quinta-feira, 6 de abril de 2017

TERROR NA QUÍMICA

Não. Não diz respeito à ditadura. Poderia mas, não.
Em 1976 o campus da USP em Rib's era um lugar ermo. Um dos barões do café cedeu a sede (cedeu a sede é poético) de uma fazenda para a instalação da faculdade de Medicina. O resto é história. Outros cursos foram se instalando até a USP daqui se tornar uma referência. 
No início do curso da Química, e até 1979, quando me formei, o prédio do IML cedia parte de seu espaço físico para os laboratórios. Tétrico.
Muitos professores eram estrangeiros. Peguei parte deles. Péssimos, por sinal. Mas, esta é outra história.
Lógico que, os primeiros professores brasileiros introduziram aquele jeito tupiniquim de ser. Prontos para uma gozação (trollagem, como se diz hoje).  
Um dos professores estrangeiros, se não me engano inglês, tinha por hábito trabalhar à noite. Quero dizer ele ia para o laboratório e punha suas coisinhas para cozinhar (coisinhas para cozinhar também é poético). Algumas pesquisas  exigiam maquinário livre por bom tempo. Então, o ideal era o trabalho noturno. Ninguém iria pedir para usar. 
Enquanto esperava o cozido o tal professor praticava violino. 
Aqui entra o terror.
O campus era tremendamente escuro. Se olharem no google earth notem que há uma praça enorme e redonda dominando grande parte da área. Aquilo era um breu. Os postes porcamente instalados não davam conta. Naquela época a prefeitura cedeu uns guardas noturnos que faziam a ronda montados em cavalos. Sei lá porque.
Um deles se apresentou ao professor brasileiro. Durante o dia. Este não deixou por menos e levou o guarda noturno a conhecer as dependências do IML. Ato contínuo passou a discorrer sobre o negrume noturno e as histórias tétricas envolvendo os defuntos e o prédio.
Disse que vira e mexe aparecia um fantasma de um antigo músico que tocava violino à noite.
Pronto. Já imaginaram o que aconteceu.
Numa noite qualquer o professor estrangeiro bota as coisas para cozinhar e passa a tocar violino.
O guarda noturno vem com seu cavalinho e o fiofó piscando (do guarda noturno). Quando se aproxima do IML ouve o som do fantasma e pernas para que te quero. Pernas do cavalo, bem entendido.
Depois de uns dias alguém resolve ir até a casa do sumido. Ele disse que nem pensar em voltar a trabalhar naquele lugar. Pelo menos devolveu o cavalo.

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