awake
Hidden memories flooding back
I will not go in the light
Until I pass through the darkest caverns of my heart.

Dance with fire
Spirit guiding raise the world outside.
Messenger of truth I trust in you
Transform me now

Sun, come shine my way
Make healing waters bury all my pain.
Wind, carry me home.
The fabric of reality is tearing apart.
The piece of me that died will return
To live again.

And the last of time has come
To reunite again as one.
To the power of the earth I'm calling
Crossing bridges in the sky
On a journey to renew my life.

Shaman take my hand.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

NADA DE NOVO NO FRONT

Infelizmente o que era esperado mas, não desejado aconteceu.
Apesar de tudo o Granja levou a segunda vaga na equipe Lotus, Renault, Lotus-Renault ou sei lá o quê.
Senna sobrinho sifu.
Mas, era mais ou menos uma novela com final conhecido por todos.
Ou ele operava um milagre, ou operava um zilhão de dólis, ou perderia a vaga para alguém que já brincou de F-1 e não convenceu ninguém.
Assim caminha a humanidade.
Essa equipe em busca de um nome buscará em 2012 (ano do fim do mundo) uma identidade e um rumo que, se depender do grande Raikkonen, estará em lugar incerto e não sabido.
Todos nós sabemos que o rumo indicado pelo finlândes é o do bar. O que, de certo modo, não é de todo ruim.

POST COM SENTIDO ALGUM

Quando eu era criança, como já disse, acreditava em Papai Noel.
Morava em Curitiba e tenho boas lembranças de minha infância e pré-adolescência passadas na capital mais fria do país.
Um dos meus bordões prediletos é o que um dia irei voltar a morar naquela cidade e freqüentar o estádio do Coritiba, meu quarto time do coração.
O primeiro é o Santios (por culpa de Pelé), o segundo o Parmera (por culpa do “seu” Homero), o terceiro o Sum Paulo (por culpa do Renato) e o quarto o Coritiba (por culpa de Curitiba).
Pois bem, quando morava na capital do Paraná acreditava, pela milionésima vez, no bom velhinho.
Morávamos em uma casa com um anexo que era chamado de paiol.
Todo dia 25 de dezembro pela manhã, no mínimo de 1960 até 1966, eu ia até a parede do paiol que fazia divisa com a casa vizinha na esperança de encontrar minha amada bicicleta.
Eu pensava que o Noel em questão, por um motivo qualquer, não deixava a bike debaixo da árvore de Natal junto com presentes legais, mas não tão desejados quanto minha amada bicicleta.
Então, quem sabe ao ir embora no seu trenó puxado pelas bichinhas das renas ele, remexendo sua lista de presentes, encontrasse no fundo do baú a bicicleta tão ansiada pelo Luizinho (eu era magrinho de dar pena), e a deixasse na parede atrás do paiol para evitar o trabalho de entrar novamente pela chaminé (sim, tínhamos uma chaminé!!!).
Que nada.
Nunca ganhei a tal bike.
Era obrigado a andar em uma bicicleta italiana herdada de meu avô paterno (que morava em Rib’s) aro vinte e oito e meio. Ela era enorme e desconjuntada.
A rapaziada de minha turma tinha bikes modernas e adequada ao tamanho das crianças.
Enfim, depois de um tempo pedi ao Noel um fuzil AK-47 de origem soviética.
Nem isso eu ganhei uma vez que o bom velhinho é um cara esperto e sacou que eu iria sacar o fuzil e encher sua pança de balaços de maneira a superar meu trauma de infância por nunca merecer uma bike que toda criança merece (sacaram?).
Sim, não deixe sua criança com traumas insuperáveis.
Desde então, eu ponho em ação um plano para abater o bom velhinho e seu trenó movido pelas bichinhas renas.
Nesta época do ano a noite é cortada pelos fachos de luz em busca do trenó do Noel que nunca trouxe a tão sonhada bicicleta deste que vos tecla.
Iluminado o trenó do devedor vermelho entrará em ação o canhão anti-aéreo AK-230/t69 fabricado pelos camaradas da antiga União Soviética e adquirido numa liquidação em Vichiskovisk, capital da Putrovisk (antigo país satélite da URSS) juntamente com milhões de garrafas de vodka com vencimento na década passada.
Não sobrará nem velhinho e muito menos as bichinhas das renas a assombrar os natais futuros do Luizão (sim estou gordo de dar pena).
No vídeo meus subordinados (estagiários) varrem os céus de Rib’s em busca do meliante.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

