quarta-feira, 6 de maio de 2020

SALSICHA INCENDIÁRIA

Não. Não se trata de um embutido cheio de pimenta a nos surpreender na primeira mordida.
Trata-se de um acontecimento ocorrido lááá em Curitiba quando este que vos tecla morava na gloriosa rua Emílio de Menezes.

Ela está aqui em 2011


Minha casa ficava nesta construção verde. A esquina era um terreno baldio. A Emílio era de terra. Havia, defronte minha casa, um esgoto a céu aberto. Muuitos sapos.
A vilinha onde moravam os mais variados clãs não existe mais. Tenho uma foto de uma das casas quando de uma visita, creio que em 2005.
Foi engraçado. Íamos para o sul, os Onofris, e paramos em Curitiba. Nunca havia visitado as paragens de tantas lembranças. E pirei na batatinha. 
Resumindo: lembro de sair feito louco contando que "aqui era a casa do Adolfo", "aqui era uma construção que nunca acabava", "aqui tudo era mato", até que o chefe do blog me encontrou uns quatro quarteirões distante.

Me perdi. 
Ah, me achei.
Em Curitiba faz um frio da peste. No inverno nem se fala. 
Nas noites de inverno dona Alzira, a gloriosa, me enrolava em dois cobertores. Sim, dois.
Ficava parecendo uma salsicha.
Para evitar os ataques de pernilongos, uma vez que os sapos não davam conta da demanda, ela acendia aqueles espirais de veneno.
exatamente como este
E, vão dormir com o ambiente cheio de fumaça e enrolado feito a tal salsicha.

Uma bela noite, no entanto, acordei com mais fumaça que o normal. A ponta de um dos cobertores caiu sobre o espiral, colocado muito perto da cama (né dona Alzira?) e pegou foto. Sim. Fogo numa casa de madeira. Lembram deste post?

Quando percebi que a coisa não estava para brincadeira chamei mami.
Papi, porém, foi quem respondeu. Véio Mero levantava por volta de quatro de la matina para ir trabalhar na fábrica de pão. Portanto, estava puto com o chorão chorando por causa da fumacinha do espiral. Berrou para que eu não enchesse o saco. Algo carinhoso assim.
Eu não conseguia me livrar dos cobertores. Verdade. Ficava tão apertado que só pela manhã com a ajuda de dona Alzira conseguia me livrar das amarras. Nem sei como conseguia dormir. 

Sei que, ao perceber as chamas crescendo para cima da cama, berrei feito um bezerro desmamado.
Lembro de abrirem a porta e a luz da lâmpada do corredor lutando para vencer a fumaça. 
Vários cof cof depois os cobertores em chamas foram parar no gramado dos fundos da casa.
Véio Mero ficou com aquela cara de bunda por não acreditar no pimpolho.
Dona Alzira sem entender como uma brasa (mora, diria Reibeto) provocou um fogaréu daqueles.
Enfim, lembro que fiquei sem meus cobertores preferidos. Foi o final feliz, no entanto, da salsicha incendiária.  E, nunca mais dormi feito salsicha.

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