quinta-feira, 8 de agosto de 2019

SAPOS

Sim, engolimos muitos sapos pelo caminho astral/filosofal/concretal da vida.
Sapos.
Tadinhos. São feios. São perigosos porque (alguns) venenosos. Falei que são feios?

Pois bem. Falei de Curitiba. Morei num bairro que hoje é chique. Bom Retiro. Na minha época um fim de mundo com esgoto a céu aberto.

E, sapos. Muitos.

Tem um episódio (que penso, já contei) que marcou minha existência com os batráquios.
Havia, ou melhor, há um rio chamado Ivo em Curitiba. Este esgoto desembocava no rio Ivo, que passava perto de minha casa, na rua Emílio de Menezes.
O  rio em questão era alvo das incursões científicas da molecada em busca de peixes para ornamentação.
E, só havia lambari no rio nesta parte da cidade.

Bom, já contei que pegávamos os peixinhos com destinação aos aquários domésticos da época. Significava que os escamosos iriam morrer por ingerir comidas que, normalmente, seriam destinadas aos cachorros. 
Bom, um certo dia, descobri que meus peixinhos estavam sofrendo mutação adquirindo pernas. Meu pai o famoso Véio Mero disse , aos risos, que meus amados peixinhos eram sapos. Sim, capturei peixinhos que, em verdade, eram girinos. Com o tempo os pretinhos lindos iriam se transformar em feiosos sapos. Preconceitos à parte, joguei os ditos no esgoto a céu aberto, que, de seu lado vivia habitado por zilhares de sapos.

Tudo terminaria neste traumatizante episódio se não fosse o fato de pisar em sapos quando saía à noite para o quintal. Sapo é um bicho frio e escorregadio. E, feio, como já disse.

Bom, duzentos anos depois estamos, parte do clã Onofri, num casamento aqui em Rib's num lugar improvável para sapos. Centro da cidade, sem rios por perto e etc.
Num dado momento da festa o avô babão pergunta "cadê zizi"?
Ninguém sabe, ninguém viu.
Lá fui eu em busca da criança perdida. Encontrei o menino extasiado com outras crianças em volta de um professor de biologia a discorrer sobre os batráquios. E, meu neto com um sapo na mão!
Todo feliz e interessadíssimo nas explicações do professor. Meu primeiro pensamento foi "quem convidou este sujeito?"
Mas, engoli em seco e tentei demover o guri a soltar o bichinho que deveria estar incomodado, isso e aquilo. O professor disse que estava tudo bem. Iriam soltar o batráquio logo mais.

Mas, a coisa ficou feia quando Henrique ofereceu o sapo ao apavorado avô. 
Dei uma desculpa qualquer e saí em disparada para um lugar mais seguro.

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