08/12/1980

O chefe do blog sempre homenageia algum ídolo que já partiu desta vida terrena.
Eu tenho certo bloqueio em relação a estas datas.
Enfim, lembro muito bem do dia em que John Lennon foi assassinado.
Estava em Rib's.
No dia seguinte sem conhecimento do ocorrido, pela manhã, fui ao dentista. Na época era um amigo meu recém formado na arte de torturar fingindo que arruma dentes alheios.
Eu havia emprestado minhas antologias dos Beatles para ele.
Em vinil. Como ele era moderno conseguia gravar do vinil para fita cassete.
Eu saí sem ligar a TV ou rádio.
Quando entrei no consultório, com meus discos na mão, ele disse que John Lennon havia levado uns tiros e estava morto.
Quase dei umas porradas nele pela piada sem graça.
Resumindo, naquele dia não houve tratamento dentário.
Um choque.
Principalmente pela luta de John em conseguir o visto para morar nos Estados Unidos. Não queriam deixar que ele morasse neste hipócrita país pelo envolvimento com drogas.
Quando conseguiu vencer a batalha, um imbecil fez o que fez.
Uma das músicas que mais gosto é “Jealous Guy” que ele compôs para “ela”.
Tentando me redimir com ela uma vez que a chamei de bruxa em um comentário anterior vai essa versão diferente.

NOVIDADE!!!

Lembrando que este blog nasceu para comentários sobre a F1.
Alguns fatos, e não indícios, são tão óbvios que acabam cansando quando voltam à baila.
Leio que o companheiro de Michael Schumacher nos idos de 1994, seu primeiro título, acusa a Benetton (que tinha, diga-se de passagem, o capo Briatore como chefe) de inserir dispositivos eletrônicos proibidos no carro do Dick Vigarista.
O assunto é velho. Eu vivo levantando esse cadáver aos berros aqui na filial abrasiva do blog.
Mas, é sempre bom alguém lembrar que o Shushu nénada disso.
Os tempos atuais mostram o piloto bem comum que ele é.
Para andar na frente do Rosberg tem que contar com as sacanagens da dona Mercedes.
O link para a reportagem está aqui:
http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2011/12/ex-colega-de-schumi-diz-que-alemao-correu-fora-do-regulamento-em-1994.html.
Lembrando que, mesmo com as sacanagens todas, ele só foi campeão porque, na última corrida, jogou o carro para cima do Damon Hill. Os dois abandonaram e ele foi feliz para casa.
Como diria o “seu” Homero, “bela bosta”.
O vídeo da famosa batida está abaixo. Ele, Dick Vigarista, havia batido na parede e perderia a posição e o campeonato para o inglês. Resolveu jogar o carro para cima de Damon Hill.

Área 51 - Parte II


Não seria necessário ir até o deserto de Nevada ou à pinguça Pirassununga para encontrar uma área 51. Uma das sedes do Fórmula-1 Literária fica em um área que leva a mesma numeração. Por aqui, não chegam destroços de aeronaves espatifadas contra a Terra, seres extraterrestres para autópsia, nem se fabricam substâncias entorpecentes de qualquer natureza - embora muitos jurem já ter entrado em órbita com o consumo daquilo que se manufatura em Pirassununga ou no Kentucky, sob supervisão do peru selvagem.
Uma área 51 sem nada de paranormal não teria a menor graça, mas os fenômenos que ocorrem por aqui não tem relação com alienígenas ou com a modificação da química do cérebro. Nosso 51 é habitado por um sem número de fantasminhas zombeteiros, que pulam alegremente de um lado para o outro, ou arrastam suas correntes nas madrugadas insones.
Existe um grupo de espectros, por exemplo, que se reúne às sextas-feiras no período da tarde em volta de um tabuleiro do jogo War. Nunca entendi muito bem, mas eles berram o tempo todo, armando estratégias indecifráveis e acordos interplanetários para derrubar, o quanto antes, o jogador com as peças da cor preta.
Outra dessas almas penadas chega em horários esquisitos e, quase instantaneamente, sente muito sono. Sem cerimônias, esparrama-se pela cama, sem deixar espaço para os encarnados dormirem. "Mas não vai dar nem boa noite?", e já sonâmbulo: "boa noite... vou dormir só dez minutos". E vamos nós, bravos, dormir no puff cor de laranja.
Aliás, este puff mesmo foi trazido por um fantasma que hoje anda também assombrado pelo fantasma que, por sua vez, trouxe o puff até ele. Esse aí é grave, deixou manchas e pedaços faltando na parede. Vez ou outra, desaba no sofá, mesmo com colchão, roupa de cama e cobertores limpos à disposição. "Passei meia década dormindo assim, porque seria diferente agora?". Devemos a ele muitas coisas, inclusive a possibilidade de escrever este texto neste computador, salvo pelo espectro que estava no lugar certo para retirar o aparelho do caminho dos dejetos que lhe seriam atirados.
É necessário estar preparado para a chegada de novas almas e um dos novos habitantes sempre senta no chão aqui atrás, perguntando se não seria mais fácil apoiar o computador sobre a mesa e não sobre a cadeira. Vem sempre acompanhado de chás exóticos, lápis pouco usuais, máquinas de lavar e furadeiras. Este espectro nos levou ao Ibirapuera para conhecer os abalos na curvatura tempo e espaço - tudo tão bem explicadinho -, ao mesmo tempo em que mostrou a cada elétron deste ser vivente qual seria a camada de valência mais estável. Sem contar, é claro, a imensa curiosidade que, por causa dele, toma conta de nós ao ler qualquer texto: "quantos caracteres tem este livro de 1.600 páginas?". Sábio, este fantasminha.
Assombrações estão por todo lado, por aí e por aqui, e tantas ainda vão aparecer. Se elas nos botam medo de vez quando, nos obrigando a fugir, suas presenças não deixam de ser também reconfortantes, pois melhor viver entre fantasmas a ter sido sempre sozinho.

