terça-feira, 27 de agosto de 2013

CIDADES ENTUPIDAS

Li o post do chefe sobre locomoções e emoções acerca do tema.
O texto me inspirou a escrever sobre ruas, carros, engarrafamentos e perplexidades acerca do tema.
Quando fui, finalmente, transferido de sampa para rib's escrevi para meus colegas do prédio de vidro (não necessariamente transparente) que levava exatos oito minutos do trabalho para casa. Em sampa uma hora e meia entre vans e metrô.
Este tempo não mudou após dez anos de transferência. Mas, agora vivo uma situação sui generis.
Mudei meu horário de trabalho e, em alguns dias da semana, busco nênes na escola e volto direto da escolinha para buscar a rainha da mansão, que sai uma hora depois do trabalho.
Sim, muitos vão dizer do porquê não sairmos juntos para buscar o neto.
Questão de ocupações profissionais, vamos assim dizer.
O que importa é que saio seis da tarde em direção à escolinha e volto para o mesmo lugar de onde saí.
Nesta abrasiva cidade já existe congestionamentos monstros, dependendo do horário. Claro que, muito mais em função da falta de educação de berço desta gente interiorana. São outros quinhentos.
Vejam, saio seis da tarde e tenho que voltar até sete da noite. Em sampa um horário cruel e quase impossível de ser cumprido.
Em Rib's, apesar do trânsito pesado do horário, tenho que andar a passos de tartaruga. Caso contrário chego cedo de volta ao prédio de onde saí. E, chegar cedo significa tourear o pequeno ser que divide o espaço de aço comigo. Em condições normais de temperatura e pressão essa operação dura quarenta minutos.
Bom, cortando a etapa em que chego na escolinha volto com nênes na cadeirinha. Tenho meia hora de enrolação no trânsito. Enquanto tento atar o cinto de segurança da cadeirinha (praguejando porque quem inventou este cinto não tem criança pequena) Henrique faz suas reivindicações. Naná (a fralda amiga de toda criança com sono), pepetá (chupeta amiga de toda criança com sono), pá (calçado amigo de toda criança com sono), 'guá (água amiga de toda criança com sono) e o choro sem razão de ser.
Saímos finalmente e, se tiver sorte, meu companheirinho ou dorme ou vem quieto olhando pela janela.
Esta situação, de estar com uma criança presa ao banco do carro, aflora em mim algumas paranóias.
Dirijo o mais devagar e atenciosamente possível. Fico pensando em não ter um infarto ou algo do gênero. Bater o carro traria um problema horrível.
Algumas vezes nênes está on fire, como diria o tio dele. Então, não adianta tentar enganá-lo mostrando motos (que adora) ou ônibus e coisas da espécie. Ele só quer chorar e chamar "mamãiê".
Por sorte, na maior parte das vezes reina a paz dentro do carro. Consigo prestar atenção nos malucos do trânsito e ficar longe deles, constato novos buracos nas ruas, detalhes na paisagem antes desapercebidos, e coisas assim.
Sei que, com o passar do tempo Henrique vai crescer e nossa interação vai aumentar. Vamos nos comunicar e a viagem vai ser mais interessante para os dois.
Lembro que buscava o chefe do blog na escola e o papo rolava solto. Um dia percebi que devemos prestar atenção na reação nossa de cada dia. Quando eu avistava um sujeito qualquer usando a rua como banheiro gritava "ô mijão!" Um belo dia vinha com Renato e ouvi aquela vozinha "ô mizão!"
Ele aprendeu comigo a chamar a atenção dos mijões. E, melhor, avistou um e eu não.
Creio que é dessa maneira que os filhos vão ensinando os pais a serem mais adultos.
Espero ter grandes papos com Henrique e incutir nele nossa paixão pela F1. Espero também menos mijões pelas ruas.

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