domingo, 23 de outubro de 2011

Quatro pessoas em volta do café

Hoje aconteceu na porta da sede paulistana do F-1 Literária a já tradicional festa típica em homenagem ao Allan Kardec. O palco é montado bem em frente ao prédio e há bandas tocando o dia inteiro em altíssimo volume. As janelas tremem, caem coisas do vão que um dia abrigou o encanamento de gás e, no meio disso tudo, é impossível dormir, ver TV, ler e etc.
Todos os anos, no fim de semana designado, sou acordado por esta festa. Este ano, como tudo esteve diferente, não acordei com o barulho, pois é impossível ser acordado quando não se dormiu.
Como não dormi, não senti necessidade de tomar café da manhã. Substitui o desjejum por uma ligeira caminhada até à Avenida Paulista, subindo pela Brigadeiro Luís Antônio e descendo, na volta, pela Rua Augusta, já com ar moribundo de manhã de domingo. Passei na banca e comprei o jornal.
Não tomar café me fez lembrar de quanto gosto de cafés da manhã. Fui lembrado, principalmente, das minhas constantes incursões ao interior paulista para visitar meus pais, irmã e família. Um dos momentos por que mais tenho apreço nestas ocasiões é o café da manhã de sábado. Todos reunidos, sentamos, conversamos, tomamos o café - vício de todos nós -, tudo sem pressa, com calma, com exceção do meu pai, que rompe da mesa rumo ao computador em busca de qualquer joguinho para aplacar a crise de abstinência.
Eventos da vida, às vezes, colocam o café da manhã à prova. Olhamos para as três pessoas em volta de nós e vemos cada um com um drama interno, compartilhado ou não, e parece faltar sintonia. Só parece, pois, ainda que estejamos absortos cada qual com um pensamento estranho, sabemos que a mesa estará sempre ali, com aquelas outras três pessoas esperando para sentarmos juntos.
Um recente evento inesperado vai mudar significativamente nossas vidas. Até o substantivo vai ser alterado - de irmão, serei tio, meus pais, serão avós e minha irmã, ainda tão filha, vai ser mãe. Parece que a mesa diminuiu e agora sentamos mais perto uns dos outros.
Aquela mesa de café, com quatro pessoas em volta, é tudo o que nós temos neste mundo de vapor. Agora, seremos cinco. O novo menino ainda não chegou, mas, a julgar pela mãe, tenho certeza que vai ser assim:

4 comentários:

  1. quanto à festa: e a gente reclama dos evangélicos que "gritam" como se jesus fosse surdo.
    O café da manhã é muito legal. Não só aos sábados como também aos domingos.
    A mesa à espera me lembra um episódio dos "anos incríveis", que assistíamos todos juntos e embevecidos lá em jabotica's.
    A menina mais velha, que vivia às turras com o pai, sai de casa e o Kevin lembra que sempre haverá uma luz acesa na varanda à espera de sua volta. Um episódio poético e acabei chorando.
    Sempre haverá, no nosso caso, uma mesa de café à espera desses marcantes encontros familiares.

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  2. Esse menino vai ser mais lindo que os filhos do John e o proprio, juntos!

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  3. Chorei ... sempre marcantes as nossas reuniões em volta da mesa ... café quentinho com bolinhos de chuva com vários corações flutuando sobre o açucar que os envolve ... sou muito feliz por isso ...

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  4. Falou tudo tato: " sabemos que a mesa estará sempre ali, com aquelas outras três pessoas esperando para sentarmos juntos."
    Tava esperando o dia em que o titio tato iria fazer menção ao Henrique e fazer a mãe dele chorar! hahaha
    Obrigada,
    Amo vc.

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