Mother Superior jump the gun

Há 31 anos, falecia John Lennon. Como o walrus era o Paul, vamos relembrá-lo com madeira norueguesa.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Gelo, a pedidos

Mandaquienses, inatos fãs das corridas de carrinhos, exigiram a volta da "Fórmula-1" como assunto deste blog que se chama "Fórmula-1 Literária". O fã-clube catarinense do Kimi Raikkönen exigiu, por sua vez, um post a respeito da volta do homem de gelo às pistas de Fórmula-1. Atendendo a pedidos e abandonando, temporariamente, o assunto mais recorrente nos últimos tempos neste blog, que é (?), vamos lá falar da volta do Kimi.
Se eu tivesse que apostar o dinheiro que não tenho, apostaria na não-volta do finlandês - e perderia, naturalmente. O cara, quando saiu da F-1, no fim da temporada de 2009, estava pouco se lixando, correndo sem motivação e enchendo o bolso de dinheiro. Foi competir no rally por satisfação pessoal e parecia feliz ali, sem pressão, fazendo a coisa apenas pelo gosto.
E eis que, de repente, surge o boato de que a Williams estaria interessada em Raikkönen como forma de atrair dinheiro empregando um campeão mundial. O pensamento meu foi que nem a pau ele se sujeitaria a correr lá trás no grid para resolver problemas financeiros de uma equipe qualquer.
Não foi o que aconteceu, mas não deixa de ser surpreendente ver o iceman de volta pela Lotus, que já foi Renault, deixou de ser Renault, mas continuou Renault, foi Lotus-Renault e agora é só Lotus. Dificilmente a equipe estará entre as mais competitivas da próxima temporada, embora conte com um excelente time técnico. Raikkönen não é o tipo de piloto que pode impulsionar o desenvolvimento de um carro ao longo do ano se não estiver muito motivado. Ao contrário de outros pilotos, como Barrichello, Schumacher, Kubica, Alonso, Button e outros, Kimi é aquele cara que senta e dirige, não importam as condições. Ontem mesmo folheávamos uma revista mais antiga aqui e um engenheiro da McLaren se queixava que Raikkönen podia ser rápido em quaisquer condições e não dava muita bola para transmitir informações a respeito do comportamento do carro.
Essa característica pode ser muito favorável para um classificação ou corrida quando não se tem o acerto ideal. No decorrer do ano, todavia, a "mão" do piloto pode fazer muita diferença no desenvolvimento do equipamento, ainda mais hoje em dia, sem testes ao longo da temporada.
No entanto, o finlandês é um piloto excepcional, muito acima da média e pode fazer coisas especiais. Algumas das corridas mais belas que já vimos foram protagonizadas por Kimi. O exemplo que sempre salta na lembrança é o GP do Japão de 2005, quando Raikkönen largou da 17ª colocação e ultrapassou o líder Fisichella na última volta para vencer de forma esplêndida o certame. É este o vídeo que vai abaixo, junto com a nossa torcida por ver este Kimi Raikkönen - e não o bêbado desmotivado - de volta às pistas.


Pensando bem, mesmo bêbado e desmotivado, Kimi é sempre garantia de, pelo menos, umas boas risadas:




5:00

Muitas vezes falei aqui de insônia, sempre lembrando que sono, a falta dele, sonhos e adjacências eram temas recorrentes nas músicas de John Lennon.
Hoje, despertei com uma música do referido na cabeça e a natural decepção ao olhar para janela e notar que ainda estava escuro. Ouvi a musiquinha por um tempo, tentei dormir de novo, mas havia uma estranha inquietação ao lembrar da insônia do John e da minha insônia, que não se chama Yoko.


