quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

MULTAS

A pauta é multa de trânsito.
Antigamente as multas eram do tipo raiz. A toridade mandava o sujeito parar, passava um sabão (expressão do tempo do véio Mero) e tome multa.
Lembro da cena do guarda rodoviário munido de cronômetro e binóculo a medir a velocidade do carro em determinado trecho. Rudimentar e sem chance de apelação. Se o cara errou na medição azar do "infrator".

Dessa época tenho duas lembranças. Uma boa e uma péssima.
Primeiro a péssima. Passei no último concurso da CPFL e estava fazendo os ultimamente em Araraquara. Morava em Jaboticabal. Nosso carro era o famoso Fiat 147 Rallye dois em um. Dois em um porque, descobri um tempo depois, pegaram dois carros batidões e fizeram um. Nosso valente Fiat.
Bom, há uma descida do carai entre Araraquara e Jaboticabal. Vinha eu na descida, na banguela claro, e o guarda me parou na subidinha logo depois. Binoclão no peito disse que eu havia feito uma ultrapassagem em faixa contínua. Cuma? Não era excesso de velocidade?
Não era verdade. Nem havia outro veículo por perto. Comecei a argumentar de maneira cada vez mais incisiva enquanto o maluco examinava meus documentos. Então, o anjo da guarda deu um peteleco na minha cachola. Os pneus do carro, até então anônimos, estavam mais carecas que o Esperidião Amim. Um deles tinha que ser calibrado todo dia porque a câmera de ar já aparecia. Sim, naquele tempo os pneus tinham câmera.
Fiquei quieto e levei uma injusta multa. Fiquei sabendo, mais tarde, que um colega nosso teve um carro (um Fiat!) apreendido no mesmo lugar por causa de calvice pneumática. Teve que gastar os tubos para comprar pneus e trocar no pateo onde o carro estava guardado.
Em tempo. Fui defenestrado do concurso por conta de exame médico fraudulento. Sem dinheiro para advogado.....

Agora a boa.
Num tempo razoável tínhamos um opalão cinza quase zero.
Vindo de Sampa para Jaboticabal, ainda no começo da Bandeirante fui parado por um guarda num posto de fiscalização logo após um descidão. Eu sabia do posto mas, o pé é pesado.
Não deu outra. O sujeito me parou e foi logo dizendo que eu estava voando baixo. O que dizer em defesa? 
Disse que sabia do posto de fiscalização mas esqueci de tirar o pé. O senhor tem razão. Lavre a multa.
O cara ficou furioso. Disse que meu carro era a gás. Coisa normal naquele tempo. Instalavam um bujão de gás, uma "barbuleta" para a troca de combustível quando havia autoridade perto e tome polca. O carro a gás soltava um cheiro parecido com vazamento de gás dos fogões.
Cismavam em todo lugar que meu opalão era a gás. Não era. Depois de muito examinar o motor, porta malas (cheio de muamba), luzes, pneus e tudo o mais, a autoridade catou o talão, os documentos. Olhou bem para mim, suspirou, devolveu os documentos e mandou que eu fosse para puta que o pariu. Não literalmente lógico. Mas, penso que ele ficou puto com a minha sinceridade somada com o carro em ordem. Deu preguiça em escrever a multa por excesso de velocidade. Mandou que eu seguisse. O que fiz sem olhar para trás.

Como este post ficou grande vou guardar as multas nutella para outro.

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