quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

PSICÃOPATA

Semana passada fomos (vários familiares) para a praia.
Alugamos uma casa e recebemos a informação da dona que uma cachorra foi adotada por ocasião de uma de suas estadas por lá.
Vira lata. Normalmente essa classe de cachorro é do bem. Sem frescuras como os poodles ou agressividade como alguns rottweilers. Sim, os cachorros refletem a criação. Um mastim pode ser tão dócil quanto um pitbull. Depende do maluco por detrás.
Enfim, portão aberto e a cachorra saiu toda feliz por receber mais uns convidados. Morando numa casa de veraneio de tempos em tempos mudam os "donos".
Mas, ela não pareceu importar com a situação. Problema são alguns adultos da família que tem asco de animais domésticos. 
Pulou de pessoa em pessoa sendo adotada de imediato pela maioria e repelida idem pelos tadinhos que não entendem a beleza da coisa.
Uma característica muito interessante é que não faz as "necessidades" dentro da casa. Quando o caseiro vinha pela manhã limpar a piscina e quetais, ela saía para aprontar na rua. Só come ração. Gente fina. Não adiantou oferecer pastel na praia. O caseiro informou que seu nome é pretinha. Eu a batizei de cã (sou criativo). Ela não atendia por nenhum nome. Personalidade forte.
Sai com o povo para a beira do mar. Sempre espera aqueles com os quais que se relaciona melhor. Certa ocasião saiu e voltou. Ficou me esperando no portão. Apreciei.
Deita na melhor sombra do guarda sol. Afinal, o pedaço é dela.
Mas, a bicha tem um comportamento estranho. Ela aceitava carinho numa boa. Aliás, pedia. Quando Henrique foi fazer um cafuné tentou mordê-lo. Por pouco o passeio não foi estragado. E, toda vez que ele estava perto, ela ficava olhando de soslaio.  
Numa manhã olhava para mim com cara de quem queria dar um rolê. Abri o portão e havia uma pessoa pegando nossas latinhas no lixo. A bicha pareceu receber o belzebu. Partiu para cima do coitado e, pasmem, queria morder o saco preto de lixo que servia de recipiente para as latinhas.
Na praia ficava morgando na melhor sombra. No entanto, bastava aparecer aqueles caras que pedem as latinhas vazias que lá vinha o belzebu. E, descobri que o saco preto era o problema. Queria morder, e conseguiu algumas vezes, o saco e não a pessoa que o conduzia.
Bom, a solução para o caso é um psicólogo de animais. Como não conheço nenhum ela vai carregar o fardo da psicopatia para o resto da vida. 
Minha teoria é a seguinte: a mãe da cã morava numa casa ali mesmo na praia. Mas, de família humilde. Quando sua mãe deu cria (uns quatrocentos filhotes) a dona chamou o filho e ordenou que se livrasse de tanta boca para alimentar.
O moleque colocou os filhotes num saco de lixo preto e saiu distribuindo os cachorrinhos pela vizinhança. Por sorte a cã encontrou um lar tudo de bom, como dizem. Mas, os tramas persistem.
Criança e saco preto a remetem ao passado cruel de separação da mãe e irmãos. Triste. 
Mas, que ela vive bem, vive. Como dizem, o melhor é curtir a depressão em Paris.

notem os olhos semi-cerrados. Típico de psicopata



Um comentário:

  1. A cã é "gente" fina!
    Ficou agressiva com um catador de latas na praia porque o dito já foi batendo nela antes que ela o visse.
    Decerto daí vêm os traumas.
    Em resumo foi uma boa companhia.

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