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

ÁREA 51

Sempre fui fascinado com estas histórias de visitantes extraterrestres e coisas afins.
Devorava livros sobre o assunto.
Meu ídolo e guru era Erich Von Däniken e os deuses astronautas.
Ainda sou adepto do que disse o célebre Carl Sagan “quer ver um objeto voador não identificado? Olhe para cima”.
Já fui assombrado por Ovnis e assombrei a família apontado alguns pelo céu.
Vaga-lumes fora, por favor.
Também sou seguidor da teoria da conspiração, ou seja, existem seres extraterrestres e o assunto é abordado de maneira deturpada pelas chamadas autoridades para esconder os contatos de terceiro grau.
Basta relembrar a maneira como foi tratado o caso do E.T. de Varginha.
Sem aprofundar o assunto para não ser internado como maluco, lá na sede do mundo (Estados Unidos) existe a famosa área 51.
Em verdade é uma base militar secreta e, portanto, cercada de histórias tenebrosas. Fica no deserto de Nevada, perto de um tal de Lago Groom, contendo vários laboratórios que servem aos propósitos militares deste país tão pacifista.
Esta foto seria da base e tirada do Google Earth.



Na teoria os extraterrestres que pilotavam a nave espacial que caiu em Roswell, Novo México, em 1947 foram levados para lá.
O que pouca gente sabe, e aqui entra minha incrível capacidade investigativa, é que existe uma área equivalente no Brasil.
Esta área 51 serve aos propósitos governamentais mantendo a população entorpecida e alheia aos verdadeiros problemas que afligem nosso abandonado país. Basta ver a importância que se dá ao futebol.
Nesta base militar disfarçada e próxima à Academia da Força Aérea são fabricadas substâncias alucinógenas na forma líquida.
Vejam a foto de satélite. A área 51 tupiniquim fica na cidade de Pirassununga no Estado de São Paulo.

MAIS QUE DOUTOR

Renatão foi mais rápido e fez uma singela homenagem ao Sócrates.
Mas, não posso deixar de dar este pequeno depoimento.
Fomos contemporâneos no campus da USP em Rib’s nos anos 70.
Ele na Medicina e eu na Química. Nunca nos cruzamos dentro do campus. Mas, o vi jogando futebol de salão pela Med.
As regras eram outras e o jogo sempre era uma carnificina. Eu mesmo, limitado que sou, dava porrada uma atrás da outra.
Enfim, neste jogo, o Doutor só conseguiu livrar uma bola antes de levar um pontapé.
Deu o passe para a vitória. Adivinhem como. Claro, de calcanhar.
Diz a lenda que ele jogava movido a cerveja pelo botinha (vulgo Botafogo de Rib’s) nas quartas feiras. Chegava no glorioso estádio e ia direto para o campo.
Sabíamos que não concentrava devido aos afazeres da faculdade.
Fico imaginando como seria sua carreira se fosse um atleta limpo de álcool e cigarro.
Certa vez, nos anos 90, tive uma consulta com ele. Eu tinha, supostamente, um problema cardíaco e um médico o indicou.
No consultório não havia nada que lembrasse sua carreira futebolística. Quando fui tocar no assunto levei uma bronca. Disse, mais ou menos, que ali dentro era um médico e não um ex-jogador de futebol.
Enfim, ele faz parte da história de Rib’s e prefiro lembrar, além da carreira vitoriosa no futebol, sua luta contra a ditadura e a incrível lucidez com que encarava os problemas deste abandonado Brasil.
Ah, o suposto problema cardíaco era, em verdade, sacanagem para me tirar de um concurso. Tétrico, lúgubre, horrível.

Peter Gethin


No domingo, além do doutor, outro importante esportista faleceu: Peter Gethin, que correu pela fantástica McLaren cor de laranja (1970 e 1971), além da BRM (1972 e 1973) e Embassy (1974).
O principal evento da carreira do inglês foi esta chegada, no GP de Monza de 1971, sua única vitória na categoria, obtida por uma diferença de 0,01s em relação ao segundo colocado, Ronnie Peterson.



Ah, doutor...

