terça-feira, 11 de março de 2014

O MUNDO VAI ACABAR

Minha infância/juventude transcorreu sob o signo do fim do mundo.
Nos anos sessenta a idéia de uma hecatombe nuclear era muito concreta. A crise dos mísseis em Cuba em 1962 por pouco não levou USA e URSS a um MMA fatal.
Naquela época havia influência de um e outro (influência sinônimo de fornecimento de armas e cositas más) para supostos revolucionários nos países sob influência, ou do capitalismo selvagem ou do comunismo comedor (literal, literal) de criancinhas.
Nós, pobres mortais, no meio desse bang-bang.
Não vou descrever as mazelas da guerra fria que são conhecidas por todos.
O objetivo deste post é dizer que a atual crise lá onde o Judas perdeu a Ucrânia e a Criméia provoca em mim nada mais que sonolência.
Aprendi nestes anos todos que o mundo em que nasci e cresci (1955 para cá, portanto) sempre esteve sob a influência dos dois gigantes nucleares. China correndo por fora.
O único ponto dissonante é Cuba. Os norte americanos não engolem um país comunista (nem sei se de fato é comunista) na porta da Flórida. Desde que o barbudo desceu a Sierra Mestra tirando do poder o marionete da máfia americana, Fulgêncio Batista, que nossos prezados amigos da liberdade doa a quem doer tentam "libertar" a Ilha.
De resto, o mundo está repartido entre "nós" e "eles". Estranho que "eles" não são mais comunistas. Como diria Ronald Dããã Reagan "ganhamos a guerra." Então tá.
Portanto, Barack Obama (que nome é esse?) pode espernear, telefonar, ir na encruzilhada, xingar, ameaçar, dar xilique e tudo o que tem direito. É só para inglês ver. Ele não vai mexer um dedinho sequer se Putin (que nome é esse?) puto que está invadir a, como é mesmo?, Ucrânia quebrando uns crânios à lá crimeiada (não resisti).
Hoje eu tenho sono. Mas, já perdi muito do dito na minha juventude. Lembro do início dos anos 1970 quando convivia com alguns jovens mais velhos que diziam para aproveitar a vida porque vinha ali na esquina o bloco da guerra nuclear. Noves fora, a ditadura militar também dava seus pitacos ajudando no desânimo em viver uma vida ordinária.
As notícias que lia no jornal ou o que passavam na TV me arrepiavam todo. Golpes para cá e guerras em fim de mundo (tipo África) para lá.
Até que uma entrevista acabou de vez com meu sono.
Um correspondente da Globo deu um depoimento num programa qualquer dizendo que tinha medo de uma guerra nuclear. Até aí morreu Tancredo e Ulisses está numa ilha cercado de beldades.
Ele disse que havia, no entanto, um consolo. Morava, em Londres, próximo a um entroncamento ferroviário alvo, certamente, de um míssil qualquer em caso de guerra. Morreria de saída, sem sofrer os efeitos da radiação. Morrer com esses efeitos, disse ele é muito pior. Fora o inverno nuclear e quetais.
Porra, mano!
Eu vivia no Brasil!
Este enorme e bobo país não merecia nem uma bombinha de efeito moral. Significava que eu iria morrer com os tais efeitos da radiação. Fora o inverno nuclear. Tá certo. Adoro frio. Mas, nuclear não, obrigado.
Perdi o sono. E passava o dia tentando bolar alguma coisa que colocasse a rua Djalma Forjaz no alvo de uma bela e repousante bomba nuclear.

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