quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Treze horas

O relógio desperta às 5 da manhã, a estrada põe-se a frente e o sono incomoda as pálpebras. 

_ Mas eu trabalho aqui. 
_ Então, pode parar o carro na rua, aí na frente. 

_ Tive que parar o carro na rua, logo ali, olha. Mas eu trabalho aqui. 
_ Em que setor? 

O local tinha um refeitório e era possível almoçar ombro a ombro com seus colegas de trabalho, em perfeita solidão. Sentado à mesa, olhos no prato e olhos que me estranhavam. Havia assuntos variados em mesas esticadas: alguém não gostava de alguém, que havia sido grosseiro e tentado puxar o tapete de alguém. Meus colegas de trabalho, anônimos. 
O dia se arrasta, a noite impõe-se, o cansaço já não deixa a concentração atinar para o trabalho. Melhor ir jantar, o refeitório fecha em 5 minutos. 
Quase tudo vazio e assim também o refeitório. Uma noite quente para a época do ano. Vê-se bem que, aqui, um dia foi um hotel. O pátio em frente ao refeitório convidava para 5 minutos de calma antes de voltar para a salinha em que passara as últimas 13 horas. 
A briza fazia as folhas das árvores roçarem, produzindo um barulhinho aconchegante. Calmamente, um gambá passeava pelo gramado bem aparado. O silêncio e todas as estrelas do céu anunciavam que, em breve, estaria em casa - e a luz não estaria apagada. 

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