segunda-feira, 13 de julho de 2009

INTERLAGOS ONTEM E HOJE

Nos últimos anos, de 2006 para cá, temos tenho ido assistir ao GP de F1 em Interlagos.
Eu e meu filho Renato. Vamos de arquibancadas populares, que de populares só tem o nome.
Mas, essas aventuras recentes ficam para outro post.
O que eu quero escrever aqui é sobre minha primeira ida até ao autódromo de Interlagos para um GP de F1.
Vocês vão perceber que quase nada mudou.
Foi em 1976 (século passado!!!).
Eu convenci meu pai a bancar a entrada mais barata que permitia assistir a corrida desde o final da reta de chegada até lá embaixo no final do retão. Lembrem-se: estou falando de Interlagos antigo. Aquele traçadão lindo que mutilaram para esse genérico de hoje em dia.
Meu irmão, cinco anos mais novo, não queria saber de F1, mas acabou arrastado para esta aventura. Não sei porque eu o obriguei a pagar esse mico....
Naquele tempo não tinha essa de papai levando na maior mordomia não.
Pegamos um ônibus, de madrugada, no centro velho de Sampa e lá fomos nós rumo ao desconhecido.
Estranhei de cara o ônibus lotado antes mesmo do sol nascer. Era um presságio de que as coisas iam desandar.
Nas proximidades de Interlagos o caos que ainda perdura em tempos de corrida de F1. Uma multidão de peregrinos em direção à Meca, ou seja os portões de entrada. O ônibus literalmente largou a gente nas proximidades e fomos a pé junto com a manada procurar o portão de acesso. Polícia, gente vendendo ingresso fajuto, gente querendo comprar seu ingresso, gente vendendo de tudo, aquela gritaria. Tudo como hoje.
Conseguimos entrar e aí veio a grande decepção.
Naquela época era possível acampar dentro do autódromo na área do retão.
Os caras compravam ingresso, entravam com a tralha toda e acampavam nos melhores lugares.
Bom, depois de uma adorável caminhada em meio à turba já para lá de Bagdá (e tome cerveja....) consegui chegar no alambrado mais ou menos no meio do retão.
Alambrado?
Que nada. Aqueles que acampavam simplesmente tapavam tudo com papelão.
Quer assistir a estréia do Emersão no Copersúcar?
Pague.....
Isso mesmo. Era preciso comprar um ingresso dentro do ingresso.
Não acreditei. Comecei a arrancar uns pedaços de papelão e fui obrigado a bater em retirada ouvindo elogios à minha santa mãezinha. Só não apanhei porque meu irmão, sempre com olhos arregalados, era pequeno e relevaram o maluco que não entendia nada de capitalismo selvagem.
E, sabem de onde era aquele povo?
Sim senhores, Lá do sul. Como hoje. Se você for assistir a F1 no setor G vai encontrar um monte de gaúcho brigando pelo Grêmio e Internacional. Um saco.
Pois, tenho certeza que esses “invasores” de hoje são descendentes, quando não os próprios, invasores de ontem.
Voltamos para a área do final da reta de chegada e o sol já batia feio.
Uma multidão se espremia tentando ver qualquer coisa que lembrasse o santo asfalto de (já) tantas glórias.
Então, por volta das nove da manhã, fez-se o milagre da multiplicação dos sons.
Os motores foram ligados para o warm up matinal.
Como na savana quando ruge o leão, a turba ficou em respeitoso silêncio. Meninos, nada se compara a um ronco de F1. Só indo lá para ouvir. Ele entra não pelo ouvido, mas pelo estômago.
As Ferraris tinham motor de 12 cilindros e um grito agudo de doer na alma. Os iniciados identificavam as Ferraris e alguns carros pelos sons diferenciados.
Em alguns minutos fiquei com dor de cabeça porque nem pensei protetor de ouvidos.
Para completar, meu irmão começou a reclamar de dor de cabeça e eu já de saco cheio resolvi ir embora. O autódromo enchia cada vez mais e era impossível encontrar um lugar decente.
Não é que pegamos o ônibus e chegamos em casa a tempo de ver o Lauda ganhar?
E, minhas previsões sobre o Copersúcar se confirmaram: o Emersão jogou a carreira fora ao abraçar a causa de uma equipe dita brasileira. Para completar nesta corrida ficou atrás (em 13º) do Ingo “Totó” Hoffman (11º).

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