quinta-feira, 5 de julho de 2018

POIS É, FRANCELINO

Nos idos de 1976 havia a promessa do ditador Ernesto Geisel de que em dois anos, portanto em 1978, o povaréu escolheria os governadores de estado.
Muitos duvidaram e o presidente da Arena (partido de sustentação da ditadura) Francelino Pereira bradou "que país é este em que o povo não acredita no calendário eleitoral determinado pelo presidente?"

A frase virou piada porque o regime neste período fechou o congresso etc e tal. Voto direto para governador só ocorreu em 1982. Renato Russo a eternizou a frase na canção da Legião Urbana.

Sempre lembro do episódio quando leio notícias estapafúrdias sobre o cotidiano brasileiro onde as páginas políticas confundem-se com as policiais.
Roberto Jefferson é um criminoso confesso. Fazia parte da chamada tropa de choque na defesa de Fernando Collor. No tempo do julgamento do mensalão deitou e rolou entregando tudo "aquilo" e confessando que, como capo do PTB, guardava dinheiro vivo em casa. Fruto dos acertos para campanhas eleitorais. Nunca puxou cana.
A revista Veja tentou alçá-lo à condição de herói nacional por conta do mensalão.
Lembro que o chefe do blog disse que, na época em que era estudante nas arcadas, foi assistir uma palestra do "herói" que foi escorraçado aso gritos de picareta. 

Passa o tempo. Veio a operação Registro Espúrio desnudando a influência imunda de Roberto e sua filha, quase ministra do trabalho, na pasta dominada pelo PTB. O sujeito simplesmente usa um ministério para seus próprios e criminosos propósitos. Mas, claro. É tudo, ou engano, ou explicável. Afastou-se o ministro laranja Helton Yomura. Uma incrível decisão do sempre amigo e condescendente STF quando se trata de criminosos de colarinho branco.
Então, fico aqui pensando até quando este estado de coisas irá durar? 

Não há sinais de maturidade política do eleitorado no sentido de eleger quem, no mínimo, não está comprometido com a corrupção que campeia solta. Aliás, quem não está comprometido?

Enfim, tudo começa lá em cima. Temos um presidente golpista que, pelo que declara, é a  única ovelha branca entre as ovelhas negras. Um STF que anda feito lesma em se tratando de julgar os corruptos sob sua competência.

Cansa. Meninos, cansa. Havia uma brincadeira do tempo da ditadura que dizia sobre o brasil "o último apague a luz do aeroporto..."
Pois é.



Um comentário:

  1. Oi, Luiz. Um abraço. Tenho acompanhado estes seus textos, e gosto muito. Parabéns. Comungo de seu cansaço com nossa pátria mãe gentil. Estou muito descrente do futuro do Brasil, particularmente quando vejo a relação dos presidenciáveis: nenhum deles será capaz de atrair meu voto. Quanto ao STF, ele está cumprindo a contento com seu papel, qual seja, não permitir que nenhum detentor de prerrogativa de foro seja responsabilizado por suas falcatruas. É para isso mesmo que ele serve. Quanto à F1, não tenho acompanhado muito, desde primeiro de maio de 1994. Agora vou torcer pelo Brasil contra a Bélgica. Tchau.

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