segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O ANO ACABOU - 1968

Costumava dizer aqui em casa que 1968 é um ano que não acabou. Para mais detalhes do movimento estudantil que englobou o mundo ocidental, deem uma gugada.
Em 68 eu contava com  míseros treze anos. Ditadura militar apertando o cerco (AI-5, "lançado" no fim do ano, e os cambáu). Tinha uma certa formação política graças ao véio Mero e suas esculhambações ao que "aí está". 
Quando estourou o movimento estudantil em Paris (ah, Paris) recebíamos parcas informações. Aprendi cedo a encarar as notícias da grande mídia (na época TV e jornais) com grande ceticismo (véio Mero rides again). Raros comentários entre a petizada da época mais interessada em amar a namoradinha do amigo "dele", sucesso do Reibeto.
Mas, as imagens daqueles jovens que brigavam, na Europa, por reformas no ensino, e no Brasil, por redemocratização, ficaram para sempre na parede de minha memória (licença poética, Belchior).
Normalmente, as passeatas terminavam em pancadaria. Lá e cá. Algumas vezes me pegava divagando pensando em crescer logo e partir para a briga contra a repra. Sim, cresci, participei de passeatas, e parti em desabalada carreira para fugir da tal repra. A realidade meganhesca é bem mais dura que o romantismo transformista.
Também muito cedo desencantei com o movimento estudantil e quetais. Essa é outra história.
Mas, lá no fundo havia esperança que tudo aquilo que os jovens queriam transformado ainda pudesse virar realidade. Pelo menos em parte. 
Por isso, e por alguns continuarem a luta em outras trincheiras, o ideal não estava morto. 1968 não havia acabado.
Só para citar um líder do movimento europeu Daniel Cohn-Bendit elegeu-se deputado europeu e continua na luta por um mundo melhor.
Aqui no Brasil-sil-sil muitos líderes (ou nem tanto) chegaram ao poder. Ou seja, poderiam colocar em prática (e pelo voto popular) o sonho de um país melhor.
Convivi, já citado em um post por aí, com Antonio Palocci. Torcíamos para José Serra (presidente de UNE, União Nacional dos Estudantes), Fernando Henrique Cardoso, José Dirceu (o galã), Luís Inácio da Silva (líder operário).  Só para citar os expoentes.
Pois bem. Refletindo sobre os últimos acontecimentos, a corrupção da grossa da qual todos (independente da ideologia) estão envolvidos, a impunidade (tem Ministro do STF que mais parece advogado da bandidagem "amiga") concluí que (finalmente) 1968 acabou.
Tal qual Lennon (o John), a partir de agora vou dizer aqui em casa que o "sonho acabou". O último a sair apague a luz do aeroporto como dizíamos nos antigamente.

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