sábado, 15 de janeiro de 2011

Aderência mecânica

Fórmula-1. Um assunto cada vez menos recorrente neste humilde blog que se propõe a ser sobre... Fórmula-1. Talvez, haja um desinteresse natural quando se percebe que é um mundo dominado por menininhos mimados, como a Prima Donna Afonsina, e por empresas sem o menor comprometimento e respeito pelos princípios mais fundamentais do esporte, como a mamã mafiosa Ferrari.
Na pré-temporada (ainda tem hífen), temos que buscar inspiração em tempos mais românticos para falar de F-1. Então, enquanto eu andava por aí caçando fantasmas, lembrei do GP do México de 1986. Alguma coisa nesta corrida sempre me deixou intrigado. Como que o Berger conseguiu ganhar? É só ler o anuário. Os destaques são sempre os mesmos: Mansell, Piquet, Prost, Rosberg quebrou e Senna. E de repente está lá o Berger, numa equipe que ainda era secundária, ganhando de toda aquela leva de pilotos fantásticos com carros superiores. Como isso, hein?
Fiquei a imaginar se não é porque naquela época dava-se atenção às coisas que verdadeiramente fazem parte do automobilismo: o piloto (não a sua segurança, mas a que velocidade ele podia ir com seu nível de loucura; Berger era, sem dúvida, muito louco e muito rápido); o motor; os pneus.
Os motores tinham trocentos mil cavalos. Empurrava mesmo. E os pneus? Do lado direito traseiro era composto mole, o dianteiro direito era semimole (sem hífen, agora), do lado esquerdo era tudo duro. E vamos tentar chegar assim até o fim da corrida.
Hoje nada disso é possível. Motores e pneus obedecem a um regramento rígido, o piloto é castrado e só pode falar o que pensa e exercer sua loucura quando a mãe liga no seu celular e não tem nenhum outro membro da equipe por perto.
Então, para compensar, inventa-se um pacote aerodinâmico por corrida. Para corrida ter graça para quem investe na coisa, faz-se festas luxuosas, instalações suntuosas dentro de um motor-home. E ninguém lembra do que a coisa realmente se trata: carrinhos coloridos dando voltas em um pedaço de asfalto para ver quem chega primeiro.
Naquele GP do México, Gerhard Berger, com pneus Pirelli e um carrinho bem colorido, chegou na frente de todo mundo. Chegou na frente porque andou mais rápido, com o pneu enorme que ele escolheu, com um motor com trocentos cilindros que a equipe achou conveniente usar. E com um custo módico, se comparado a quanto custa um motor-home de hoje em dia.

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