terça-feira, 15 de junho de 2010

Copa do Mundo

Copa do Mundo rolando e, por uma razão misteriosa, todos paramos para assistir pelo menos os jogos da seleção brasileira.
Eu sempre me emociono nestas grandes competições esportivas. Menos pelo calor das competições e pelo barulho da torcida, mais pelos sonhos realizados, pela superação e pelas dificuldades deixadas para trás que ficam estampadas no rosto de alguns atletas, seja na vitória, na derrota, no esforço exigido pela competição.
Por quem se compete? Os atletas estão lá pelo país? Pelo regime? Pelo dinheiro? Pela fama? Sabe-se lá. Os livros têm a vantagem de a dedicatória explicitar para quem foram escritos. Mas, em geral, não sabemos por que ou por quem se pratica a maior parte dos atos da vida. A vida, por si mesma, não é tão explícita quanto os livros.
O que se sabe é que cada indivíduo tem uma história; cada um carrega consigo uma bagagem que poucas pessoas conhecem. Você é filho da sua mãe, do seu pai, irmão da sua irmã, neto dos seus avós, sobrinho dos seus tios, primo dos seus primos, amigo dos seus amigos. A história de vida de cada um tem uma porção de traços da individualidade alheia que compõe a própria. Por mais sozinhos que estivermos, carregamos todos conosco.
Hoje, o momento mais emocionante - talvez o único momento de emoção - do jogo realizado entre Brasil e Coreia do Norte - ou República Popular Democrática da Coreia do Norte - foi protagonizado por um jogador desse país, cujo nome e história desconheço, mas que foi às lágrimas ao longo da execução de seu hino nacional.



Ignoro por quem ele compete; ignoro ainda mais por que ou por quem chorou. Certo é que, naquelas lágrimas, rolaram muitas histórias e personagens.
Eu, sozinho na sala de casa, me emocionei - como sempre me emociono - e fiz força para não chorar. Talvez tenha lembrado das minhas histórias e personagens, de quem vejo pouco, de quem não vejo mais e de coisas que não mais vou viver.
Talvez tenha me emocionado pela saudade, saudade que aquele atleta de vermelho, quem sabe, também estivesse sentindo. Mas, quer saber? É boa a saudade. A vida sem ela seria um vazio. A saudade é sinal de que atravessamos portas que ficaram abertas atrás de nós, convidando-nos a voltar. E a vida tem que ser saudade.
Quem sabe, no fim das contas, por que chorou o atleta de vermelho? Quem sabe por que me emocionei com ele? Quem sabe, quem sabe?
Quem sabe, no fim das contas, tenha me emocionado simplesmente porque queria poder chorar com ele.

4 comentários:

  1. É mano.
    O melhor post do blog.
    O chefe se supera a cada momento.
    Parabéns.

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  2. reflexivo, especial e emocionante o seu post! Parabéns! bjão

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  3. Maravilhótimo. Que saudade dessa sensibilidade toda, combatente!

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  4. Nossa menino, que lindo! Você se emocionou com o rapaz de vermelho e eu com as suas palavras... Confesso que não fiz força para não chorar... As lágrimas provocadas por saudade trazem de volta as boas emoções vividas, porque só se tem saudade do que é bom. Aliás, quando v. vem pra casa?

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