sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Barrichello, 300 [7] - A Maior das Homenagens

Já em meio ao início das atividades em Spa, façamos a derradeira lembrança dos bons momentos de Barrichello na F-1 em vista de sua participação de nº 300 em finais de semana de Grandes Prêmios.
Desta vez, o texto não será meu. As palavras abaixo foram escritas pelo jornalista Reginaldo Leme por ocasião do GP da Inglaterra de 2008, publicadas em 11 de julho do mesmo ano, lá no site oficial do Flavio Gomes.
Infelizmente, o texto não está mais acessível pelo site. Neste momento, fico muito feliz por tê-lo "salvado" na ocasião em que li.
Silverstone, 2008, Barrichello chega em terceiro com aquela sofrível Honda. Todos já esperavam a aposentadoria do brasileiro naquela época e o resultado excepcional, sob forte chuva em parte da corrida, foi tido como o "canto do cisne" do piloto.





Em vista da habilidade de Barrichello em correr na água, recorrentemente demonstrada ao longo de sua carreira, Reginaldo Leme teceu as seguintes considerações:

"Coluna Grand Prix: A chuva e Rubinho
11/07/2008 - 07:30

Já faz um bom tempo que não falo do Rubinho aqui na coluna. O momento não tem sido de bons resultados e, mesmo as boas corridas que ele já havia feito este ano, andando lá atrás, fora dos pontos e da posição em que ele e a Honda deveriam estar, ficaram apagadas diante do equilíbrio que marca a briga pelo campeonato. Portanto, é com alegria que, desta vez, eu dedico a coluna toda a Rubinho, o melhor piloto do GP da Inglaterra de domingo passado e, certamente, um dos maiores da história das corridas com chuva.

Ainda na transmissão de TV do último fim de semana, foi lembrada a única prova de F-1 disputada em Donington, que será a nova sede do GP da Inglaterra a partir de 2010. Isso aconteceu em 1993 e, até hoje, a primeira volta do Senna naquele dia é tida como a "volta mágica" de abertura de um GP. Isso porque ele largou em quarto e já estava em primeiro quando passou diante dos boxes. Só que a volta inicial do Rubinho na mesma corrida foi melhor que a de Senna. Ele largou em 12º e completou a primeira volta em quarto, fazendo oito ultrapassagens com um carro Jordan, debaixo de chuva. Uma façanha que acabou ofuscada pela do Senna, por se tratar do líder e um tricampeão mundial. Mas jamais será esquecida pelos que acompanham a F-1.

Pois é. Choveu de novo domingo. E ninguém andou tanto quanto Rubinho Barrichello, embora o mais premiado, claro, tenha sido Lewis Hamilton, aquele que na semana anterior ao GP, toda Inglaterra perguntava se ele seria capaz de conseguir uma vitória em casa. Minutos depois da bandeirada, eu mandei uma mensagem via celular para Rubinho, dizendo da alegria que era ter visto não um brasileiro, um amigo ou companheiro, mas um piloto, seja ele de onde for, andar daquele jeito. Ele saiu do 16º lugar, fez ultrapassagens sem muita negociação, brigou com McLaren, BMW, Renault – a Ferrari não está nesta lista porque ficou logo para trás – e chegou ao pódio com um terceiro lugar porque falhou a bomba que injetou gasolina no segundo pit stop. Se a bomba tivesse feito bem o seu papel, Rubinho teria sido o segundo colocado. Na segunda-feira ele me respondeu o SMS. Contente, claro, mas consciente de que ele só fez o que a alma e o talento mandaram. Resumindo, divertiu-se como ninguém.

Eu continuo na Inglaterra e, depois de ler todos os jornais, me certifico que não exagerei ao dizer na TV que Barrichello está entre os melhores pilotos de chuva da história da F-1. Mas quantos são esses melhores? Cinco, quatro, três? Eu vi Jacky Ickx, um especialista na chuva. Assim como Ronnie Peterson, Keke Rosberg e alguns outros no decorrer de três décadas. Incluindo Michael Schumacher e Ayrton Senna. Shows inesquecíveis de Senna. Mas acredito que, se houvesse um campeonato com 18 corridas na chuva, nem para Schumacher Rubinho perderia o título. Ou seja, ele é o melhor de todos, sem exagero.

Aliás, da mesma forma como enalteceram Barrichello, os jornais europeus levantaram dúvidas a respeito da habilidade de Felipe Massa na chuva. Já falamos disso algumas vezes e ele diz que não se incomoda com pista molhada. Vi poucas vezes - algumas ruins, outras normais - e, portanto, é algo ainda a conferir. O certo é que isso não pode desqualificá-lo como candidato ao título. Nelson Piquet e Niki Lauda detestavam corrida com chuva e foram tri-campeões. Alain Prost, então, tinha verdadeiro pavor, e foi tetra".

Reginaldo Leme coloca Barrichello como o mais talentoso piloto em pista molhada da história. Melhor até do que Ayrton Senna. Para o jurista, seria como ser comparado a Savigny ou Pontes de Miranda; para o compositor, a Beethoven; o artísta plástico, a Dalí; o poeta, a Camões... e por aí vai.
O jornalista tem razão? "Ele é o melhor de todos, sem exagero"? Não sei. Mas, qualquer piloto que suscite a dúvida "é melhor que Senna?", "é melhor que Schumacher?" em qualquer situação de pista, teve uma carreira de sucesso e recebeu o maior reconhecimento que se pode receber em sua profissão.

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