segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Vazio

É interessante morar só. É uma experiência que pode ser, sem dúvida, libertadora. Não há regras, senão aquelas que você mesmo cria; não há horários, exceto aqueles que você mesmo impõe; não há satisfações, explicações a serem dadas, nada disso.
Mais importante, quando se convive muito tempo consigo mesmo, há uma oportunidade excelente de conhecer a si próprio. Com seus pensamentos e nada mais, aprende-se - ou, pelo menos, tenta-se aprender - sobre quem se é.
A combinação desses fatores leva a resultados interessantes, como, por exemplo, perceber quais são as coisas que fazem bem, conviver só com as raras pessoas que te fazem melhor. A percepção de quão raras são essas pessoas - e do quão mais raros são os encontros com elas - criam repúdio a conexões vazias e, com isso, é dissolvido o estereótipo do cara antes dos trinta morando sozinho.
Ocorre, todavia, que, vez ou outra, o silêncio dos próprios pensamentos é quebrado. Visitam-se pessoas importantes para sua vida, pessoas importantes vêm visitar. Mas você vai embora, as pessoas vão embora. O silêncio volta exatamente como era antes.
Não só ele retoma o seu lugar como tudo em volta continua igual: os mesmos móveis, as mesmas manchas na parede, o mesmo prato sujo que você não quis lavar, a garrafa d'água que ficou esquecida em cima do porta-copos. Está tudo lá, do jeitinho que estava antes. Por que será, então, que, às vezes, dá impressão que levaram tudo embora? Ficou tudo vazio. E o silêncio repete a todo tempo: a vida é uma constante saudade.

Um comentário:

  1. O essencial é não sentir a alma vazia ... não obstante às vezes seja inevitável, ainda que a casa esteja cheia. Saudade? um dos melhores sentimentos é o de acabar com ela ... fica na nossa lembrança pra sempre.

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