segunda-feira, 1 de maio de 2017

"O BIGODE"

Impossível separar a imagem de Belchior de seu bigode. Antonio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes.
Não vou falar de suas realizações artísticas porque estão aí para quem quiser ver/ouvir.
Mas, em 1976, já conhecido (Elis Regina gravou várias músicas dele) lançou o disco Alucinação com vários sucessos inesquecíveis.
Nesta época veio fazer um show no teatro de Arena em Rib's. O teatro em questão é pequeno com capacidade para 2.000 pessoas e encostado no irmão maior, o teatro Municipal.
Pois bem.
Fomos, eu e a rainha da mansão, então namorados, assistir o show do já renomado artista. Não entendemos o porque do espetáculo ocorrer num local pequeno e tratamos de chegar cedo para ocupar um bom lugar. 
Estávamos num dos primeiros lugares da fila fora do teatro. Havia uma certa tensão no ar porque, estamos no brasil e, sempre alguém precisando ser catequizado, tentava furar a fila.
Numa dessas chega um sujeito barbudo, cabeludo com cara de poucos amigos. Vai direto para o portão. Começa um tumulto com xingamentos, lançamentos de elogios à mãe do rapaz e tudo o mais.
O cabeludo esquisitão volta-se para a multidão e passa a gritar mais alto. Disse, entre vários palavrões, que tudo bem, não iria entrar mas, não haveria show. Em voz pastosa. Ou seja, o cara já estava "calibrado". E foi embora.
Conhecíamos Belchior de fotos (até do cartaz do show) e sabíamos que o nervosinho sem educação furador de filas não era o cantor. Eu, paranóico doidão, concluí que o cara era da repra (1976, meninos) e saiu para buscar reforços. Não percebemos quando alguém saiu do portão do teatro em busca do cabeludo perdido.
Abertos os portões a manada entra em busca de um bom lugar. Meia hora de atraso era normal naquela época. Mais uns quinze minutos e vislumbramos o cabeludo sem educação sendo conduzido escada abaixo tomando posição junto à mesa de som. Alguém foi resgatá-lo de algum bar porque entrou tropeçando em tudo quanto era degrau.
Sim, o sujeito era o técnico de som. Sem ele realmente não haveria show. 
Por sinal uma noite inesquecível. Cantou várias músicas que compõem a "parede da memória" do cenário musical brasileiro. 
Nesta semana partiu como devem partir os grandes. Ouvindo música clássica no fone de ouvido.

o cenário

o bigode

Nenhum comentário:

Postar um comentário