terça-feira, 2 de julho de 2013

Pirelli, quem te viu, quem te vê

Quem viu os pneus Pirelli literalmente esfarelarem no último domingo em Silverstone talvez não imagine que a marca italiana já foi famosa por sua durabilidade. Durabilidade, aliás, que, indiretamente, pode ter decidido o campeonato de 1986.
México, Circuito Hermanos Rodriguez, dia 12 de outubro de 1986, penúltima corrida da temporada, em um tempo em que os pilotos de F-1 alinhavam para "apenas" 16 grandes prêmios por ano. Nigel Mansell chegava ali como favorito ao título, podendo levar o caneco antecipadamente naquele domingo. Os outros candidatos, como se sabe, eram Prost, Senna e Piquet.
Mansell sentiu a pressão, amarelou na largada e, como resultado, não conseguiu fechar o campeonato. Tudo ficaria para o GP da Austrália duas semanas depois.
Ocorre que, no México, todos ficaram surpresos com o excelente ritmo de corrida da Benetton, calçada com pneus Pirelli, que completou a corrida sem trocar a borracha nenhuma vez. As Williams com pneus Goodyear de Piquet e Mansell, por sua vez, pararam três vezes cada uma; Senna, de Lotus e Goodyear fez o mesmo. Em suma, todos fizeram pelo menos uma parada, exceto a Benetton de Berger, que não parou e venceu a corrida. Eis aqui o compacto da corrida:



A ideia da Goodyear para o GP da Austrália era dar o troco na Pirelli e mostrar que seus compostos também suportavam a um GP inteiro. A tentativa, no entanto, mostrou-se desastrosa. Prost parou cedo para troca devido a um pneu furado; Piquet teve problemas de superaquecimento nos pneus, o que provocou bolhas que o levaram a uma rodada; voltas mais tarde, Prost, com pneus novos, ultrapassava Mansell e, logo em seguida, o inglês vê seu pneu traseiro esquerdo estourar, provocando seu abandono da disputa pela corrida e pelo título. Era o fim para Mansell, que assistiu o azarão Alain Prost comemorar seu segundo título mundial. A cena é famosa:


Hoje, não existe mais a guerra entre os fabricantes de pneus e, mesmo assim, a Pirelli não consegue fazer um pneu que dure até o próximo pit-stop. Claro que isso não é culpa apenas do fabricante. A damn Fom tem interesse em manter esta borracha esfarelenta sob o pretexto de que torna as corridas mais emocionantes. Pessoalmente, eu gostava quando o piloto podia colocar pneu mole de um lado, duro do outro e ver se aguentava até o fim. Ficamos, hoje em dia, com esta emoção pré-fabricada e artificial, que tem tanta graça quanto uma torta de camarão congelada.  

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