domingo, 4 de dezembro de 2011

Sonho #22



Ligou aqui em casa um amigo ontem, preocupado comigo. Havia sonhado que eu tinha ideias estúpidas e procurava executá-las. Até perguntei se ele andava lendo o blog e, consequentemente, vendo todo o "deprê-show" - como gosta de dizer minha mãe - que andamos proporcionando. Mas ele disse que não.
Foi interessante a situação. Se um amigo sonha com você e te liga preocupado, a despeito das ausências injustificadas, pode-se ter certeza de uma genuína amizade. Ao mesmo tempo, o telefonema nos fez repassar uma série incrível de sonhos amalucados que tivemos este ano.
É quase sempre possível, ao acordar, refazer os eventos e sentimentos da vida que fizeram aparecer aquele encadeamento mais ou menos desconexo de imagens, sons e sensações que compõe o sonho. Mas é legal mesmo quando a reconstrução é impossível. Tivemos diversas vezes este ano um sonho muito doido, em que estávamos em uma guerra. Sim, guerra, tiro para tudo quanto é lado, explosões e medo. Já estivemos no exército, mas nunca em uma guerra, já atiramos, mas nunca para própria defesa ou ataque e nunca contra uma outra pessoa.
A mesma situação se repetiu diversas vezes e o resultado é sempre acordar num sobressalto. Não encontrei uma explicação possível para esses sonhos, embora esteja devendo R$ 150 por uma tentativa de elucidação.
O medo, no entanto, não é a única forma de acordar num sobressalto. Como na música do John Lennon, existem sonhos que te acordam com um sussurro: alguém chamando seu nome ou respondendo a uma pergunta que não foi feita. É a coisa mais estranha e assustadora.
Se não é possível decifrar completamente o que se passa conosco ao sonhar, é bom poder ir dormir com a possibilidade do sonho. Como diria o tal Comte-Sponville - que, conforme fui informado, anda "na moda" -, no mundo concreto, "o sofrimento é sempre possível, e é isso a que se chama um vivente: um pouco de carne oferecida à agressão do real". Não sendo o sonho algo real, a agressão não é uma consequência necessária e há a possibilidade de que tudo dê certo. Inevitavelmente, a gente acorda, a manhã chega trazendo suas respostas e, entre elas, pode estar o "sim".


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