segunda-feira, 13 de junho de 2011

O fenômeno Kid

Quem ganhou desta vez foi o Button. Uma corrida maravilhosa, em que o inglês fez seis paradas nos boxes, incluindo uma punição, e ainda levou o primeiro lugar.
No entanto, quem continua impressionando é o Kid. Ontem, perdeu a corrida para ele mesmo, no finalzinho, por conta de um erro imputável apenas a ele próprio. Mas, mesmo com esse erro, o brilho de sua pilotagem em 2011 não está ofuscado.
Sem dúvida, o carro é fantástico, a equipe funciona bem, o Adrian Newey é um gênio e ele, Kid, como prata da casa, tem preferência até na escolha do penico. Mas, mesmo com tudo isso, se o piloto não faz a coisa andar, não adianta nada.
A regularidade do menino, principalmente nas classificações, chama muito a atenção. Mais do que isso, a pilotagem dele é diferenciada - e visivelmente diferenciada. Ontem, chamou muito a atenção a maneira como ele contornava a última chincane da pista de Montreal, que desemboca no tal "muro dos campeões". Com a pista molhada, era evidente que ele conseguia, ali, uma vantagem sobre os demais, o que ficou muito claro na ocasião em que o Schumacher estava imediatamente atrás do carro da Red Bull. O alemão veterano veio pressionando o alemão Kid até a freada. Kid fez a tomada pela parte de dentro da pista, mais molhada, e ainda assim conseguiu tracionar melhor e estabeleceu, logo de saída, uma vantagem considerável, deixando o Schuchummy em uma situação desconfortável para tentar um eventual ataque sobre seu conterrâneo mais jovem.
Certamente, pensarão: "nem se compara o carro Mercedes com o carro Red Bull". Não se compara, mesmo. No entanto, entrar na chincane, debaixo de chuva, em uma relargada, após várias voltas atrás do safety-car da maneira como o Kid vinha fazendo demanda mais do que um carro bom. Demanda uma coisa essencial para qualquer grande piloto: confiança. O cara tem que pensar: "estou há dez voltas andando a 10km/h, está chovendo, mas eu vou entrar naquela curva tão rápido quanto entrei em todas as outras voltas e vou sair do outro lado inteiro".
Essa "instantaneidade" em ser rápido é marca típica dos maiores pilotos. Sem querer fazer comparações precipitadas, lembra muito o que fazia Senna, que deixava todos atônitos com o ritmo de corrida que conseguia imprimir nas primeiras voltas de um GP, quando todos ainda estavam se "aquecendo" para começar a pisar.
Apenas a título de ilustração, fiz um pequeno experimento. "Tirei" o Vettel dos resultados finais das corridas, como se ele não existisse no grid da F-1. Com isso, dá para ter uma noção de como as coisas seriam se ele não estivesse disputando o campeonato e com, isso, termos uma ideia da diferença que este piloto tem feito nesta temporada.
Não houvesse Kid, este ano já teria tido 4 vencedores diferentes: Hamilton, Button, Webber e Alonso. O líder do campeonato, se não errei as contas, seria o Button, com 121 pontos; o vice, Mark Webber, com 118; Hamilton viria a seguir, com 106. Neste quadro, Button teria duas vitórias na temporada, Webber, apenas uma, e Hamilton três triunfos.
No entanto, na vida real, Vettel acumula 5 vitórias em sete corridas. Quando não venceu, chegou em... segundo! Kid lidera o campeonato com 161 pontos, apenas 14 a menos que o total possível em sete provas.
Só para lembrar, Kid ainda comete erros, mas tem 23 anos de idade - completará 24 no dia 3 de julho - com um currículo de gente grande: 15 vitórias, 21 poles, já tem um título mundial e caminha com firmes passos para o bi. E esta é apenas sua quarta temporada completa na F-1.

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