Neste domingo, como amplamente noticiado, faleceu o Dr. Sócrates. Como ribeirão-pretano e torcedor do Botafogo, é difícil permanecer totalmente distante deste evento.
Meu pai conta ter visto Sócrates, ainda estudante, defendendo o time da medicina da USP Ribeirão Preto. O máximo que vi de Sócrates, além dos vídeos exaustivamente repetidos dos gols pelo Botafoto, Curíntia e seleção brasileira, foi uma certa ocasião em que ele passou a pé em frente de casa, sabe-se lá por quê e uma certa vez que sentei numa mesa em um bar no centro de Ribeirão que tinha uma plaquinha em cima dizendo: "Mesa do Dr. Sócrates".

domingo, 4 de dezembro de 2011

Sonho #22



Ligou aqui em casa um amigo ontem, preocupado comigo. Havia sonhado que eu tinha ideias estúpidas e procurava executá-las. Até perguntei se ele andava lendo o blog e, consequentemente, vendo todo o "deprê-show" - como gosta de dizer minha mãe - que andamos proporcionando. Mas ele disse que não.
Foi interessante a situação. Se um amigo sonha com você e te liga preocupado, a despeito das ausências injustificadas, pode-se ter certeza de uma genuína amizade. Ao mesmo tempo, o telefonema nos fez repassar uma série incrível de sonhos amalucados que tivemos este ano.
É quase sempre possível, ao acordar, refazer os eventos e sentimentos da vida que fizeram aparecer aquele encadeamento mais ou menos desconexo de imagens, sons e sensações que compõe o sonho. Mas é legal mesmo quando a reconstrução é impossível. Tivemos diversas vezes este ano um sonho muito doido, em que estávamos em uma guerra. Sim, guerra, tiro para tudo quanto é lado, explosões e medo. Já estivemos no exército, mas nunca em uma guerra, já atiramos, mas nunca para própria defesa ou ataque e nunca contra uma outra pessoa.
A mesma situação se repetiu diversas vezes e o resultado é sempre acordar num sobressalto. Não encontrei uma explicação possível para esses sonhos, embora esteja devendo R$ 150 por uma tentativa de elucidação.
O medo, no entanto, não é a única forma de acordar num sobressalto. Como na música do John Lennon, existem sonhos que te acordam com um sussurro: alguém chamando seu nome ou respondendo a uma pergunta que não foi feita. É a coisa mais estranha e assustadora.
Se não é possível decifrar completamente o que se passa conosco ao sonhar, é bom poder ir dormir com a possibilidade do sonho. Como diria o tal Comte-Sponville - que, conforme fui informado, anda "na moda" -, no mundo concreto, "o sofrimento é sempre possível, e é isso a que se chama um vivente: um pouco de carne oferecida à agressão do real". Não sendo o sonho algo real, a agressão não é uma consequência necessária e há a possibilidade de que tudo dê certo. Inevitavelmente, a gente acorda, a manhã chega trazendo suas respostas e, entre elas, pode estar o "sim".


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

MULHER FALA

De vez em quando assisto este filme do Ricardo Patrese quase matando sua mulher de medo ao pilotar um Honda New Civic em algum circuito do mundo.
Ela fala sem parar (esses italianos!) enquanto ele (sabendo da câmera) fica olímpico.
Até que ela descobre a filmagem.
Muito legal.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

10 anos sem George

Há 10 anos, 29 de novembro de 2001, falecia George Harrison. Não é necessário dizer mais sobre ele do que já diz o legado de sua música.
George, apaixonado por automobilismo, foi o primeiro beatle a vir ao Brasil, em 1979, justamente para acompanhar o GP do Brasil de F1, em Interlagos. Na ocasião, o guitarrista gravou uma entrevista em que falou dos Beatles, da carreira solo e sobre envelhecer. É este o vídeo que vai para marcar a data.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

GP DO BRASIL

Falando de F1.
Assisti a corrida lá na chácara em uma TV com imagens cheias de pontinhos que iam se destacando na medida em que abria latinhas.
Algumas impressões: o problema do Vettel só existiu na cabeça de algum roteirista sem imaginação. Estava na cara que iam deixar o Uéber ganhar e ficar um mísero ponto à frente da prima dona no resultado final do campeonato. Não vale nada, mas, o Afonsinho merecia estar na frente do Mark. Bruno sobrinho incorporou o massa e deu uma pimba no shushu. Deveria ter deixado o lemão passar e ir cuidar da vida. Por falar nisso, o massa não tem ido participar das corridas. Ficou em quinto.
Espero que o rubim esteja no grid, como piloto, no ano que vem. Este é um cara verdadeiramente otimista. Sempre diz que o amanhã será melhor. Tá certo que exagera quando fala que vai disputar o título. Mas, como diria o super herói “para a frente e avante”. A fala não é bem essa. O que importa é o recado.

