terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MAIS QUE DOUTOR

Renatão foi mais rápido e fez uma singela homenagem ao Sócrates.
Mas, não posso deixar de dar este pequeno depoimento.
Fomos contemporâneos no campus da USP em Rib’s nos anos 70.
Ele na Medicina e eu na Química. Nunca nos cruzamos dentro do campus. Mas, o vi jogando futebol de salão pela Med.
As regras eram outras e o jogo sempre era uma carnificina. Eu mesmo, limitado que sou, dava porrada uma atrás da outra.
Enfim, neste jogo, o Doutor só conseguiu livrar uma bola antes de levar um pontapé.
Deu o passe para a vitória. Adivinhem como. Claro, de calcanhar.
Diz a lenda que ele jogava movido a cerveja pelo botinha (vulgo Botafogo de Rib’s) nas quartas feiras. Chegava no glorioso estádio e ia direto para o campo.
Sabíamos que não concentrava devido aos afazeres da faculdade.
Fico imaginando como seria sua carreira se fosse um atleta limpo de álcool e cigarro.
Certa vez, nos anos 90, tive uma consulta com ele. Eu tinha, supostamente, um problema cardíaco e um médico o indicou.
No consultório não havia nada que lembrasse sua carreira futebolística. Quando fui tocar no assunto levei uma bronca. Disse, mais ou menos, que ali dentro era um médico e não um ex-jogador de futebol.
Enfim, ele faz parte da história de Rib’s e prefiro lembrar, além da carreira vitoriosa no futebol, sua luta contra a ditadura e a incrível lucidez com que encarava os problemas deste abandonado Brasil.
Ah, o suposto problema cardíaco era, em verdade, sacanagem para me tirar de um concurso. Tétrico, lúgubre, horrível.

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