terça-feira, 25 de abril de 2017

LARANJADA RADIOATIVA

Senta que lá vem história.
De volta aos velhos e etílicos tempos da Química anos 70.
Já disse que os laboratórios do curso ocupavam o prédio (sinistro por si) do IML de Rib's.
Tudo era mambembe, deprimente, velho e com equipamentos obsoletos.
Mas, era o que nos restava.
O prédio (xô vê se acho algo no google "vc está sendo beservado").
Não achei nada. Também, não procurei direito.
Enfim, o prédio (que ainda existe, não sei se ainda do IML) é quadrado com um pátio interno. 
Num dos laboratórios "operavam" dois professores de Inorgânica. Nem sei mais o que significa "inorgânica". 
Como o campus é relativamente distante da cidade, os mestres levavam alguma coisitas para comer durante a tarde. E, pasmem, usavam a mesma geladeira dos componentes químicos que eram armazenados em baixa temperatura, para guardar determinados alimentos.
Pode Arnaldo?
Não pode. Mas, assim era.
Dentre as coisitas os professores levavam havia uma jarra de laranjada. Que, era guardada na tal geladeira.
Vale dizer que o laboratório em tela não era utilizado para fins didáticos. Só para pesquisa. Nós, os pobres alunos, não tínhamos acesso a ele.
Só os dois professores e os funcionários que ajudavam na limpeza dos "bejetos" e até na "fazedura" de determinadas "poções".
Num belo dia um dos mestre percebe que a jarra de laranjada está mais vazia, ou menos cheia, que o normal. Inqueriu seu par que negou ingerir mais laranjada que o combinado.
Então, quem foi?
Tcham, tcham, tcham.
Interrogado o principal funcionário frequentador do laboratório negou de pés e mãos juntas/juntos ser o autor de tamanho crime lesa laranja.
E agora?
O funcionário era o maior suspeito. Pior, a jarra teimava em esvaziar no dia a dia desta vida laboratorial, mesmo após a descoberta da "evaporação".
Que fazer?
Um deles teve uma brilhante ideia.
Um a um os funcionários que frequentavam o laboratório foram chamados.
A eles foi exposta a situação. Alguém estava se deliciando com a jarra de laranjada.
Só que havia um enorme problema. A laranjada era radioativa. Havia uma pesquisa em curso que incluía laranjas radioativas. 
Ou seja, quem estivesse tomando a tal laranjada ficaria broxa para todo o sempre. Fora outros problemas como ficar brilhando no escuro. Imaginem o susto da sogra. Melhor não. Susto do filhinho querido.
Então, o suspeito número um se entregou. Chorando disse que o líquido era muito gostoso e não resistia. Não imaginava o risco que corria (rimou).
E agora?
Que fazer? Vou ficar broxa? Ontem a patroa reclamou....
Aqui entra a brasilidade da situação.
Os  professores, com ar grave, explicaram que já haviam conversado com ele, que negou tudo e que aquilo era inconcebível e etc, etc, etc.
Não acabou aí.
Disseram que ele, o funcionário, deveria tomar uma beberagem com a finalidade de reverter os efeitos da laranjada radioativa.
E, durante um tempo que não me recordo, deram um líquido à base de limão com outras substâncias "ardentes" para reverter a brochura do moço.
Além de, claro, questionamentos sobre o funcionamento do "júnior" que fez a alegria da turma durante várias chopadas.
Por essa e por outras, que, ao comprar suco de laranja leio com toda atenção o rótulo para ter certeza que não é produto do laboratório daqueles dois professores cheios de imaginação.







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