MUDANÇAS

Bom.
Daqui até o final de dezembro teremos a transição de 2011 para 2012.
Como já dito não muda nada, em realidade. Eu acrescentaria que só muda se mudarmos.
As equipes de F1 mudam os carros, construindo novos bólidos. A tentativa é buscar a gostosa da glória e nem sempre a mudança atinge o objetivo (que é positivo. Não resisti. Esse é um bordão meu).
A impressão que temos é que os carros continuam os mesmos. Aparentemente nada muda. A não ser que o regulamento obrigue algumas mudanças como as asas atuais que tornaram os carros horríveis.
Assim pode ser a nossa mudança interior para o ano que entra.
Por fora seremos os mesmos. Por dentro melhores.
Acabei de reler e achei que ficou um post meio que de auto ajuda.
Vai assim mesmo.

domingo, 27 de novembro de 2011

Pontos finais

Chega ao fim a temporada 2011 da Fórmula-1. O ano já vai terminando e aquele sentimento de nostalgia vem vindo também.
A temporada foi bastante atípica. É muito raro ver um domínio como o imposto por Sebastian Vettel em 2011, ao mesmo tempo em que as corridas foram boas e emocionantes em sua maior parte. É muito raro ver um piloto como Lewis Hamilton ser superado pelo companheiro de equipe. Ao longo da última década, tornou-se raro ver a Ferrari ser tão pouco competitiva, ao mesmo tempo em que se tornou tão raro - ou mesmo impensável - ver Michael Schumacher engolido por seu parceiro como aconteceu nos dois últimos anos.
Tivemos altos muito altos, como as corridas de Mônaco, Canadá, Monza e outras. Tivemos baixos muito baixos, como as encrencas entre Hamilton e Massa, o absurdo de ver um piloto como Barrichello ter que levar dinheiro para alguma equipe para ter um lugar para correr, além da briga do Sutil no bar (!).
Foi um ano de quebras de recordes, recordes raros de serem quebrados, como as poles de Nigel Mansell e mais um marco da precocidade do menino Kid - com o perdão da redundância.
Interessante perceber que a temporada foi tão atípica dentro das pistas quanto fora delas. A equipe do F-1 Literária teve um ano bastante estranho. A começar pelo começo: tradicionalmente, toda a redação do blog se reúne para assistir junto a primeira prova do campeonato. Este ano, isso não ocorreu, e este modesto blogueiro sequer assistiu a corrida por conta de uma reunião importante que a MC talvez lembre bem.
Se deixar de ver uma corrida sempre foi considerado um absurdo, este ano perdemos mais de uma, além de várias largadas. E nem pareceu tão ultrajante quanto em outros tempos. No entanto, tivemos vergonha em não cumprir o dever e fingimos na conferência telefônica pós-corrida que havíamos visto a prova, sem, na verdade, ter acompanhado uma volta.
Em algumas oportunidades, desfrutamos volta a volta; em outras, desejamos profundamente que tudo acabasse logo por razões diversas, mas, principalmente, para podermos voltar a dormir.
Se, nas pistas, houve muitos altos e baixos, por aqui também tivemos momentos de grande deleite e momentos da mais absurda fossa. Coisas muito raras aconteceram, tanto lá em cima, quanto lá embaixo.
Notícias incomuns de filhas que viram mães, mães que viram avós, irmãos que viram tios e a certeza, no meio de tudo, que o mundo continua girando, girando, e temos que nos apressar para acompanhá-lo.
Termina a temporada, vai terminando o ano, vai terminando o prazo para os pontos finais. E, se querem saber, ver 2011 chegando ao fim é um alívio. Fim de ano é corrido, trabalha-se muito e as forças já faltam, mas a perspectiva de trocar "11" por "12" nos anima, como se a mudança do numeral, automaticamente, fosse uma mudança em nossas vidas.
O negócio agora é aproveitar a pré-temporada para recarregar as baterias que ainda não arriaram, testar todos os tipos de pneus e fazer o possível para que, aos 18 de março de 2012 - data da abertura do campeonato de F-1, na Austrália -, estejamos renovados e prontos para mais domingos de chuva, de sol e de sonhos, sejam eles da padaria ou de nossos corações.

Sei...


O problema no câmbio do Vettel ficou mais estranho que este bigode à lá Mansell. De qualquer modo, foi bom ver o Webber de volta ao lugar mais alto do pódium. E bom também que o vice tenha ficado com Button.

