terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Maior que a soma das partes que o compõem

Trezentos e vinte e dois GPs disputados em 19 temporadas completas na F-1, 11 vitórias, 14 pole-positions, 658 pontos somados, 2 vice-campeonatos mundiais. Bastariam esses dados para concluir que o dono dessas marcas teve uma belíssima carreira na Fórmula-1. Tais números, entretanto, sendo, em alguma medida, aleatórios, não contam toda a história.
Quando eu era menino, tinha um poster da revista Grid com uma foto do Nigel Mansell vencendo o GP do Brasil de 1989. O verso deste poster continha uma outra imagem, com um jovem piloto fazendo seu primeiro ano de F-Ford. Por alguma razão, a face visível do poster pendurado no meu quarto não era a da consagrada Ferrari guiada pelo inglês, mas a que exibia a foto daquele jovem rapaz promissor que, conforme o previsto, chegaria em poucos anos à Fórmula-1.
A corrida em que a foto foi tirada realizou-se em Florianópolis sob muita chuva. Era a estreia daquele piloto que venceu sem grande dificuldades, embora nunca tivesse competido de monoposto anteriormente.


Quando escolhi qual lado do poster ficaria voltado para a parede e qual ficaria voltado para os olhos, escolhi, também, qual seria minha torcida na F-1 por anos e anos. Torceria por Rubens Barrichello.
E muitos vão pensar: "que destino cruel, torcer para o Barrichello!". Mas esses muitos provavelmente são os mesmos que nunca sentaram a bunda numa arquibancada de autódromo ou no sofá de casa para ver uma corrida inteira. São os que não tem a menor ideia do que efetivamente é uma competição automobilística. Vencer assim...



... ou assim...


... tem significados especiais e apenas uma categoria muito seleta de pilotos conseguiu correr neste nível pelo menos uma vez na vida.
No entanto, não é apenas pelos resultados nas pistas que uma carreira deve ser celebrada. A vida é muito mais que estatísticas e bons resultados profissionais. Números não contam como foi vencer o GP da Alemanha de 2000, o da Inglaterra de 2003, o GP da Europa de 2010, como é vencer em Monza pela Ferrari; contam menos ainda o que significa fazer o terceiro melhor tempo em Interlagos em 1999 com um carro branquinho dotados de toneladas de cavalos a menos que os outros; não se encontra nas estatísticas o que é perder o GP da Áustria de 2002 na última curva e como a F-1 teve que mudar depois do episódio; números não contam nada sobre seu relacionamento com o pai e o avô; não contam nada sobre como é constituir família e ter filhos excelentes; não contam como é manter-se íntegro mesmo quando o mundo que o cerca é só sujeira.
Se os números contassem todas essas histórias, Barrichello talvez fosse o maior piloto da era moderna da F-1. Sem dúvida, deixa muito menino mesquinho no chinelo.
E que venha a F-Indy!

3 comentários:

  1. Pera... pera: voce deixou de ser menino? Vixi!

    Mas Renataozinho, nao fique revoltado! Voce e o senhor seu pai deveriam ficar felizes por gente que nunca quis saber de sentar abunda na cadeira pra instruir-se em porcaria alguma de corrida - como certos residentes ermitaes - passar aqui.

    Especialmente porque os ditos ignaros continuam concluindo que as altas filosofias escritas a respeito da vida da literatura e da boa musica neste espaco valem muuuuito mais a pena que ficar criando panca vendo carrinhos (por mais fofos que eles e seus pilotos sejam)

    Mandei sms com os insultos negonicos introdutorios de praxe pra tentar dirimir uma duvida tecnica de F-1 mas ja achei no google. Life is very short, and there's no ti-i-i-i-i-me...

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  2. Eu pensava em um post sobre o barrica.
    Mas, esse diz tudo o que precisava ser dito.
    Nós aqui da casa apoiamos (do nosso jeito) o rubim.
    Desde o tempo em que ele "brigava" com o Christian Fittipaldi.
    Cansei de subir no banquinho lá no "serviço" para defender o piloto brasileiro.
    Cá entre nós: se ele for para a tal Indy leva fácil fácil.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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