quarta-feira, 17 de julho de 2013

CHAPOLIN COLORADO

"Acredito em vidas passadas uma vez que já vivi várias.
Meu fim em uma delas foi muito engraçado. Quero dizer, hoje acho engraçado. Na época doeu.
Na primeira guerra mundial era comandante de um monte de bastardos.
Estávamos em uma trincheira que era uma bosta. Nada de serviço de quarto e muito menos água quente.
Numa manhã gritei para um reco qualquer por um chá decente. Ele, numa voz quase inaudível, relatou que não havia chá e muito menos água quente. Essa informação me enfureceu. Que porra de guerra é essa? Onde estão os bons costumes? Como é possível não haver condições mínimas de uma boa convivência bélica sem um bom chá?
Lembro que aos berros gritei: que faço para ter água quente para um bom chá?
E a voz quase inaudível respondeu: lá na trincheira dos inimigos tem chá, água quente, cerveja de trigo e o scambáu. Dizem que eles tem internet wifi e canais de TV a cabo. Inclusive canais pornô.
Foi o estopim. Empunhei minha pistola, agarrei minha metralhadora (cromada), embolsei um monte de granadas último tipo, cravei meu capacete heavy metal (iron maiden, se não me falha a memória), escalei a trincheira fedorenta, e iluminado pelas primeiras luzes do dia (sim admito, uma cena meio gay) berrei a plenos pulmões:
SIGAM-ME OS BONS
Corri para o campo aberto sem saber ao certo qual objeto bélico usar primeiro. Olhei para o lado procurando a porra do estagiário (ou reco) para explicar o que fazer. Nada, ninguém.
Olhei para trás e percebi que estava sozinho em meio ao campo aberto.
Mas, não deu tempo de xingar ninguém.
Ao mesmo tempo em que ouvia risadinhas daqueles filhos da puta que não me acompanharam, senti uma bala passando pelo meu cérebro. Doeu para carai, mas, foi um segundo só.
Hoje, tenho vontade de fazer o mesmo (balamente falando) quando ouço meu bordão ser usado em programinhas chulés. Tudo bem que o patriarca do blog sempre fala que detestava o programinha porém, assistia por causa dos filhos. Por esse motivo (os filhos)  não entro com um processo contra todo mundo.
Mas, que dói, dói." 

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