terça-feira, 3 de maio de 2011

Well...

Cogitei ir ao Anhembi este ano para assistir à F-Indy. Uma gripe fora de hora me desencorajou. Além de que, prefiri ir assistir com meu pai. Já há tempo demais para ficar sozinho.
No fim das contas, foi melhor mesmo ver o evento - que não ocorreu - do conforto de casa.
Não há muito o que dizer sobre uma corrida que, praticamente, não aconteceu. Muito tempo sob bandeira amarela.
Claro que, se cai um dilúvio, a organização do evento não tem culpa. E isso é coisa que acontece. Ano passado tivemos um treino de F-1 no Japão que não aconteceu por algo similar. Mas, nitidamente, a insistência na continuidade da corrida no domingo se deu pela pressão da organização. Não havia, claramente, condições para correr e, a despeito disso, houve a relargada, um monte de gente se estrepou. Felizmente, ninguém se machucou seriamente.
Não fui à corrida no ano passado e também não fui este ano. No entanto, deu para notar, pelo menos pela televisão, que houve uma melhora geral. Mas, dizer que houve uma melhora não é, neste caso, um elogio. Ano passado foi uma vergonha, os carros não paravam em linha reta no sambódromo. Houve pouco mais de um mês para montagem da pista e é óbvio que, com prazo tão exíguo, ficou uma porcaria.
Este ano, a pista melhorou, tanto que os tempos de volta caíram significativamente. Todavia, ainda há muito o que melhorar.
O principal fracasso da Indy no Brasil, entretanto, no meu humilde entender, que é de um mero fã do esporte, fica por conta da própria transmissão televisiva do evento. Como não temos uma cultura de automobilismo, no sentido de que não temos, de maneira geral, o hábito de ir a autódromos, a televisão tem que fazer algo exemplar para chamar a atenção do público, e não só dos panacas, mas do pessoal que efetivamente gosta e entende de automobilismo. Neste sentido, o que vimos ao longo do final de semana pela televisão foi um fiasco. Vamos por itens:

1) Os treinos e a corrida foram televisionados sem que houvesse cronometragem na tela. Durante longos intervalos de tempo, nem mesmo a classificação foi mostrada. É um absurdo acompanhar uma tomada de tempos sem ver os tempos que estão sendo tomados. No caso da Indy, eu nem sei há a cronometragem oficial online, como há na F-1. Mas, se estão tentando chamar a atenção do público para o evento, mostrar carros coloridos desfilando não vai cumprir essa missão;

2) Exceção feita ao Felipe Giaffone, o pessoal responsável pela narração e transmissão de informações não sabe absolutamente nada de automobilismo. O Luciano do Vale está no ramo há trezentos e setenta e sete anos, mas parece que começou há dois meses. Talvez porque, ordinariamente, quem narra as corridas é o Teo José, e não ele. Logo, ele está por fora.
Um dos repórteres, a certa altura da corrida que ocorreu hoje, disse que o público brasileiro não conhece o Takuma Sato. Ora, talvez ele não conheça o Takuma Sato, mas todos nós, que acompanhamos o automobilismo a certa distância, lembramos do honrado japonês e suas peripécias na F-1. Aliás, um dos melhores japoneses que passou pelo automobilismo de monoposto.
A moça repórter, por sua vez, embora seja muito bonitinha, muitas vezes não sabia o que perguntar aos seus entrevistados por não ter familiariedade com o esporte. Além de que, em certas ocasiões da corrida ela se precipitava a dar informações que não faziam a menor diferença, como, por exemplo, após a batida do Vitor Meira: o carro aquaplanou e esborrachou no muro; a moça: "não vai dar para continuar". Todos vimos o carro todo arrebentado;

3) Outro ponto: o ôba-ôba em torno da chefia. Vira e mexe, lá estava o camarote da emissora, cheio de personalidades, dono disso, dono daquilo. Claro que as marcas que fazem o evento tem que ser mostradas, mas tudo tem hora. O sujeito que gosta e acompanha automobilismo não quer ver "personalidades";

4) No domingo, enquanto não se decidia se a corrida seria retomada ou não, não havia uma reportagem sequer preparada para encher o espaço. Foram horas de informações desencontradas, replays das batidas sempre pelos mesmos ângulos. No fim deste mês, teremos as 500 milhas de Indianápolis pela centésima vez. Não seria conveniente ter uma reportagenzinha sobre essa corrida fantástica? Aí, olha que mágico, o sujeito que nunca viu carro de corrida e que está vendo a Indy pela televisão porque ela está acontecendo na cidade dele, ele pegou o trânsito na Marginal e resolveu ver que p**** era aquela, fica interessado e vai ver as 500 milhas também.
Bom, se teve reportagem sobre as 500 milhas ou qualquer outra que fosse, elas foram ao ar quando eu estava no banheiro, o que aconteceu, aliás, muitas vezes, justamente, pela falta de assunto na transmissão.

O ponto positivo? Bom, o ponto positivo é a categoria em si. Pessoas muito mais acessíveis que na F-1. Os próprios Andretti, pai e filho - ou, se preferirem, filho e neto - concederam uma simpática entrevista à moça que não sabia muito bem o que perguntar.
Há alguns barbeiros ao volante, é verdade, mas o pessoal da ponta é bem talentoso. Veja-se o próprio Sato, que andou barbaridade do lá-de-lá e só não venceu por conta de uma besteira na estratégia da pequena KV; o Will Power, que desceu a botina na chuva; e a Simona, cuja velocidade chama muito a atenção.
Honestamente, espero e torço para que a coisa seja mais séria no próximo ano. Ouvi dizer, no entanto, que o homem é "fundamentalmente um ser que esquece"; e a esperança é um mal que não tem cura.

Um comentário:

  1. Bom, eu sou menos bonitinha (bonitinha é uma feia ajeitada, né? :) e informada que a jornalista, e gosto de ver carros coloridinhos (só carros, não corridas - o que diabos faço aqui? kkkk). Mas também achei uma porcaria a transmissão pela TV no domingo. Me enchi depois de uma meia hora e fui pra casa. Nem a ótima companhia do meu padrinho salvou.

    Fico feliz em saber que as outras corridas não são assim, porque pra quem é totalmente leiga foi desanimador. Aliás, ja começou mal com "vocês sabem quem" "cantando"...

    Faz bem em acompanhar com seu pai. Você é que é feliz. Take care.

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