sábado, 31 de outubro de 2020

PORTEIRA FECHADA

Não lembro quando ouvi a expressão pela primeira vez. Mas, certamente foi por estas bandas interioranas. Conversando com algum conhecido este disse que "fulano comprou uma fazenda com porteira fechada."

Imaginei, no primeiro momento,  como o novo proprietário iria adentrar a fazenda com a porteira fechada. Arrombando a cerca, feito boi sonso. Descobri, no entanto, que significa comprar algo e levar tudo o que tem lá dentro. No caso, bois, casa, plantação e etc.
 
Tivemos outro episódio que ilustra bem o motivo do post.
Já escrevi diversas vezes sobre o famoso "rancho" na beira do rio perto de São Carlos onde a rapaziada da Química ia desopilar o fígado bebendo todas. Sim, meio incoerente desopilar o fígado bebendo todas. Mas, a gente não sabia nada de medicina.
Para chegar até lá tínhamos que atravessar algumas fazendas. Com gado. E, porteiras. 
O filho do dono do "rancho" repetia sempre que deveríamos atravessar as porteiras sem esquecer de fechar. Para o gado não sair por aí dando um rolê.
Então, era assim.
A caravana chegava na porteira. O gado do lado de lá vinha curioso com o pessoal da cidade. O gado do lado de cá vinha curioso com o pessoal da cidade. E, gado do tamanho de elefante. Nosso amigo avisou que o pessoal bovino era do bem (lembra alguma coisa?). Só não avisou que os bovinos eram curiosos. Chegavam perto das janelas e olhavam para dentro como a dizer "e aí, turma?"
Normalmente eu ia sentado no banco do carona e o motorista, cagão, ameaçava buzinar. Vai saber o que aconteceria. Melhor não.
Bom, sempre havia o corajoso (que normalmente já havia ingerido alguma coisa alcoólica) que descia do carro e ia abrir a porteira.
Na primeira vez que fomos gelei com a possibilidade do gado do lado de lá passar para o lado de cá. E, vice-versa. 
E sermos pisoteado pelos elefantes em forma de vacas (e bois).
Mas, nada disso aconteceu. Aberta a porteira o pessoal quadrúpede se afastou, os carros passaram, fechou-se a porteira e tome polca.
Incrível a civilização bovina. Todas as vezes que fomos para lá aconteceu desta forma. Em algumas vezes quase desci para abrir a porteira. Mas, sempre faltava a coragem etílica.
A explicação?
O gado estava acostumado com o movimento. Havia a hora certa de trocarem de pasto, ou algo assim. Antes do tempo certo não passavam de um lado para outro.
Então, sem crise. Eles só eram curiosos.

Perdi o foco do post.
Ah, lembrei.
No caso da F-1 a Alfa Romeo fechou a porteira e o gado que lá estava ficará. Antonio e Kimi não são gado mas, uma boa metáfora.
Williams tentou um acordo com Sergio Perez (um que tem grana para comprar vaga) mas, pelo visto não compensa perder o desconto pelos motores Mercedes. Então, fica com o menino dos lemães George Russel e o endinheirado Nicholas (braço duro) Latife. 
Sobram as vagas da Haas e uma da Red Bull, uma da Alpha Tauri (vão defenestrar o mal educado russo) e outra da Mercedes (ah ah).
Uma das vagas da Haas parece destinada ao schuschuzinho impulsionado pelo sobrenome. 
O resto está lá na porteira esperando para ver o que acontece.

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