terça-feira, 3 de novembro de 2009

CARLITÃO

Vamos imaginar a vida como se passada em uma pista de corrida. Todos que conhecemos teriam seu carro esportivo e estaríamos na corrida da vida para fazer e acontecer. Alguns carros seriam mais rápidos, mas, a maioria seria equivalente ao nosso. Então, correríamos sempre juntos, ora ultrapassando, ora sendo ultrapassados. Seríamos fechados, faríamos barbeiragens dignas do Mansell, muitos xingamentos e ameaças em geral. Passaríamos a vida nessa diversão. Seria uma corrida diferente sem bandeirada final. Os corredores iriam, na verdade, um a um abandonando a pista. E, de várias formas. Motor repentinamente quebrado, falha de freio e a conseqüente estampada no gradil, pneu furado, batida com outro corredor com os impropérios de praxe, e por aí vai.
Nós saberíamos do abandono quando, passando no ponto, veríamos o carro parado e o pessoal de apoio ajudando o piloto a sair e passar em segurança pelo gradil. Neste caso, não teríamos tempo de acenar ou algo assim.
Outros, como o Carlitão, apresentariam defeito no motor começando a andar mais devagar. Nós passaríamos por esse corredor tendo tempo de acenar, levantar a viseira e sorrir para ele. Ficaríamos o maior tempo possível andando lado a lado como forma de solidariedade e força. Pediríamos aos deuses da velocidade que encontrassem para esse amigo um lugar bacana para encostar o carro.
Finalmente, quando seguiríamos em frente olharíamos pelo espelho até seu carro parar e, lembraríamos dos tempos passados juntos, das curvas difíceis que contornamos, das festas ao cruzar com outros conhecidos nossos (todos, claro, com latinhas de cerveja na mão), das risadas com as besteiras nossas e dos outros e etc.
E, desejaríamos do fundo de nosso coração que o pessoal de apoio transporte nosso amigo em segurança através do gradil até aos boxes e que essa jornada lhe seja leve. É a nossa forma de homenagear um companheiro de jornada pista afora.
E, ao passar novamente no ponto em que parou o carro teríamos, no início, a vista embaçada pelas lágrimas. Mas, depois de algumas passagens, abriríamos um sorriso pelas boas lembranças que nosso amigo deixou. Assim será com o Carlitão que estacionou seu carro em 30/10/09.

Nenhum comentário:

Postar um comentário