quinta-feira, 6 de agosto de 2020

A INTEGRAÇÃO

Voltando ao CEDOM comento sobre a integração periferia/burguesia.
Não houve o conflito que muitos esperavam no ano de 1972, o primeiro após o vestibulinho. Pelo menos no período noturno.
Muitos trabalhavam e não estavam interessados em atritos de classe.
Mas, lembro bem que os maiores bagunceiros eram aqueles do bairro que já frequentavam a escola.
Neste ponto, a bem da verdade, a integração foi total.

Lembro bem de um sujeito mucho lôco. O Alemão. Era alto e chamava a atenção pelo cabelão. Mas, o lance dele era imitar ambulância no corredor abarrotado de alunos. Na primeira vez muita gente saiu da frente imaginando uma tresloucada viatura avançando pelo corredor. Uma véia funcionária (tadinha) tentava por ordem na turba. Penso que sabia que era o alemão a ambulância mas, nunca o pegou.

A diretorona só aparecia no período noturno quando era para ferrar geral. Quando ela surgia com aquele ar de superioridade a gente sabia que o bicho iria pegar.
Então, quem "diretorava" noturnamente era uma auxiliar com mestrado em sadismo.
Havia uma peculiaridade na figura. Ela ganhou o apelido de Elton John porque usava uns seiscentos e extravagantes óculos. As meninas juravam que ela nunca repetia. Cada dia um. Para riso (interno) geral.
Pompa e circunstância até o dia em que pagou mico. Ou melhor, noite.

Numa ocasião a diretona estava na nossa classe preparando uma suspensão geral. Eram tantas que não lembro o motivo.
Mas, perguntou o porquê de estarmos indignados com a escola. Era, um dos assuntos em pauta.
Tínhamos vários alunos de nível intelectual acima da média.
Não conta um (antigo do GESI) que era um tremendo gozador. Toda noite vinha com uma palavra diferente que enfiava assim que possível nas nossas conversas. Ninguém entendia e ficou com a fama de sabichão. Até o dia (noite) que confessou olhar no dicionário e pegar palavras difíceis só para zoar geral.

Enfim, um dos intelectuais raiz desandou a fazer um discurso coerente para espanto da diretoria lá na frente.
Num dado momento falou que nós, os alunos, tínhamos que ser autodidatas porque o nível dos professores deixava a desejar. Principalmente pelo pouco interesse em ministrar aulas decentes.
Mas, o "autodidata" pegou a "Elton John" no contrapé.
Não sei o que ela pensou. Interrompeu o aluno e disse que ele nem sabia do que falava. E disse "nem sei o que esta palavra significa".
Confesso que também não sabia.
A diretorona explicou, quase gritando, o que significava para uma perplexa professora e encerrou o assunto. Até esqueceu da suspensão geral.
Sei que a "Elton John" ficou sumida um bom tempo.

E, eu enriqueci meu vocabulário.


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