Nem se mais lembrava quando
conheceu alguém interessante a ponto de manter contato que não fosse
superficial.
Naquela noite tudo corria como sempre.
Após o trabalho saiu com os mesmos os amigos e foram para o lugar de sempre.
Sentaram-se à mesa preferida de
um deles. Seu amigo agia como uma sentinela em campo de batalha. Sentava na
cadeira empunhando um copo de cerveja como se fosse uma arma narrando o que
julgava ser fatos de interesse. Garotas bonitas entrando, pessoas saindo
trôpegas e coisas do gênero.
Nesse dia, entre uma cerveja e
outra, resolveu que faria algo diferente e inusitado em muitos anos de vida.
Despediu-se dos amigos na entrada
da madrugada e resolveu tomar o metrô sem um destino certo. Havia bebido um
pouco mais que o normal e sentia-se encorajado para a empreitada que imaginara.
Uma vez no vagão do metrô
examinou estações estranhas do seu dia a dia.
Não era difícil porque nunca saía
de seu caminho casa/escritório.
Junto ao painel com o nome das
estações havia um pequeno mapa dos arredores.
Escolheu uma com ruas de nome
interessante.
Desceu e dirigiu-se a uma avenida
com visual atrativo.
Andou alguns metros como um
explorador adentra ao terreno desconhecido.
Do lado esquerdo avistou um bar
de aparência convidativa. Resolveu entrar e fugir da visibilidade da avenida.
Uma vez dentro percebeu que o
ambiente era fracamente iluminado, mas, de aparência agradável com um número razoável
de pessoas.
Parado na entrada não sabia muito
bem o que fazer. Ao fundo, o balcão de
bebidas exigia uma arriscada travessia em meio às mesas.
Olhou para o lado e notou uma jukebox
repousando a espera de alguém.
Então, como a fazer um contato
com o ambiente, dirigiu-se até a máquina na intenção de escolher uma música que,
pensava, refletisse o espírito do ambiente.
Qual música, no entanto?
Era difícil distinguir alguém com
aquela iluminação e a torpeza provocada pela bebida.
Um rock clássico sempre ajuda,
pensou.
Escolheu uma que sempre o
agradou: Rock n Roll all Night do Kiss.
Aos primeiros acordes sentiu um
certo peso dos olhares.
Virou-se a tempo de perceber uma
massa masculina vindo em sua direção.
As jaquetas de couro e os bigodes
clássicos não o enganaram. Pensou ter entrado numa fria.
Naquela noite descobriu o motivo
de seu tédio e insatisfação com a vida.
E, uma nova era se abriu para
ele.
Hoje, freqüenta o mesmo bar, o
Flower Power, e se diverte com seus novos amigos.
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