sábado, 1 de agosto de 2009

Monopostos

A semana do dia 19 a 26 de julho foi, infelizmente, movimentada em termos de acidentes em competições automobilísticas. Dois graves acidentes ocorreram, um deles culminando na morte do jovem piloto Henry Surtees, de 18 anos, que competia pela Fórmula-2.
A coincidência entre os acidentes está em um dado problemático, inerente aos monopostos: a exposição da cabeça do piloto.
Henry Surtees foi atingido por pneu que vôou do carro acidentado de Jack Clarke, que havia batido na primeira curva do circuito de Brands Hatch, na Inglaterra. O pneu, pulando pela pista, atingiu a cabeça de Surtees pelo lado esquerdo. O piloto não resistiu e faleceu algumas horas depois.
Apesar de jovem, Henry carregava o lendário sobrenome Surtees. Seu pai, John Surtees, foi tetra-campeão mundial de motos nas 500 cc (1956, 1958, 1959 e 1960). Como se já não fosse muito, Surtees-pai transferiu-se para a Fórmula-1, obtendo o título mundial da categoria em 1964. Até hoje, nenhum piloto acumula os dois títulos máximos sobre duas e quatro rodas na carreira.
A morte de seu filho Henry foi trágica e espantosa. Não houve um acidente chocante, uma pancada em alta velocidade, o carro destruído, nada disso. Bastou um quique do pneu de outro carro para lhe tirar a vida.
De forma muito parecida, mas, felizmente, com um desfecho menos trágico, o piloto brasileiro Felipe Massa, da Ferrari, foi atingido por uma mola que se despreendeu da suspensão do carro de Rubens Barrichello durante os treinos que antecediam o Grande Prêmio da Hungria de Fórmula-1.
A imagem onboard da Ferrari é assustadora: o piloto imóvel, pisando no acelerador e no freio ao mesmo tempo, rumando para a proteção de pneus. Confesso que, na hora em que foi mostrado o replay pela televisão, cheguei a temer o pior.
Felizmente, como todos sabem, Massa se recupera muito bem, e, inclusive, não quer deixar Michael Schumacher guiar seu carro no GP da Europa, insistindo que estará bem para correr daqui três semanas. Os médicos, contudo, descartam tal hipótese e Massa deve mesmo ser substituído por Schumacher. Até quando não se sabe.
Os dois acidentes comentados acima estão relacionados ao principal ponto fraco das corridas de monoposto, que é, como já dito, a exposição da cabeça do piloto. A FIA, ao longo dos últimos anos, conseguiu melhorar muito a segurança neste aspecto. Na Fórmula-1, os protetores laterais de cabeça são bastante altos, os capacetes são muito resistentes, como o próprio acidente do Massa demonstra, além da obrigatoriedade do uso do HANS (head and neck support: dispostivo apoiado nos ombros do piloto e atado ao capacete, cuja finalidade é evitar, na medida do possível, que, em caso de acidente, a cabeça seja desacelerada apenas pelo pescoço, enquanto o resto corpo é desacelerado, muito mais bruscamente, pelo cinto de segurança).
Entretanto, a proteção contra esse tipo de acidente nunca será de 100%. Como evitar que uma mola pulando na pista atinja a cabeça do piloto? Parafraseando Kimi Raikkönen, só com vidro a prova de balas sobre o cockpit, como em aviões de caça.


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