sábado, 9 de maio de 2020

DESCOBRIDORES DA AMÉRICA

Como numa mesa de bar, uma história lembra outra.
Mais uma envolvendo nosso colega goleiro duplo.

Antes uma reflexão sobre a efeméride que perpetramos.
Os livros nos ensinam que, ao partimos de um fato inicial nem sempre o resultado será aquele planejado ou calculado.
E, grandes descobertas acontecem quase que como acaso. Ou por porquice do estudioso. A penicilina por exemplo. Alexander Fleming, um médico inglês, saiu de férias e deixou as culturas da bactéria que estudava, "Staphylococcus Aureos", largadonas no laboratório. Tá certo, quando voltou e viu a merdança teve o tino de descobrir que o bolor interrompeu a atividade da bactéria. Mas, que a descoberta deveu-se a uma porquice é óbvio.

Um fato que me inspirou, além da porquice laboratorial, foi o sonho de Fredrich August Kekulé Von Stradonitz, nosso querido Kekulé. Às voltas com cadeias carbônicas e tentando determinar a forma da molécula do benzeno, acabou sonhando com uma cobra mordendo o próprio rabo. Acordou com aquela lâmpada sobre a cabeça que indica uma grande ideia. E, "desenhou" o átomo de benzeno como até hoje é aceito. 
Bom, deixei de acreditar que seria responsável por uma grande descoberta no campo das ciências quando li o que disse Louis Pasteur, "No campo da observação o acaso favorece apenas a mente preparada". Não que não tivesse uma mente preparada. Não tinha o que observar......

O que tem toda essa história a ver com o post?
As grandes navegações e suas descobertas.
Os primeiros navegantes saíam pelos mares com a premissa de descobrir, por exemplo, um caminho mais curto para as Índias. Uns davam com os costados no que é hoje a América do Norte. Outros, no Brasil. Se bem que, para variar, o caso do Brasil é tão obscuro quanto a história deste país.

Então, vamos lá.
Nos idos da Química fomos, numa ocasião, em enorme caravana passar um fim de semana num chamado rancho à beira da represa de Furnas em Miguelópolis. 
Pertim, pertim de Minas Gerais como visto no "maps".



Não lembro em qual reentrância dessas ficava o "rancho" porque ele foi vendido logo depois de nossa formatura.
Mas, ouvimos que lá do outro lado do lago fica Minas.
Eu e o colega faixa preta fomos tomados pelo espírito de nossos antepassados desbravadores dos sete mares. 
Vamos navegar até Minas e declarar a terra como pertencente aos modernos bandeirantes. Ou algo assim. Estávamos (para variar) tomados pelas loiras geladas. 
Pegamos um dos barcos a remo e nos fizemos ao lago em busca da glória (aquela gostosa). Puro romantismo. Nem lembramos de levar mantimentos. Nem cerveja.

Porém, remamos. Meninos, remamos. De vez em quando parávamos a olhar o entorno. Visualização de terra que não estivesse à frente do barco era descartada. Depois do que julgamos horas remando chegamos às terras mineiras. Cansados. Sedentos por cerveja já que água não faltava.
Porém, como provar que desbravamos a represa e conquistamos Minas?
Pegamos umas pedras perto do lago e voltamos. Até parece que nas pedras estaria gravado "made in Minas".
O mais incrível desta loucura é que remamos de volta ao ponto de partida depois de navegar a esmo.
Hoje, penso que o mais fácil seria a gente se perder no meio do lago e dar uma trabalheira danada para sermos encontrados.

Fomos recebidos com reprimendas por sairmos sem avisar sobre a grande aventura. Fomos obrigados a pegar nossa própria cerveja. Pensamos que seríamos homenageados com estátuas na praça principal de Miguelópolis. Coisa e tal.

Contamos sobre a descoberta e o dono do "rancho" experiente do lugar desatou a rir.
Pelo tempo que estivemos fora ficamos por ali mesmo. Num entorno qualquer nos arredores do lado de São Paulo. Mostramos as pedras. Não adiantou. Ninguém acreditou que nossos braços eram mais poderosos que motores de lancha de corrida. 
Cabisbaixos fomos sentar num canto qualquer tendo loiras geladas como consolo.
E, concluímos que, em verdade, ficaram com inveja de nosso empreendedorismo. 
A história nos fará justiça. 
Se Minas não desbravamos terras novas o foram. Como cientistas sonhadores ou porcões temos nosso legado. Só não soubemos observar.




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