Impromptus

Mais um GP do Brasil, mais uma corrida em Interlagos, mais uma vez não se sabe se chove, se não chove, mais uma vez o público está lá e os pilotos acenam empunhando uma bandeira brasileira.Há tempos, nenhum representante do F-1 Literária comparece ao autódromo em dia de F-1. Este ano, papai e mamãe estão na chácara. Nós estamos aqui, na mesa nova, de frente para a televisão, ouvindo pela janela o som que vem do apartamento de algum vizinho que toca, agora, uma coletânea do Queen.
A Mariana Becker nos mostra o simulador da Red Bull, o Nelson Piquet nos mostra a bandeira do Vasco. Em cima da mesa, café e chocolates.
Adoro quando mostram a pista por cima e dá para ver o traçado antigo, que está todinho lá e é tão espetacular. A curva 1, que punha um medo danado no Niki Lauda, o antigo Laranja, que não tinha diminutivo, o Sol, em que se vinha de lado e se separava os meninos dos homens.
Os carros alinham e já é fim de novembro! No meu tempo, a F-1 não passava de outubro de jeito nenhum.Vamos nós de novo, rumo ao fim da temporada, ao fim de ano e seus pontos finais.

Presença


Foto: TotalRace
A imagem acima retrata a última vez que Ayrton Senna correu em Interlagos, no já longínquo ano de 1994.
Seu sobrinho com mesmo sobrenome marca presença neste fim de semana, 17 anos após a última participação do tio, com um excelente 9º lugar no grid de largada. No entanto, não é só no nome e na cor do capacete de Bruno Senna que o velho Ayrton está presente no autódromo paulistano.
Sem dúvida, na memória dos torcedores, ainda daqueles que nem sabem direito o que significou o nome Ayrton Senna além da musiquinha da Globo, o piloto vai estar lá, conduzindo sua McLaren capenga à linha de chegada.
Mas tem mais: dois importantes pilotos vão carregar suas lembranças para dentro da pista. Um deles, Rubens Barrichello, que desfrutou da companhia de Ayrton dentro das pistas e já o homenageou da mesma forma no ano seguinte ao da morte do ídolo. Barrichello irá correr com uma pintura alusiva a Senna no capacete.


Foto: Divulgada via Twitter.
É até esperado que um brasileiro que conviveu com Senna homenageie o ídolo em sua corrida de casa. Pode ser surpreendente, por outro lado, que um piloto inglês, que apenas viu Senna na pista enquanto era garoto e que, hoje, é rival quase desafeto de um outro piloto brasileiro lembre de Ayrton. Lewis Hamilton também resolveu prestar seu tributo.
Tomara que amanhã a lembrança fique não só na pintura do casco, mas também no arrojo e estilo, sob chuva ou sol.

Foto: globo.com

sábado, 26 de novembro de 2011

Oh!

Terminado o treino de hoje, com a fantástica pole-position do Kid, acompanhado de não tão longe por Mark Webber e uma chuva de granizo que caia pra todo lado em São Paulo - inclusive aqui na monumental sede do F-1 Literária -, menos na região do autódromo, viemos ler o que tinha para ser lido em termos de e-mails, notícias e afins no computador.
Recebemos da ilustríssima amiga e habitante dos confins de Guarulhos Juliana Miashiro a tirinha, que, realmente, não é poema, mas tem poesia, que segue:


O Vettel diria "fantastisch". E nos parece incrível o paralelismo com a canção do Rush - de quem a Juliana também gosta - que vale ser ouvida:

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

20 anos

No dia 24 de novembro de 1991, falecia o strictíssimo sensu Farrokh Bulsara. Eu era menino e fiquei impressionado com o tributo que fizeram para o indivíduo. A partir dali, fiquei fã da banda dele e não há um momento da minha até aqui curta existência que não tenha sido marcado por, pelo menos, uma canção de Sua Majestade.
Quebrando o protocolo, abaixo vão duas canções que estão entre as favoritas. As duas são das antigas, executadas em shows das antigas. A primeira, White Queen, do álbum Queen II, de 1974; a segunda, do lendário A night at the opera, 1975. Não pude decidir qual era melhor, então vão as duas.





