segunda-feira, 26 de novembro de 2018

CAIPIRA

Uma vez li, ou ouvi, alguém dizer que iria aposentar comprar um sítio e ver a grama crescer.
Ou seja, sentar na varanda e ver o tempo passar sem mais preocupações.
Bom. Tivemos momentos como esse nas nossas miniférias lá em Socorro. Nosso quarto tinha uma varanda com vista para um lago e um morro.



Muito bucólico. Nosso momento caipira/aposentado deu-se na contemplação da paisagem. Regada a vinho que somos caipiras chics.

Logo uma cena chamou a atenção. Vacas e um cavalo intruso passavam o dia perto da cerca que separa o miolo do morro na foto acima e a rua. Dá para notar os pontinhos ruminantes.

Ficavam ali deitados com ar de enfado comentando sobre os passantes. Feitos os moradores das cidades do interior de antigamente. Punham cadeiras na calçada e dedicavam-se a comentar o assanhamento da vizinha do lado que não saía da padaria. Ou o comprimento da saia da filha daquela orgulhosa que não sentava junto com as comadres. Ou ainda o filho da vizinha da rua de cima que é muito sem educação sempre com o nariz escorrendo.
Começamos, eu e a rainha da mansão, a imaginar as falas das vacas e do cavalo intruso.


Mário é o boi preto junto à cerca acima da árvore. É tímido e fugiu da foto.

Ao cair da noite um boizão líder, damos a ele o nome de Mário, levantava e se encaminhava para o alto do morro onde havia uma trilha para a "casa" dos quadrúpedes. No caminho sempre havia tempo para mais uma refeição. 
A marcha era lenta como deve ser no interior dos velhos tempos. Um passo aqui. Um comentário sobre a cor da grama ali e vamos que vamos. Mário, o boizão líder, era rápido e logo estava bem à frente do grupo. Parava, olhava para trás e punha as mãos nos quadris como a reclamar da demora dos liderados. Conhecemos alguém assim.

os atrasadinhos para desespero do Mário
Quando o sol estava dando até logo o grupo contornava o morro, voltando no dia seguinte para a mesma rotina de fofocas e comilanças.
E nós na varanda vendo o tempo passar e a grama ser comida (no caso).

pelo tamanho da criança é uma vaca parida e não "sortera"



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