domingo, 1 de abril de 2012

México Lindo

Há séculos atrás, existia o GP do México de Fórmula-1 que ocorria no onduladíssimo traçado do autódromo Hermanos Rodriguez. Os hermanos em questão são Pedro e Ricardo Rodriguez - ambos, obviamente, mexicanos -, que competiram na F-1 com destaque nas décadas de 60 e 70.
A última vitória de um mexicano na história da F-1 foi, justamente, de Pedro Rodriguez, no GP da Bélgica de 1970.
No entanto, de lá para cá, a maior contribuição do México para o automobilismo foi o referido autódromo.


O traçado, encrustrado na cidade, tinha uma das mais belas curvas da F-1 (com um dos melhores nomes de curva também): a lendária Peraltada.
A curva, que levava à reta de chegada, tinha uma leve inclinação e era contornada com velocidade incrivelmente alta. Alguns belos momentos da história das corridas foram protagonizados ali:



Houve, também, momentos perigosos:


Alguns eventos inusitados aconteceram no GP do México, como a dor de barriga de Riccardo Patrese, em 1991 - o italiano, apesar dos incômodos no aparelho digestivo, venceu o certame; em 1986, Nigel Mansell também teve caganeira, mas na hora da largada: o inglês não conseguiu arrancar no momento do sinal verde e perdeu pontos importantes que lhe custariam o título daquela temporada.
É comum que associemos México àqueles dramalhões que o SBT passa no fim da tarde, como Maria do Bairro, e coisas assim. A própria história dos irmãos que dão nome ao circuito comprova que uma dose exagerada de emoção é própria da genética deste povo: ambos morreram na pista, pilotando.
A primeira vitória de Gerhard Berger na F-1, ocorrida no GP do México de 1986, teve um desfecho digno de novela. Ninguém sabia ao certo se o austríaco teria que parar ou não para botar borracha nova em seu Benetton. No fim, venceu por não parar para a troca e por conta dos problemas com Johanson e Patrese.




No último domingo, no GP da Malásia, o México voltou a ser o centro das atenções automobilísticas quando Sérgio Perez perseguiu implacavelmente Fernando Alonso, tirando 1,5s por volta, até receber o fatídico aviso pelo rádio de que deveria ter cuidado ao tentar a vitória. O mundo inteiro querendo ver o menino acabar com a Prima Dona e o merda do engenheiro pedindo cuidado. Que cuidado? O sujeito estava 1,5s por volta mais rápido, passar, nessas circunstâncias, é só questão de ter calma.
Depois de que um cara aí se esborrachou no muro para a Prima Dona ganhar o GP de Cingapura de 2008, eu não duvido de mais nada e não é absurdo pensar que a escapadinha do Perez no fim da corrida foi calculada para não ameaçar mais o mimadinho da mamã Ferrari. Todo mundo ventilou a hipótese de armação. O Luís Fernando Ramos, que entende do riscado, disse que não foi, não. Seja como for, ficou uma coisa estranha no ar.
Tudo indica que o mexicano substituirá Felipe Massa no próximo ano na equipe italiana. É uma pena. Servirá de escudeiro da Prima Dona e, caso o espanhol seja campeão por antecipação, poderá brigar por uma duas vitórias por ano como concessão da equipe e do Banco Santander pelos bons serviços de escudeiro prestados ao longo da temporada.
Assim, o resultado do GP da Malásio pode ter sido triste, na medida que pode significar que o Perez já sucumbiu aos mandos e desmandos dos homens de vermelho. Por outro lado, podemos pensar que, pelas mãos e pés do piloto, o México voltou ao cenário automobilístico e que o país, com suas paixões escabrosas e absurdas, continuará lindo, lindo.

3 comentários:

  1. Como diria o Luizão "serjão está devendo"...

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  2. nem preciso dizer que o meu velho jorjao aqui... sim, ja cantou bastante esse louvor a terra do garoto do 8

    Cucurucucu u Paloma

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  3. mc - solteirona e sem diploma de doutora1 de abril de 2012 às 18:38

    alias, o meu pai sempre cantava "meus vinte e seis anos" e eu nem sabia que o nome da musica vinha tao a calhar. Sensacional.

    mas mais fantastico ainda e acordar de madrugada, ir pra "capital da verdura organica" fazer concurso e dar de cara cm um texto sobre a AREA 51. E outra: a resposta certa em conhecimentos gerais era o Tartaruga Ninja.

    f1 literaria acaba ainda por dominar o mundo.

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