Só para anotar uma curiosidade, o Farrokh Bulsara resolveu adotar o nome artístico "Mercury" depois que escreveu uma fantástica canção chamada My fairy king (que vale a pena ser ouvida aqui), em que havia um trecho assim: "Mother Mercury, look what they've done to me/ I cannot run, I cannot hide". Justificou-se dizendo: "mother Mercury é minha mãe, então eu tenho que me chamar Mercury também". E assim foi.
Ah, sim, a mãe de verdade se chamava Jer Bulsara.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

MÚSICA

Faltou a música.
Claro que Happy Xmas do Lennon. Mas, com The Coors.
O youtube anda arisco e não deixou incorporar. Vale a pena copiar o endereço.

http://youtu.be/2B-AX9ZZKpM

ENTÃO É NATAL

Houve uma época em que acreditava em Papai Noel.
Houve uma época em que acreditava em cegonha.
Houve uma época em que acreditava no desprendimento das pessoas.
Houve uma época em que acreditava que os homens se entenderiam com uma conversa.
O Natal sempre é uma época especial.
Quando criança era época de rever os primos que saíam de Rib’s e passavam as festas em Sampa.
O tempo passou, os primos cresceram e seguiram a vida.
Mas, descobri que existe um espírito natalino que, em verdade, age o ano inteiro.
Basta acreditar que temos a capacidade em fazer um pedido tão forte que o astral ouça e atenda.
Eu acreditei e fui atendido.
E, na época de Natal colocamos as luzes lá fora em sinal de agradecimento e como um farol a guiar Papai Noel caso ele queira aparecer para bater um papo.







Vale o post

O conselho editorial do F-1 Literária se reuniu há um tempo atrás e concluiu que sim, esta foto vale um post. Não sei a data, a ocasião e nem o local. Acho que tirei a imagem do F-1 Nostalgia, que é muito legal.
Vejam que há 5 títulos mundiais de F-1 nesta imagem do menino Damon empurrando, com o pai Graham, o "tio" Jim ladeira abaixo.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mais flores

Em meio às dúvidas aduzidas logo abaixo a respeito da permanência ou não de Rubens Barrichello na F-1, a notícia de um retorno improvável nos surpreendeu: o veterano Pedro de la Rosa volta à categoria pela Hispania.
Esperamos que esta sobrevida não termine assim. (o vídeo não foi incorporado aqui porque não deixaram)

Retirada?

Há tempos não escrevemos sobre Rubens Barrichello. Nem consigo lembrar qual foi a última vez.
Talvez não exista palavra mais apropriada para iniciar, nesta semana do GP do Brasil, último de 2011 e, quem sabe, último da carreira de Rubens, que farewell. Adoro esta palavra, farewell, cuja sonoridade é tão melancólica quanto o significado. Dizer farewell parece dizer muito mais que adeus, tchau, ciao, bye, auf Wiedersehen, auf Wiederhören, tchüs, ou seja lá o que for.
Farewell parece mais do que uma despedida inevitável ou provisória. Parece carregar a sapiência da despedida daqueles que sabem, precisamente, o momento de se retirar.
Barrichello teve uma carreira de sucesso na F-1, apesar de não ter conquistado o título mundial. Venceu corridas maravilhosas, como aquela em Hockenheimring, em 2000, a de Silverstone, em 2003 e, mais recentemente, Valência, 2009. O que mais se pode cobrar de um sujeito que é o recordista de participações em GPs, o sétimo maior pontuador da história - embora tenha feito a maior parte de sua carreira em carros que não lhe davam a oportunidade de brigar o tempo todo por pontos?
O que podemos acusar Barrichello é de ter estado no lugar errado na hora errada, no lugar certo na hora errada, na lugar semi-certo na hora péssima.... enfim, de ter perdido, em algumas ocasiões, o timing da carreira.
É sempre possível, após perder o timing de tudo na vida - o que não é exatamente o caso do piloto brasileiro -, acertar o momento de dizer farewell em vez de desaparecer no escuro. Só existe um cara, todavia, que pode saber a hora certa da despedida. A única alternativa é perguntar a ele. E aí, Rubens, você nos diz: hora de se retirar?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Ambiguidade

Hoje, houve por aqui um almoço inesperadamente agradável quase na hora da janta. Duas músicas foram lembradas por mim e minha companhia: a primeira, esta aqui; a segunda, que tem inescrupulosamente habitado nossa cabeça nas últimas semanas, vai abaixo.
As ambiguidades são indesejáveis quando se procura objetividade, mas podem trazer muita beleza aos textos e canções. É este o caso. Jorjão sabia tudo de ambiguidade.


PONTO DE VISTA

Este post não tem nada de idéias a serem lançadas de acordo com meu ponto de vista.
Trata-se de um vídeo do Lucas di Grassi em uma pista de corridas onde já brilhei muito.
Claro, no simulador GP-4.
A pista é Barcelona. A câmera está colocada no capacete do piloto. Reparem no barulho quando ele reduz marchas.
Sei que não é inédita mas achei legal a lembrança das minhas corridas no simulador.
O chefe do blog comprou um simulador de 2010 e até agora não conseguimos com que ele rode neste computador.
É nossa próxima missão impossível....