sexta-feira, 3 de abril de 2020

ESTAGIÁRIOS - 0

Não.
Não vou falar mal de estagiários.
São, vamos assim dizer, aprendizes que deveriam aprender (ui!) e colocados, depois de um tempo, na condição de efetivos "servidores". Detesto o termo "servidores" porque sei que no fundo somos servidores.
Enfim, lembro sempre de um lá do meu início de carreira na (in) justiça.
O Agnaldo. Posso dizer o nome porque provavelmente existem 'centos Agnaldos advogados. Ou, mais provavelmente, o Agnaldo do post não tenha conseguido passar na porra do exame da OAB.

Bão. O Agnaldo em questão era daqueles "espertos".
E, espertos, existem em todas as áreas. 
Por exemplo, um dos funcionários da loja de meu cunhado que vivia dizendo que "falti porque devido à morte de minha avó tão querida".
Tempos depois, feitas as contas, meu cunhado chegou à conclusão que o dito funcionário tinha umas seis avós.
E, lógico, o "Zézim" disse que eram avós de coração. 

Enfim,  o Agnaldo lá do TRF3, início de minha carreira, era sem noção feito o Zézim
Logo que entrou uma de suas incumbências era levar as estatística aos gabs dos "home".
Pois não era que ele entrava nos gabs e pedia para ver o "home"?
Para entregar a estatística.
Quem se interessa em estatísticas?
Um belo dia alguém falou para ele que a dita poderia, e deveria, ser entregue ao chefe de gabinete.
E, o Agnaldo ficou indignado. O MMzão (acima do juiz que é MM) deveria ser informado em primeira mão da estatística.

Expliquei como funcionava a hierarquia na (in) justiça e o pobre Agnaldo não deve ter dormido naquela noite pelo olhar indignado que me lançou.
Dentre várias situações hilárias uma se destacou.
Agnaldo faltou num dia e apresentou um atestado médico. Sei lá qual o problema.
Faltou outro dia e apresentou o mesmo atestado.
Questionado saiu com aquela de "peguei o atestado errado"
Lógico que não apresentou o atestado correto e perdeu o dia.

Apesar de tudo gostava do estagiário Agnaldo. 
Lembro que o ajudava nos trabalhos.
Ele ficava um tempão olhando as notas no site da faculdade.
Eu dizia que não adiantava a tentativa de hipnose. As notas não iriam mudar.
Passavam uns trabalhos para ajudar nas notas e ele copiava e colava de uma porrada de sites.
Um monte de tudo. Bastava ter a palavra chave que ele copiava e colava.
Nem arrumava a formatação.
Vergonhoso.
Num belo dia, sem conhecer lhufas dos procedimentos judiciais, resolvi ajudar num trabalho sobre Agravo de Instrumento.
Meninos. aprendi com o estagiário. Não tinha noção, naquela época, sobre esses instrumentos destinados a atravancar o bom andamento da (in) justiça.
Mas, já estava apaixonado pela (in) justiça. E, interessado em aprender.
E, feito a bagaça, Agnaldo tirou dez e passou na matéria.
Ficou feliz, eu fiquei feliz, e até hoje penso se alguém leu com atenção o que o "Agnaldo" escreveu. 
Mas, vejam só. Um estagiário ajudou um outro estagiário, porque eu não passava de um "outsider" lôcão para aprender tudo sobre tudo da (in) justiça.
E, sempre lembro do esperto Agnaldo tantos e tantos estagiários depois.
E, sinceramente, espero que ele tenha alcançasse o sucesso.
Ou como advogado ou como vendedor.

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