quarta-feira, 18 de julho de 2012

DESCOBERTA

Andava entediado com sua vida. Havia transformado em algo previsível e não tinha o controle sobre suas próprias ações robotizado que estava com sua condição.
Nem se mais lembrava quando conheceu alguém interessante a ponto de manter contato que não fosse superficial.
Naquela noite tudo corria como sempre. Após o trabalho saiu com os mesmos os amigos e foram para o lugar de sempre.
Sentaram-se à mesa preferida de um deles. Seu amigo agia como uma sentinela em campo de batalha. Sentava na cadeira empunhando um copo de cerveja como se fosse uma arma narrando o que julgava ser fatos de interesse. Garotas bonitas entrando, pessoas saindo trôpegas e coisas do gênero.
Nesse dia, entre uma cerveja e outra, resolveu que faria algo diferente e inusitado em muitos anos de vida.
Despediu-se dos amigos na entrada da madrugada e resolveu tomar o metrô sem um destino certo. Havia bebido um pouco mais que o normal e sentia-se encorajado para a empreitada que imaginara.
Uma vez no vagão do metrô examinou estações estranhas do seu dia a dia.
Não era difícil porque nunca saía de seu caminho casa/escritório.
Junto ao painel com o nome das estações havia um pequeno mapa dos arredores.
Escolheu uma com ruas de nome interessante.
Desceu e dirigiu-se a uma avenida com visual atrativo.
Andou alguns metros como um explorador adentra ao terreno desconhecido.
Do lado esquerdo avistou um bar de aparência convidativa. Resolveu entrar e fugir da visibilidade da avenida.
Uma vez dentro percebeu que o ambiente era fracamente iluminado, mas, de aparência agradável com um número razoável de pessoas.
Parado na entrada não sabia muito bem o que fazer.  Ao fundo, o balcão de bebidas exigia uma arriscada travessia em meio às mesas.
Olhou para o lado e notou uma jukebox repousando a espera de alguém.
Então, como a fazer um contato com o ambiente, dirigiu-se até a máquina na intenção de escolher uma música que, pensava, refletisse o espírito do ambiente.
Qual música, no entanto?
Era difícil distinguir alguém com aquela iluminação e a torpeza provocada pela bebida.
Um rock clássico sempre ajuda, pensou.
Escolheu uma que sempre o agradou: Rock n Roll all Night do Kiss.
Aos primeiros acordes sentiu um certo peso dos olhares.
Virou-se a tempo de perceber uma massa masculina vindo em sua direção.
As jaquetas de couro e os bigodes clássicos não o enganaram. Pensou ter entrado numa fria.
Naquela noite descobriu o motivo de seu tédio e insatisfação com a vida.
E, uma nova era se abriu para ele.
Hoje, freqüenta o mesmo bar, o Flower Power, e se diverte com seus novos amigos.
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário