quarta-feira, 6 de agosto de 2014

MEMÓRIAS

Tenho lembranças do tempo em que, tenra criança, morava em Rib’s antes da família ir para Curitiba. Tinha, portanto, uns quatro anos de idade. Lembro principalmente do calor que queimava meus pés ao andar descalço no asfalto da rua onde morava.
Mas, a memória pode nos pregar peças e embaçar o quadro na parede. Ou mesmo enganar a ponto de não reconhecermos fatos ou pessoas que ficaram pregadas na tal parede da memória durante muito tempo sem uma, digamos, atualização. 
Recentemente me rendi à modernidade e entrei numa rede social muito famosa. Com isso renovei contatos com pessoas que não via desde os anos 70 (do séc passado). 
Pois bem. Em alguns casos não reconheço aquela pessoa dos idos tempos. 
Minha memória marcou a amiga(o) por alguma peculiaridade. Óculos, cabelos (com suas variações), formato do rosto e etc. 
Alguns não usam mais óculos e eu tenho dificuldade em enquadrar e reconhecer a pessoa que ficou na lembrança como alguém que usava este apêndice. Outro com cabelos compridos e enrolados agora os tem curtos. Outros eram mais magros. Recentemente li o comentário de um deles que dizia não me reconhecer porque eu usava cabelos compridos (cortados no banheiro, quando cortados!), barba (meu apelido era barba, por sinal) e óculos (verde musgo. Musgo literal). Hoje nem óculos uso. O susto desse antigo colega foi maior. Assim, o tempo modificou cada um desses antigos companheiros e me deixa aturdido e desconfiado sobre as lembranças das outras pessoas que estão na parede, cada vez mais gasta, da memória (parodiando Belchior). Como estarão as outras que não encontrei recentemente? 
Já fui traído ao assistir antigas corridas de F1 e verificar que os fatos foram um pouco diferentes daqueles das minhas lembranças. Já comentei sobre isto neste blog e com o chefe. Minha particular conclusão é a de que a memória é movediça oscilando de acordo com a preferência de nosso inconsciente.

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