quarta-feira, 17 de agosto de 2016

CAMPEÃO OLÍMPICO

Em tempos de Olimpíadas vamos falar sobre campeões olímpicos.
Não sou fã a ponto de acompanhar todas as modalidades porque sei (sabemos) que o doping é algo real. Está aí a Rússia para não me deixar mentir. Há um certo ar fake nas competições.
Acredito mesmo que alguns atletas são dopados sem perceber. Aqueles shakes maravilhosos após o treino puxado que revigora e carrega a bateria da felicidade.
Mas, um acontecimento recente me surpreendeu. Um exemplo de espírito olímpico e desapego aos recordes pessoais que, afinal, estão aí para serem batidos.
Vimos a final do salto com vara (êpa!) ao vivo e em cores. O jogo de xadrez que se transformou quando sobraram o brasileiro Thiago Braz e o francês Renaud Lavillenie  com a vitória do brasileiro.
Infelizmente a torcida brasileira transforma qualquer coisa em jogo de futebol e, portanto, ganhar roubado é mais gostoso. Vaiar o adversário desrespeitando-o é extremamente constrangedor para quem gosta do esporte limpo e respeitoso.
No caso o Renaud admitiu que as vaias o desestabilizaram. Imaginem um dos patetas contando ao neto, daqui a alguns anos, que ajudou Thiago a ganhar a medalha de ouro apupando o adversário.
Melhor não falar da besteira que o francês disse ao se comparar a Jesse Owens.
O fato é que os dois maiores "puladores" estavam afastados por conta de problemas nos bastidores e a situação só piorou as coisas.
Mas, entrou em cena o maior saltador com vara (êpa!) do planeta. 
Sergei Bubka.
Ele foi treinado pelo grande Vitaly Petrov e saltava para recordes a cada competição. Era dele o recorde mundial desde 1994 de 6,15 m. Foi superado justamente por Renaud no ano passado, 6,16 m.
O brasileiro é treinado por Vitaly. O francês, treinado por Phillipe d'Encausse. O ucraniano poderia dar as costas ao problema mesmo porque seu recorde foi batido pelo inconformado Renaud.
Mas, não. Depois da cerimônia de premiação, com mais vaias ao infortunado francês, reuniu os dois saltadores para uma conversa e explicar o que é o verdadeiro espírito de competição. São grandes saltadores e não podem sair no "tapa" toda vez que se encontram.
Uma lição para todos nós, em verdade.
Sergei Bubka é o grande campeão olímpico. O que resta não é a grande abertura dos jogos ou as transmissões cada vez mais sofisticadas. Esse desapego mostra a grandeza que quem vê no esporte uma maneira de engrandecer a alma.  Ganhou ainda mais minha admiração. 


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