Não é um post sobre os objetos
voadores não identificados.
Mas, sobre discos de vinil, os
bolachões.
Hoje em dia só os puristas
ouvem/compram os discos de vinil. Aquele chiado característico de muitas e
muitas audições não existem nos mp3 e quejandos da vida. Quanto mais chiados
mais querido o disco.
Não existe mais lavar com detergente
os discos numa tentativa de eliminar os riscos da idade. Ou a gordura dos dedos
dos irmãos menores que não entendiam e pegavam o disco de qualquer jeito. Nunca
mais abrir espaços nas estantes para guardar o novo orgulho da coleção. Para
deixar as visitas mortas de inveja.
Não pensem que sou radical. Tenho
dezenas de pen drives perdidos pela casa cheio das músicas preferidas. E, neste momento ouço o tal do Spotify. Play
list dos anos 80.
Neste ponto entra a beleza e o
romantismo dos bolachões.
O chefe do blog tem dentro de si
um espírito antigo. Gosta de história de maneira geral. Não é à toa que é
especialista em história do direito. Sempre gostou de colocar os vinis para rodar
no “som” de casa, quando mais jovem. O "som" era de 1979, comprado pela rainha da mansão, enquanto solteira..
Quando foi para sampa levou o
“som” de casa e vários discos de vinil.
Discos que vinham desde a década
de 70,
fiquei famoso nas paradas quando consegui comprar este disco |
outros que emprestei e pensei nunca mais ver.
"quase perdi a amizade exigindo o disco de volta" |
Outros que eram um sonho distante por serem caros
um disco viajandão |
Outros especiais.
prefiro a Rita mutante |
well, well, well |
Um deles, o álbum branco, foi presente inesperado de meu irmão no meu
aniversário em 1980. Foi uma trégua nas complicadas relações familiares.
o álbum branco aberto. Notem a heresia no rodapé, "também em cassete" |
E, por aí vai. Lógico que, quando
falo que eram caros penso nos meus rendimentos na época. Nenhum. Então,
reivindicar um disco era uma penosa tarefa. Ainda mais discos de rock. Véio Mero quase tinha um ataque do coração.
Bom, o tempo passou e o “som”
(pick up, caixas enormes, amplificador), de 1979, morreu por falência múltipla dos
órgãos. Desde então o lado de cá do blog ensaiava comprar um “som” retrô de
presente para rodar as relíquias.
Até que resolvemos presentear o
chefe com um som desses no natal passado. Claro, é moderninho e só tem cara de
anos setenta. Tem bluetooth e entradas USB. As caixas são menores. Mas, o som
nos remete aos velhos tempos. De volta os chiados das minhas primeiras
audições. Como minha irmã gosta de lembrar, em sampa, eu colocava as caixas de som no chão
e a cabeça entre elas. Um fone de ouvido gigantesco. Lôcão.
Mas, de dezembro para cá muita
coisa mudou. Renato, o chefe do blog, foi estudar/morar na Alemanha. Com isso, ele e Dani desmancharam o lar que abrigava o casal. Um episódio dolorido para todos. Quase nada foi levado. Algumas coisas foram em direção ao sul. A destinação dos pertences nos brindou
com algumas relíquias.
Não sem um aperto no coração e nó na garganta trouxemos, entre outras coisas, o “som”
moderno e os discos que um dia estiveram na casa paterna, foram para sampa e retornaram. E, outros que Renato adquiriu ao longo dos anos.
Os discos voadores.
Confesso que ainda não tive
coragem de (ainda) rever todos porque trazem lembranças marcantes. O
menino/adolescente/homem buscava refúgio nos sulcos da estrada de vinil sempre
que o mundo se tornava hostil. Quando nuvens negras apontavam no horizonte o
guarda chuva do rock servia de abrigo. Como diz o poeta “metal contra as
nuvens”.
Belíssimo post!!! Assim como o chefe do blog, o colaborador é ótimo em história, principalmente quando se dispõe a contá-las, sempre com humor e profundidade toca o fundo do nosso coração.
ResponderExcluirDesse jeito a rainha da mansão não aguenta...