domingo, 25 de setembro de 2011

Dois bons meninos

Com a vitória de hoje, a nona da temporada, o Kid praticamente garante o bicampeonato que, na verdade, já parecia certo desde a primeira metade da temporada.
O menino impôs um domínio absoluto sobre seus concorrentes, algo que poucas vezes se viu na história da Fórmula-1. É um domínio diferente daquele que Schumacher exercia nos tempos mais vitoriosos da Ferrari. Naqueles anos vermelhos, o carro era indiscutivelmente melhor, tanto que o número de dobradinhas entre o alemão-mor e Barrichello é recorde absoluto: 24, dez a mais que a dupla mais espetacular de todas, Senna/Prost.
O número de dobradinhas Kid/Webber é expressivo: 10 em 3 temporadas juntos. No entanto, este ano, foram apenas duas, o que talvez demonstre que a superioridade do carro Red Bull não é tão absoluta quanto possa parecer a olho nú. Houve momentos ao longo de 2011 em que McLarens e Ferraris ameaçaram o domínio dos touros energéticos e Vettel teve que se virar para vencer corridas como a de Mônaco.
Ou seja, há um domínio técnico da Red Bull sobre os concorrentes mas que não é tão inquestionável quanto era o da Ferrari nos anos de 2002 e 2004. Na verdade, o carro é excepcional, mas não dispensa o talento do Kid. E o resto tem mesmo que lutar para ficar em segundo, inclusive o piloto do outro touro, Mark Webber, por quem tenho especial simpatia.
O que acho especial é o fato de Vettel não subestimar nenhuma vitória, abrindo sempre um largo sorriso a cada conquista, agradecendo os "boys" no boxe com o mesmo entusiasmo e trocando o capacete a cada triunfo. Não é comum dirigir um carro de corrida, não é comum dirigir um carro de F-1 e é muito menos comum vencer uma corrida que seja ao longo de uma carreira. Todos os primeiros lugares têm que ser comemorados como únicos e, neste - e em quase todos os outros quesitos - o Kid não decepciona. Por isso, ele é o bom menino número 1.
O outro bom menino é aquele que fez o segundo lugar hoje: Jenson Button, que, aos 31 anos de idade, já não é tão menino assim.
Quando inglês se juntou à McLaren, no ano passado, após vencer o campeonato de 2009 pela Brawn, eu apostei em um massacre de Lewis Hamilton para cima dele. Achei que o protegido de Ron Dennis iria comer Jenson vivo. No entanto, ao longo de 2011, quem efetivamente mostrou serviço foi Button, tanto que ele é o único a ainda ter chances - ainda que meramente matemáticas - de roubar o título do Kid.
Hamilton entrou em uma fase estranha. Parece que mesmo manobras simples - como a que tentou executar para ultrapassar Felipe Massa hoje - dão errado e toda corrida é potencialmente um fracasso.
Button, por outro lado, tem pilotado de forma soberba, com a calma de sempre, e conquistou duas vitórias lindas este ano.
Apesar do título e do sucesso que alcançou na carreira, Button se mantém fiel ao seu modo de encarar a vida, tendo sempre ao lado o simpático John, seu pai, e a bonita namorada, Jessica Michibata, trocando a postura rude e arrogante pelo sorriso fácil e honesto, muito raro neste mesquinho e patético mundo das corridas de carrinho. Por isso, é o bom menino número 2.
Dois bons meninos, realmente, que merecem fazer a dobradinha do ano.

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