sábado, 3 de março de 2012

Sabores

Estava lendo um livro dia desses, grifando-o com as já habituais canetas marca-texto de três cores diferentes - prática que copiei de um grande amigo. A certa altura, notei que havia lido bastante, as páginas estavam todas coloridas e o tempo não demorou para passar. O livro esteve muito gostoso.
Outro dia, comi um peixe com alcaparras. Havia tanto sabor que tive vontade de comer mais, e o tempo do almoço não foi arrastado e dolorido. A comida estava muito gostosa.
Chegou a noite no fim de um dia e deitei para tentar dormir. Olhei para o teto, não me importei com as sombras. As pálpebras fecharam sem o frequente incômodo de horas e horas de insônia. Quando dei por mim, já era dia de novo. Dormi um sono muito gostoso.
Num sábado qualquer, viajei de ônibus numa estrada plana e vagarosa. O sabor era do Livro do desassossego, que me enche de contentamento. Pude ler muitas e muitas páginas sem perceber e a estrada passou sem os sobressaltos e sacolejos costumeiros. As horas solitárias do ônibus deixaram de ser amargas.
E como é bom o sentimento de perceber, de repente, que a vida volta a ter cores, movimento, prazeres simples, os dias são vividos e não simplesmente passados. Também pudera: fica fácil enxergar sabores quando o sol brilha refletido nos olhos que acordam ao seu lado.

5 comentários:

  1. Nossa!!!!! Já vi esse filme há alguns anos atrás ... acordar de manhã bem cedo para ir à faculdade ficou até gostoso, os dias eram coloridos, sem contar o por do sol, inspiração para muitas poesias. Muitos e muitos anos se passaram, a emoção continua ... "é a vida, é bonita e é bonita"

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